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Separação de empresas: vantagem ou prejuízo para os acionistas?

A separação pode ser difícil para as pessoas, mas para empresas gigantes é a última moda hoje em dia

Separação de empresas: vantagem ou prejuízo para os acionistas?
A GE foi a empresa mais valiosa dos Estados Unidos durante boa parte da década de 1990. Foto: Thibault Camus/AP
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  • Somente em novembro, a IBM se desmembrou em duas empresas distintas e mais três gigantes – Toshiba, Johnson & Johnson e General Electric – anunciaram planos de também se separarem
  • Não há como saber se essas divisões funcionarão melhor para os acionistas do que se mantivessem as empresas unidas

(Allan Sloan, WP Bloomberg) – A separação pode ser difícil para as pessoas, mas para empresas gigantes é a última moda hoje em dia.

Somente em novembro, a IBM se desmembrou em duas empresas distintas e mais três gigantes – Toshiba, Johnson & Johnson e General Electric – anunciaram planos de também se separarem.

Isso está sendo feito em nome do “valor para o acionista”, que é a expressão de Wall Street para “um preço mais alto das ações”. A teoria é que as novas empresas, desmembradas dessas megaempresas, valerão mais do que se a empresa continuasse como uma só.

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Não há como saber se essas divisões funcionarão melhor para os acionistas do que se mantivessem as empresas unidas. Tudo está sendo feito na base da fé.

Vejamos brevemente a única divisão que já foi concluída: a divisão da IBM de seu negócio de provedor de serviços gerenciados, que agora se autodenomina Kyndryl. (Não, isso não é erro de digitação). Da última vez que olhei, as ações da Kyndryl caíam cerca de 30% em relação ao que caíram em 4 de novembro, quando começaram a ser negociadas. Isso não é encorajador.

Não tenho como saber como serão as três separações pendentes, pelo menos porque algumas fases desse processo não serão concluídas até 2023.

A Toshiba, que está se separando sob pressão de acionistas ativistas, não se saiu muito bem no mercado de ações. Não vejo nenhuma razão em particular para as novas empresas da Toshiba se saírem melhor do que o todo.

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A J&J está apostando que suas duas empresas distintas – a de produtos de consumo que está se desmembrando e os negócios de medicamentos e dispositivos médicos que está mantendo – terão proporções de P/L mais altas do que a empresa toda tem agora.

Mas a separação só será concluída no prazo de 18 a 24 meses, de acordo com o cronograma anunciado pela empresa. Boa sorte ao prever os ganhos e as relações P/L que as empresas de produtos de consumo e farmacêuticas terão em 2023.

A única empresa que aposto que será bem-sucedida na separação é a GE. Digo isso porque tenho muita confiança em seu executivo-chefe, Larry Culp, cuja hábil negociação ajudou a liderar a transformação bem-sucedida da Danaher (empresa na qual tenho uma participação significativa) de um conglomerado de fabricação razoavelmente bem-sucedido em um conglomerado de cuidados com a saúde altamente bem-sucedido.

Culp foi nomeado presidente-executivo da GE há três anos, seis meses após ser convidado a fazer parte do conselho de diretores da empresa. Ao contrário dos chefes das outras três empresas que estamos discutindo, Culp é um outsider. O que, no caso da GE, é uma coisa boa.

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Aqui está o porquê. Sob o regime de 20 anos do falecido Jack Welch, a GE cresceu caoticamente, tornando-se uma empresa industrial gigante, uma empresa financeira gigante e uma empresa de mídia muito grande. Welch pregou as virtudes do controle centralizado e das finanças centralizadas – o oposto da atual abordagem de desmembramento.

A GE foi a empresa mais valiosa dos Estados Unidos durante boa parte da década de 1990, e muita gente se reunia para estudar suas técnicas financeiras e de gestão.

Welch, que deixou o cargo em 2001 e morreu no ano passado, era considerado um gênio por reunir um enorme grupo de negócios não correlacionados e atingir suas metas de lucro em quase todos os trimestres. A revista Fortune o elegeu gerente do século em 1999.

Quando o sucessor escolhido a dedo por Welch, Jeff Immelt, tentou racionalizar a empresa, os problemas começaram a surgir. No pânico financeiro de 2008 e 2009, a GE precisava tanto de uma dispendiosa injeção de US$ 3 bilhões da Berkshire Hathaway de Warren Buffett como de garantias federais de parte de sua dívida para se manter à tona.

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Culp havia se tornado um gerente de enorme sucesso ao defender a administração enxuta, baixos custos indiretos e negociações inteligentes, embora nem mesmo ele pudesse consertar a burocracia e os inflados problemas operacionais da GE.

Suspeito que as três empresas separadas terão um desempenho melhor do que a GE teria se continuasse a caminhar tropegamente, mas como disse, não há como saber.

Quando comecei a examinar esses quatro desmembramentos, notei vários outros bons exemplos de movimentação de negócios que foram populares e pareciam fantásticos no papel, mas que não funcionaram na prática.

Vejamos a AT&T, que há três anos decidiu adicionar programação ao seu negócio de distribuição e se tornar um grande player no universo do streaming.

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A empresa desembolsou US$ 102 bilhões para comprar a Time Warner, cujos acionistas na época me incluíam. Opa! A AT&T está descarregando o que agora chama de WarnerMedia em uma nova empresa e terminará com cerca de US$ 60 bilhões a menos do que pagou. Isso, por sua vez, forçará a AT&T a cortar seus dividendos no próximo ano, infligindo sérios danos aos investidores de varejo que dependiam dela para uma receita confiável e sempre crescente de dividendos.

Em seguida, vemos a Zillow, que parecia estar surfando numa tendência popular ao comprar e vender milhares de casas enquanto os preços das casas nos Estados Unidos subiam dois dígitos. Embora a Zillow tenha falado muito sobre a estratégia, ela não foi executada. Recentemente, abandonou a atividade de venda de casas e registrou perdas de cerca de US$ 800 milhões.

Devido à proximidade com o Dia de Ação de Graças, eu poderia apresentar exemplos adicionais os quais chamaria de “perus de negócios” se o clichê não assustasse algumas pessoas.

Mas, por ora, espero que o leitor tenha entendido o que quero dizer. Você deveria examinar as empresas uma por uma, em vez de entrar no burburinho do dia. E também deveria se lembrar que a tendência do momento pode ser o lixo de amanhã.

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Nota de esclarecimento: Tenho uma participação significativa na Johnson & Johnson e pretendo mantê-la com a nova J&J. Tenho uma pequena participação na General Electric e provavelmente irei vender as ações que não são de aviação geradas pela empresa e colocar os montantes na GE Aviation, que Larry Culp deverá comandar. Não tenho ações da AT&T desde junho de 2018, quando vendi as ações e troquei por minhas ações da Time Warner.

Tradução: Anna Maria Dalle Luche

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