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Viajar para o Chile por R$ 1 mil? Como uma aérea low cost torna isso possível

Confira o bate-papo do E-investidor com Victor Mejía, diretor comercial da JetSmart

Viajar para o Chile por R$ 1 mil? Como uma aérea low cost torna isso possível
Foto: Hannah Mckay/Reuters
  • A companhia aérea JetSmart inaugurou uma nova linha aérea que liga o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, até Santiago, no Chile
  • Com cinco voos semanais, a ideia da empresa é transportar até 77 mil passageiros por ano
  • Empresa quer passar a fazer um voo por dia e consolidar a integração dos países da América do Sul a preços mais baratos

A empresa aérea de baixo custo JetSmart acaba de dar mais um passo para ampliar a oferta de rotas “low cost” no Brasil. Na última semana aconteceu o primeiro voo da chilena que ligará o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, até Santiago, no Chile.

Com uma frequência de cinco voos semanais na primeira fase, a aérea tem a expectativa de transportar 77 mil passageiros por ano somente nessa linha. A partir de julho, a companhia deve oferecer um voo por dia entre as cidades com tarifas a partir de R$ 500 o trecho.

O lançamento reforça o plano ambicioso de consolidação de novos trechos na América do Sul. Controlada pelo fundo de investimentos norte-americano Indigo Partners, sediado em Arizona, nos Estados Unidos, a empresa tem hoje cinco rotas ligando o Brasil à Argentina, Uruguai e Chile.

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“Temos um grande foco no Brasil para voos internacionais. O País é muito atrativo e vemos que há diferentes regiões que requerem conectividade”, diz Victor Mejía, diretor comercial da JetSmart.

A estratégia de crescimento faz sentido. Dados da consultoria alemã Statista mostram que as viagens de turismo seguem em trajetória de alta América Latina, com projeção de alta de 60% nas receitas em 2023 – mesmo patamar pré-pandemia. No caso do Chile, a expectativa é de um crescimento superior a 32%, com uma receita de US$ 2,9 milhões.

Os números são ainda mais surpreendentes no Brasil. Por aqui, a receita com reservas de cruzeiros, hotéis e pacotes turísticos deve atingir cerca US$ 16,3 bilhões neste ano, acima dos US$ 13,1 bilhões do ano passado.

Com um apetite maior pelas viagens, Mejía diz que a companhia tem trabalhado com as autoridades e os aeroportos para descobrir a melhor maneira para ofertar voos domésticos no Brasil. ” Se entendermos que é possível implementar nosso modelo de baixo custo e tivermos o apoio das autoridades, pode acontecer”, diz.

E-Investidor – Qual é o diferencial da JetSmart em relação às companhias aéreas de baixo custo? 

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Victor Mejía – A nossa oferta de produtos é muito simples, porém consistente e com preços atrativos para os nossos clientes. O que nós oferecemos é a oportunidade de comprar uma passagem em uma aeronave completamente nova pelo menor preço possível por toda América do Sul.

É correto dizer que os brasileiros podem esperar por voos mais baratos para o Chile?

Em função do nosso modelo de negócios e custos operacionais, podemos oferecer preços até 35% abaixo dos concorrentes. Estamos focados em aumentar o tamanho do mercado.

A flutuação do preço do querosene para a aviação é um desafio pra uma empresa low cost. Como manter a lucratividade?

Os preços dos combustíveis são importantes na estrutura de custos de todas as companhias aéreas. Por um lado, a situação não é boa quando preço sobe porque se traduz diretamente no preço da passagem aérea. E essa é uma consequência para os nossos consumidores. Por outro lado, todas as companhias aéreas são afetadas pelos mesmos preços de combustível. Portanto, não há uma vantagem ou desvantagem para ninguém, especificamente porque enfrentamos o mesmo aumento de custo.

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Então como o JetSmart consegue oferecer preços mais baixos?

Nós fazemos muitos investimentos em tecnologia. Além disso, temos a grande vantagem de fazer parte do fundo de investimentos Indigo Partners. Em paralelo, já compramos aeronaves para o ano todo e essa é uma das vantagens que temos em termos de disponibilidade de aeronaves no menor preço possível. Ou seja, temos tecnologia de ponta aos melhores preços. Outra vantagem é que investimos fortemente em tecnologia para que reduzir o nosso preço de operação para que os passageiros não sofram tanto. São por meio dessas pequenas que conseguimos preços menores.

A rota atual consiste em cinco voos por semana entre São Paulo e Santiago, com projeção de voos a partir de julho. Há essa demanda para o Chile?

Definitivamente. Nós temos um mercado fortemente estabelecido entre Chile e Brasil. É preciso lembrar que o chileno é grande fã das praias brasileiras durante o verão. Do lado oposto, há um grande interesse do brasileiro nas regiões de vinhos e com a neve para esquiar no Chile. Além disso, há um fluxo bem consistente de viajantes fazendo negócios entre os dois países. O Chile é um destino plural, com passageiros dos dois lados viajando com propósitos diferentes.

Qual é o foco da estratégia de crescimento da JetSmart?

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Trazemos conectividade não apenas para as cidades ou capitais dos países em que já operamos. Procuramos oportunidades de “rotas inteligentes” para operar em locais que normalmente não têm conectividade. Ou seja, em rotas não tradicionais que não possuem oferta de conexão aérea, mas que atendem mercados secundários e possuem necessidades de conectividade. Estes são voos que analisamos para decidir onde há uma boa oportunidade de mercado.

A JetSmart está considerando operar voos domésticos no Brasil?

Temos planos de longo prazo para a América do Sul. Temos um plano agressivo já comprometido com 124 aeronaves a serem usadas a partir de agora até 2028. Por ora, iniciamos a operação doméstica com o Chile, Argentina e Peru e também já anunciamos nosso interesse em voos domésticos na Colômbia até o final deste ano. Estamos de mãos cheias. Por ora, temos um grande foco no Brasil para voos internacionais. O País é muito atrativo e vemos que há diferentes regiões requerem conectividade. Nós definitivamente vamos continuar observando de perto para decidir o melhor momento para começarmos nossa operação doméstica.

Então a operação de voos domésticos no Brasil não faz parte desse plano agressivo? 

Continuaremos analisando atentamente e trabalhando com as autoridades e os aeroportos para descobrir a melhor maneira de fazer isto. Se entendermos que é possível implementar nosso modelo de baixo custo e tivermos o apoio das autoridades, pode acontecer. Temos acompanhado as notícias sobre as mudanças na regulamentação discutidas no Congresso brasileiro sobre o despacho gratuito de uma bagagem. Isso definitivamente vai contra o nosso modelo e este tipo de mudança seria uma limitação para nós.

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Há outros desafios para operar no Brasil?

Tem pontos positivos e alguns desafios. Do lado positivo, foi feito muito trabalho na última década em relação a todas as concessões e investimentos em diferentes aeroportos da região, o que vemos com bons olhos. Além disso, a redução das taxas internacionais definitivamente está de acordo com nosso modelo de baixo custo para os clientes. Temos alguns desafios no Brasil em relação à sazonalidade em alguns destinos mais quentes, o que poderia tornar um desafio para manter uma rota que dure o ano inteiro. Outra questão é a possível mudança nas regras, como comentei. É algo que não esperamos que aconteça. Vemos alguns desafios, mas, no geral, há um cenário positivo para a indústria aérea no Brasil.

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