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Comportamento

“O que o seu dinheiro financia?”, questiona Joan Melé

O banqueiro catalão defende a ética nos bancos e o uso consciente do dinheiro

“O que o seu dinheiro financia?”, questiona Joan Melé
Joan Melé é um dos precursores da Banca Ética Latinoamericana, que acaba de abrir um escritório em São Paulo. Foto: Banca Ética
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  • Melé é presidente da Fundação Dinheiro e Consciência, palestrante internacional e ex-diretor do Triodos Bank, na Espanha
  • “O motor da América Latina é o Brasil. E São Paulo é a capital latino-americana das finanças e da economia”, afirma
  • "Essa é uma oportunidade para encontrar um sentido maior. Muitos se sentem mal de só ganhar dinheiro e querem fazer algo mais"

Com a sabedoria de quem trabalhou mais de quatro décadas na área bancária, o economista e banqueiro catalão Joan Antoni Melé propõe refletir sobre como as pessoas podem contribuir para melhorar o mundo mediante o uso consciente do dinheiro. Além disso, defende o desenvolvimento de uma economia ética e sustentável.

Melé é presidente da Fundação Dinheiro e Consciência, palestrante internacional e ex-diretor do Triodos Bank, na Espanha. Aos 70 anos, mas com a força de um jovem de 25, como ele faz questão de pontuar, é um dos precursores da Banca Ética Latinoamericana, que acaba de abrir um escritório em São Paulo. “O motor da América Latina é o Brasil. E São Paulo é a capital latino-americana das finanças e da economia”, afirma.

A Banca faz parte de um grupo financeiro regional com o propósito de conectar o dinheiro do “investidor consciente” a empresas com impacto positivo em toda a América Latina. Melé veio ao Brasil para conhecer a equipe de especialistas. Com um pipeline de empresas mapeadas, atualmente sob análise de impacto e risco, a expectativa é anunciar os primeiros aportes no País em até dois meses, quando o modelo de negócios será apresentado ao mercado.

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A Banca Ética Latinoamericana integra o movimento dos chamados bancos éticos, nascido no fim dos anos 1960 e que ganhou força com a fundação do banco holandês Triodos Bank. Criada em 2013, em Santiago do Chile, a Banca atua em três grandes áreas da economia: educação, desenvolvimento social e meio ambiente. Entre seus princípios estão critérios explícitos de investimento e não investimento, transparência sobre os investimentos e uma governança atenta ao seu propósito.

Do ponto de vista do investidor, trata-se também de uma quebra de paradigmas, pois na medida em que informações sobre o que se financia e para qual finalidade, por exemplo, são agregados questionamentos financeiros tradicionais, como rentabilidade, risco e lucro. “O que o seu dinheiro financia?”, questiona Melé.

De acordo com o economista, à medida em que estruturas ágeis de financiamento avancem nos territórios latino-americanos e um banco regulado seja instalado no Chile, cujo processo já está em andamento, a Banca pretende ser uma força-motora e inspiração para uma nova economia que gere riqueza para todos.

Em entrevista exclusiva ao E-Investidor, Melé falou sobre o movimento dos bancos éticos, a expansão da Banca Ética na América Latina, desafios, investimentos e esperança em um outro mundo possível.

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Como e quando surgiu o movimento dos bancos éticos?

Joan Melé: O primeiro caso de banco ético foi um projeto de estudantes de 17 anos de uma escola Waldorf na Alemanha, em meados de 1965. Mas esse movimento ficou forte mesmo quando veio a Guerra do Vietnã, que provocou uma mudança na sociedade norte-americana. Foi a primeira guerra televisionada, a gente via os bombardeios, os milhares de jovens que voltavam para casa mortos e as pessoas protestando. Foram tempos de grandes manifestações.

Até que um dia descobriram que as entidades cristãs como ONGs e igrejas com seus fundos de investimentos estavam financiando a Guerra do Vietnã. Eram fundos com alta rentabilidade, claro, pois eram investimentos em armas, e assim começou um despertar da consciência e um movimento que entendeu a necessidade de criar bancos que tivessem critérios, pois não se pode financiar tudo. Foi um despertar grande de consciência no fim dos anos 1960.

