- Elon Musk lançou seu terceiro plano mestre para a Tesla, com o objetivo de baratear o preço dos carros elétricos
- O mercado recebeu bem a notícia, e as ações da Tesla vivem alta na bolsa
- Dos 48 analistas que cobrem a Tesla, 30 agora recomendam a compra das ações da montadora
A nova onda de entusiasmo do mercado de ações pela Tesla (TSLA34) foi a teste nesta quarta-feira (1.º), quando Elon Musk revelou seu mais recente e badalado “plano mestre” para a fabricante de veículos elétricos. As expectativas vinham aumentando continuamente antes do evento, com vários analistas de Wall Street mais otimistas em relação às ações, levando a proporção de recomendações de compra dos papéis da Tesla para o maior patamar em mais de uma década. No entanto, após um aumento de 70% em apenas dois meses, quaisquer ganhos adicionais talvez exijam mais do que o CEO da empresa apresentou.
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Durante evento do Dia dos Investidores, Musk reivindicou uma transição total para veículos elétricos e US$ 10 trilhões em gastos para criar um “futuro energético sustentável”. Segundo ele, os recursos seriam utilizados como gastos de capital para cobrir a mineração e refino de matérias-primas, juntamente com o desenvolvimento de armazenamento e baterias de veículos. A transição defendida pelo CEO da Tesla inclui a matriz energética de casas, empresas, indústrias, transporte de cargas e aviões.
No início de fevereiro, Musk tuitou que o evento de 1.º de março seria a respeito “do caminho para um futuro energético totalmente sustentável para a Terra”. Logo após a apresentação do executivo, as ações da Tesla despencaram mais de 5% no after hours de Nova York. Nesta quinta-feira (2), os papeis da companhia estavam cotados a US$ 190,90 na Nasdaq, o que representava um recuo de 5,85% em relação ao fechamento do pregão anterior.
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“Dado o aumento das ações no acumulado do ano, acreditamos que o sarrafo ficou mais alto para a próxima reunião da diretoria com os principais investidores – provavelmente preparando o evento para uma reação de ‘vende no fato’”, escreveu o analista do Barclays, Dan Levy, em nota publicada na segunda-feira, às vésperas do evento. Levy, que tem o equivalente a uma classificação de compra das ações da montadora, esperava que o evento reforçasse “a oportunidade de longo prazo antecipadamente para a Tesla”.
As ações da montadora proporcionaram uma experiência vertiginosa nos últimos 18 meses. No ano passado, elas despencaram abruptamente conforme o aumento das taxas de juros afetava o crescimento das ações, reduzindo a capitalização de mercado da empresa, outrora acima de US$ 1 trilhão, para menos de US$ 350 bilhões no início de janeiro.
Entretanto, desde então, as ações passaram por uma grande reviravolta em meio a uma recuperação no apetite dos investidores por ações de crescimento e sinais de que a demanda pelos carros da Tesla está melhorando. Essa visão foi corroborada pelos resultados melhores que o esperado do quarto trimestre da fabricante de veículos elétricos e de uma ação do governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para aumentar os créditos fiscais de veículos elétricos. A Tesla está chegando perto da capitalização de mercado da Berkshire Hathaway e, caso a ultrapasse, ela se tornará a quinta empresa mais valiosa do país.
Todos esses fatores reforçaram o otimismo dos analistas em relação às ações. Dos 48 analistas que cobrem a Tesla, 30 recomendavam a compra dos papéis da montadora até o evento, a maior proporção desde outubro de 2012.
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Durante o lançamento do chamado terceiro plano mestre de Musk nesta quarta-feira (os outros foram divulgados em 2006 e 2016), os analistas esperavam atualizações para a tecnologia de baterias da empresa, informações sobre sua capacidade instalada e, o mais importante, o anúncio de um veículo mais barato. Entretanto, após o evento com investidores, a Tesla afirmou que veículos da nova geração devem ser produzidos em uma “data posterior”.
No início deste mês, o volume de opções de ativos em contratos da Tesla, principalmente opções de compra, atingiu o maior nível desde abril de 2022 em uma base contínua de 20 dias, segundo os dados compilados pela Bloomberg. Porém, os rápidos aumentos consecutivos das ações, junto com o crescimento das expectativas, podem limitar novos ganhos, pelo menos no curto prazo.
Em parte, isso ocorre porque as ações estão ficando caras outra vez ao serem negociadas a cerca de 52 vezes o lucro esperado, em comparação com 23 vezes para o índice Nasdaq 100 e 29 vezes para o índice NYSE FANG+, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Os analistas também estão chamando a atenção para alguns sinais de alerta: apesar de uma pausa no rali recentemente, os papéis da Tesla ainda estão sendo negociadas perto da região técnica de overbought, ou sobrecompra, sugerindo que quaisquer ganhos significativos provavelmente vão encontrar alguma resistência.
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Os repórteres da Bloomberg Elena Popina e Subrat Patnaik contribuíram com esta matéria. Com informações da Dow Jones Newswires