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O que esperar das ações do BTG após aquisições em série?

Banco comprou recentemente grandes players, entre eles Empiricus e Vitreo. Entenda o reflexo nos papéis

O que esperar das ações do BTG após aquisições em série?
Banco BTG Pactual (FOTO:Divulgação)
  • Atualmente o BTG Pactual (BPAC11) é o grande ‘serial buyer’ (comprador em série) do mercado brasileiro
  • O apetite voraz do banco no mercado rendeu até mesmo memes e piadas na internet
  • Com todas as novidades, precificar os papéis está sendo um desafio para os especialistas de mercado

O BTG Pactual (BPAC11) é o grande ‘serial buyer’ (comprador em série) do mercado brasileiro. Somente nos últimos três meses, para ficar em alguns exemplos, o banco adquiriu a fintech Kinvo Tecnologia por R$ 72 milhões, a Fator Corretora, cujo valor não foi revelado e concluiu a aquisição de participação relevante no Banco Pan.

No movimento mais recente, a instituição comprou o Grupo Universa, dono de companhias como Empiricus e Vitreo. A aquisição será feita por um montante de R$ 690 milhões, dos quais R$ 440 milhões serão pagos em dinheiro e R$ 250 milhões em units BPAC11. Sem contar o avanço sobre os escritórios de agentes autônomos.

Grandes escritórios como EQI Investimentos, EWZ Capital e Acqua Vero, agora estão associados ao BTG Pactual. O apetite voraz do banco no mercado rendeu até mesmo memes e piadas na internet.

Como ficam as ações?

Como reflexo de toda essa movimentação, as units BPAC11, cotadas atualmente a R$ 122,18, estão em alta de 31% em 2021 e de 105,66% nos últimos 12 meses. Quando é feito o recorte de um prazo mais longo, a escalada dos papéis fica ainda mais visível. Há dois anos, em maio de 2019, era possível comprar as ações por R$ 46.

Para João Rafael Araujo, sócio-líder de transações da Grant Thornton Brasil, o banco caminha para ampliar a presença entre os investidores de varejo por meio de aquisições estratégicas. “É um movimento forte que busca aumentar a base de clientes. E a Empiricus tem uma penetração muito grande nesse público de varejo. A ideia é que esse sucesso [da Empiricus] em gerar base de clientes e ativos sob custódia se repita dentro do ambiente do BTG”, explica.

Essa também é a opinião de Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos. Segundo o especialista, até o final do ano passado existia uma grande diferença de valor de mercado entre o BTG e as demais instituições financeiras, principalmente em relação à XP, principal rival.

“[No final de 2020] O BTG digital ainda estava em período muito inicial como plataforma de investimentos. Então a estratégia foi adquirir empresas que pudessem viabilizar e ganhar tração e escala nesse negócio”, afirma Akamine. “Com as compras, o mercado foi reavaliando o valor do banco, tirando a diferença em relação aos demais.”

A empresa de André Esteves teria chegado ao valor de R$ 113,59 bilhões, batendo os R$ 113,56 bilhões atribuídos à XP, como publicou Lauro Jardim em O Globo.

Precificação é desafio

Um dos poucos riscos que poderiam afetar a caminhada do BTG Pactual seria um descontrole ou falta de critério do próprio banco nas aquisições. Contudo, segundo Carlos Daltozo, head de renda variável da Eleven Financial, não é esse o caso.

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Para o especialista, os gestores da instituição tem um direcionamento claro, focados no nicho específico de digitalização bancária. A empresa estaria muito bem posicionada para capturar essa nova onda de investidores pessoas físicas usufruindo de produtos mais sofisticados, fenômeno também chamado de ‘financial deepening’ (aprofundamento financeiro).

Com todas essas novidades, precificar os papéis está sendo um desafio. “O banco está em um ciclo virtuoso muito grande. Faz captação por follow on, depois faz aquisições, aí seis meses depois levanta mais dinheiro e compra de novo”, afirma Daltozo. “Para nós, que trabalhamos com precificações de ações, está difícil justamente por essa série de aquisições recentes, que não dá para saber até onde vai chegar.”

Na visão de Daltozo, o BTG Pactual é um modelo a ser seguido pelo mercado em termos de soluções e aperfeiçoamento do atendimento aos clientes. “Uma das marcas do banco é a criatividade, então eles vêm com soluções novas e criativas, como a questão de transformar a EQI Investimentos, escritório de agentes autônomos, em corretora”, explica.

Paloma Brum, analista da Toro Investimentos, ressalta que apesar da operação no varejo ser incipiente, a cultura de meritocracia, com o programa de partnership (no qual os executivos também são sócios do banco), é um diferencial competitivo em relação aos outros players. “Entendo que o Banco está preparado para a transformação digital, com capacidade para competir com outros bancos e fintechs. Considero que o segmento de varejo pode destravar bastante valor para o Banco, pois a entrada do BTG no segmento cria um grande potencial de cross-selling para as áreas de Asset Management, Wealth Management e Corporate Lending”, afirma Brum.

A Toro tem recomendação de compra para BPAC11, com preço-alvo de R$ 140, isto é, um salto de 14,75% em relação ao patamar hoje. Já a Eleven Financial tem recomendação de compra, mas com preço-alvo de R$ 134, que já está em revisão. “Não estão refletidos as últimas movimentações e aquisições”, diz Daltozo.

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Na Guide Investimentos, as ações do BTG Pactual são top picks no segmento bancário. “O banco tem o objetivo de se capitalizar, mostrar para o mercado que a capitalização serviu para uma aquisição interessante e depois capitalizar de novo. E o mercado está comprando a ideia”, conclui Henrique Esteter, analista da casa.

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