Foi nessa seara que nasceu o Triodos Bank?

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Melé: O Triodos Bank foi criado em 1968, quando todo o movimento de contracultura que havia começado em Berkeley chega à Europa, mais precisamente em maio de 1968, em Paris. Para ajudar essa mudança decidiu-se fazer um banco ético. De toda a revolução das manifestações de maio de 1968, o banco ético foi uma das poucas coisas que permaneceu. Houve esse despertar da consciência de que se há guerras no mundo é porque tem gente que as financia e muitas pessoas não sabiam que estavam financiando a guerra por meio dos fundos de investimento.

Após 30 anos trabalhando como executivo de um banco tradicional, o senhor iniciou uma nova jornada no Triodos Bank. Como foi a preparação para essa mudança?

Melé: Desde criança, sempre me interessei pelos temas sociais. No ano de 1998 eu conheci um pouco mais do Triodos Bank e no ano 2000 participei do primeiro Congresso Mundial de Banca Ética, em Barcelona. Nesse congresso estavam representantes do Triodos e Muhammad Yunus (Prêmio Nobel em 2006).

Foi nessa época que criamos uma associação para dar palestras e difundir esse conceito de ‘banca ética’, nome genérico, explicando que se podem fazer negócios no mundo das finanças, mas olhando as pessoas e o planeta terra antes do dinheiro. Não podemos seguir assim com o dinheiro sendo mais importante do que as pessoas. Explicávamos que um banco ético tem critérios na hora de investir, não só econômicos. Comecei a dar palestras, mas continuei trabalhando num banco tradicional (Caja de Ahorros da Catalunha).

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O que causou o descontentamento com o modelo tradicional de gestão?

Melé: Desde os anos de 1990, os bancos passaram a fazer cada vez mais especulação. Produtos estruturados que nós, que éramos os diretores, não sabíamos o que estávamos fazendo, muita especulação e perdendo de vista as pessoas. Enriquecimento, benefício e especulação. Para mim os clientes eram muito importantes como pessoas e tínhamos muita confiança, a ponto de assinarem documentos em branco e diziam: – ‘Joan, eu assino e você avalia o que é mais importante.’ Eu não podia enganar um cliente. Mas me davam metas. Eu precisava vender uma quantidade de fundos de investimento e de produtos estruturados. Eu dizia que não iria colocar nada, que iria apenas explicar como funcionava e o cliente iria decidir. Assim, cada vez a tensão era maior. Tanto que eu decidi me aposentar.

Na Espanha naquele momento nós banqueiros tínhamos a possibilidade de nos aposentarmos aos 57 anos, e eu tinha 56. A minha decisão era fazer voluntariado no Brasil. Nesse momento veio a proposta do Triodos Bank. Eles estavam abrindo um escritório na Espanha e me chamaram para liderar o desenvolvimento comercial. Eu teria que renunciar tudo para começar uma aventura. Eles disseram uma frase e eu não consegui dormir: ‘Joan, você tem 30 anos de experiência em banco e tem cinco anos de experiência dando palestras na banca ética, você é a pessoa que precisa fazer isso.’ Foi quando me dei conta do que isso significava e às 4h da madrugada decidi: sim, é isso que eu quero fazer.

A Banca Ética tem três grandes áreas de atuação. Por que são definidas dessa forma?

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Melé: Os fundadores do Triodos Bank olharam o mundo e identificaram os tipos de problemas existentes, além dos econômicos. Nos países mais ricos do mundo é onde há mais suicídios, mais angústia e depressão. Há um tema individual de que o ser humano vive sem sentido e essa falta de propósito na vida. Há toda uma parte interior que o ser humano precisa desenvolver e isso se encontra através da cultura. Ela é tão necessária como comer. Sempre olhamos as necessidades físicas, porém há necessidades psíquicas, emocionais e espirituais. A cultura dá respostas para isso.

Depois vemos os problemas sociais como a desigualdade econômica, a imigração, pessoas com necessidades especiais. Também queremos financiar empresas que ajudem no desenvolvimento social. E por último, vamos financiar os projetos que regeneram a terra, como agricultura regenerativa, orgânica e energia renovável.

