Amigos gravam vídeo para o TikTok (Foto: Envato Elements)
O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite desta terça-feira (23) a proibição do TikTok no país. O projeto segue agora para a sanção do presidente Joe Biden. Uma vez assinada, a proposta daria à empresa controladora do TikTok cerca de nove meses para vender o aplicativo extremamente popular ou enfrentar uma proibição nacional, um prazo que o presidente poderia estender por 90 dias se a venda estiver em andamento. A companhia pertence a ByteDance, que tem o chinês Zhang Yiming como acionista majoritário, com 20% de participação. A empresa ainda tem outros investidores de referência como BlackRocke SoftBank.
Em meio a especulações da saída da rede social dos EUA, alguns investidores já avaliam a venda da participação na empresa. Segundo informações do portal norte-americano especializado em tecnologia The Information, a Notable Capital e a G42 venderam suas participações na ByteDance. Outras empresas, como a Sequioa Capital, também já avaliam o movimento.
Na visão de Rodrigo Negrini, especialista em finanças e CEO da Soul Capital, a venda está atrasada, visto que a lei já havia sido discutida na Câmara e causado uma depreciação no valor dos ativos da ByteDance. “Eu não venderia pelo fato de que alguém vai ter que comprar a rede social nos EUA. Essa venda antecipada faz com que esses acionistas de venture capital tenham um retorno menor sobre o capital empregado na companhia”, diz Negrini.
Pedro Lang, especialista da Valor Investimentos, aponta que essa tensão política deveria fazer com que os investidores de private equity e venture capital mantenham suas posições até o fim da turbulência. Vale lembrar que o segmento de venture capital consiste no investimento minoritário em empresas com objetivo de ter as ações mais rentáveis até que elas cheguem a um ponto de valorização. “Se a empresa lucrou com a operação, não há nada de errado”, argumenta.
Ainda que a ByteDance tenha a BlackRock e o SoftBank como acionistas de referência, os analistas lembram que investir em venture capital exige cautela. “O SoftBank faz aportes em várias empresas que quebram e viram pó no meio do caminho e em outras que subiram muito e acabaram superando as perdas das que derreteram”, afirma Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.
Quem ganha e quem perde com a proibição do TikTok nos EUA
Os especialistas apontam dois pontos fundamentais sobre o caso. Segundo Rodrigo Negrini, a tendência de lucro nesta situação fica para o provável comprador do TikTok. “Isso acontece porque a empresa será vendida de forma mais barata devido à pressão do governo americano. Ou seja, quem se dispor a comprar para evitar o banimento tende a pagar um preço descontado por uma empresa que entrega boas receitas e tem uma boa lucratividade”, argumenta Negrini
Ele também diz que ainda não há nenhum potencial comprador para a companhia, mas que esse investidor tende a aparecer. “Se ninguém quiser comprar o TikTok, a empresa também deve deixar um vácuo no mercado, que será ocupado pelas big techs americanas. Alguém vai acabar lucrando”, salienta.
Outro ponto levantado pelos analistas é que o dono do TikTok e a população dos EUA podem ser os mais prejudicados por essa intervenção do estado americano na economia. Meira comenta que a decisão não respeita os preceitos de livre mercado, o que é negativo para os negócios do TikTok.
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Em paralelo, a decisão política favorece forçadamente ou um potencial comprador americano do TikTok ou as big techs dos EUA por um vácuo a ser gerado no mercado sem o aplicativo. Tudo isso é feito em detrimento de Zhang Yiming, dono do TikTok, que vê seu patrimônio prejudicado por retaliações vistas como “descabidas” por parte dos analistas.