- Entre outubro e dezembro do ano passado, o “roxinho” apresentou um ROE ajustado anualizado de 9% para a Nu Holding e 40% na operação brasileira
- Contudo, o Santander afirma que esses indicadores deveriam ser de 5% e 11%, respectivamente
- Isto porque a fintech estaria subestimando alguns fatores que podem impactar a operação, como as provisões para a inadimplência. Além disso, a baixa alocação de capital na vertente brasileira teria ajudado a aumentar o ROE
O Santander divulgou um relatório no início da semana em que questiona alguns números apresentados pelo Nubank (NUBR33) no 4º trimestre de 2022.
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O principal deles é o Return on Equity (ROE), que é o retorno sobre o patrimônio líquido, indicador que mede a rentabilidade da empresa.
Entre outubro e dezembro do ano passado, o “roxinho” apresentou um ROE ajustado anualizado de 9% para a Nu Holding e 40% na operação brasileira – neste último, o número representa dobro do apresentado pelos “bancões” tradicionais.
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Contudo, o Santander afirma que esses indicadores deveriam ser de 5% e 11%, respectivamente.
Isto porque a fintech estaria subestimando alguns fatores que podem impactar a operação, como as provisões para a inadimplência. Diferentemente dos grandes bancos, o Nubank possui uma carteira de crédito majoritariamente composta por pessoas físicas de renda mais baixa, que é um público cuja inadimplência costuma ser maior. Principalmente em um cenário de juros altos.
Entretanto, a cobertura da instituição financeira para perdas é de 12,5%. Na visão do Santander, deveria ficar em 13%, com perspectiva de aumento para a faixa de 15% e 20%. Outro fator justificaria um ROE menor seria o baixo capital alocado na operação brasileira, de menos de um terço do patrimônio líquido da Nu Holding, mesmo que a subsidiária local corresponda a 90% das receitas do Nubank.
Com um capital menor na vertente brasileira, o ROE da NuBrazil ficaria superestimado, uma vez que o cálculo é feito dividindo lucro pelo patrimônio. “Achamos estranho que o Nubank tenha alocado apenas um terço de seu capital social para a operação brasileira. Não faz sentido para nós”, afirmam Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, analistas que assinam o relatório do Santander. “Acreditamos que seria justo que a operação do Brasil representasse pelo menos 80% (ou US$ 4,0 bilhões) de seu capital alocado.”
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Segundo Guilherme Lago, CFO do Nubank, não há motivação para alocar mais capital na operação brasileira, que já está enquadrada regulatoriamente, com o Índice de Basileia de 10,5%, em linha com a média do mercado.
“Se colocássemos US$ 2,5 bi a mais, como ele fez no relatório, isso levaria nosso índice Basileia para mais de 35%,” disse o CFO, em entrevista ao BrazilJournal. Outro ponto é que esse capital mais renderia receitas, derivada de aplicações em títulos públicos.
Fora esses fatores, o teto de 0,7% para a tarifa de intercâmbio (TIC) cobrada na emissão de cartões pré-pagos deve reduzir a receita do Nubank em 3%, segundo cálculos do Santander. Adicionalmente, corre uma projeto de Lei para limitar a taxa de juros do crédito rotativo a 8% ao mês (151,8% ao ano), o que poderia resultar na redução de 17% das receitas do Nu, considerando como parâmetro o 4º trimestre de 2022.
“Acreditamos que o Nubank é um case de sucesso e um modelo a ser seguido. Não podemos contestar a disrupção e a inovação que a empresa trouxe para o setor, desafiando os titulares e mostrando aos novos entrantes o que é possível. Acreditamos na tendência ascendente do ROE da Nu, mas é incoerente com o atual nível de valorização”, dizem os analistas.
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Por último, as despesas também poderiam estar subdimensionadas na operação brasileira, já que a fintech não discriciona esses custos por subsidiária.