Os que fundaram o Triodos não eram banqueiros. Havia um juiz, um consultor de empresas, uma pessoa vinculada às finanças e um advogado. Era o ano de 1968 e o mundo estava mal e eles se perguntaram o que poderiam fazer para contribuir para uma mudança possível. Se o banco tem dinheiro e poder, por que não usar isso de forma positiva? Em 30 anos que trabalhei num banco tradicional, nunca ouvi ninguém questionar se essa empresa contamina o meio ambiente, como trata seus trabalhadores e seus clientes? Hoje há um despertar dessa consciência, apesar de insuficiente, pois ainda falta muito.

A Banca Ética acaba de abrir um escritório no Brasil e o País também foi eleito para iniciar o tour pela América Latina. Foi uma escolha estratégica?

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Melé: O motor da América Latina é o Brasil. Não podemos falar sobre América Latina sem falar do Brasil. Sempre pensamos em Brasil, México, Colômbia e Argentina quanto a tamanho, mas São Paulo é a capital latino-americana das finanças e da economia. Para se fazer um banco ou um projeto financeiro ético em um país é necessário um grupo de pessoas dispostas a se comprometer. O Brasil é o motor, senão não teria sentido falar de Banca Ética Latinoamericana. Vimos isso de forma bem clara desde o primeiro momento.

Como está o processo de análise dos setores e empresas brasileiras?

Melé: Há setores que têm muito potencial, como a educação. Assim como o universo da agricultura orgânica, biodinâmica, agroflorestas e agricultura regenerativa. O Brasil tem sido muito castigado com o desmatamento, portanto, queremos mostrar que além de ser um bom negócio, podemos regenerar a terra. São setores que nós  investimos não apenas porque vamos ganhar dinheiro. Teremos que ganhar dinheiro, mas é desse investimento que o País necessita. Não só o Brasil, mas a maioria dos países latino-americanos precisa de desenvolvimento de setores sociais, pois há muitas favelas, e há necessidade de investimentos para reconstrução e saneamento.

A América Latina não é um continente pobre, é um continente rico, mas está mal. Tudo o que precisamos é o desenvolvimento da economia que gere riqueza para todos e resolva essa desigualdade.

No Brasil, 74% das famílias estão endividadas e apenas uma pequena parcela da população investe. Como estimular o consumo consciente e formar investidores conscientes?

Melé: Eu tento falar com todos, especialmente com os jovens. A ideia é que os professores trabalhem esse conceito nas escolas para que eles tenham consciência na hora de tomar uma decisão sobre a compra de uma camisa, por exemplo. Vou comprar a marca Reserva ou Christian Dior? Quais as consequências da minha escolha? Há marcas muito famosas, mas se você investiga a fabricação fica em Bangladesh, onde mulheres trabalham em situações desumanas. É muito mais difícil mudar o comportamento dos adultos. Trabalhamos com palestras e workshops de finais de semana em empresas, mas trabalhamos muito com escolas. É importante o envolvimento dos pais, porque se a escola diz uma coisa e em casa e na TV, outra, isso está mal. É um caminho lento, mas quando olhamos os anos de atraso que já passamos, percebemos que funciona. Ou seja, a mudança acontece.

Como essa rede de dinheiro consciente se expande? Como funciona a aprovação de um financiamento?

Melé: Quando uma empresa solicita financiamento, a primeira coisa que fazemos é conhecer a pessoa. Os clientes normalmente vão ao banco com muitos papéis e balanços, e eu digo: isso aqui não me interessa agora, me fale de você, quem você é, a que se dedica, por que você está fazendo isso? O que fazia antes? Quais são seus ideais de vida? E eu também vou explicar quem eu sou. Depois vamos falar sobre o projeto, o que ele gera para o mundo. Por que deveríamos financiá-lo? Se é interessante, vamos olhar os números. Muitas vezes, os projetos são bons, mas quando vemos os dados, percebemos que não são viáveis. Se mudar, reavaliamos. Nós não dizemos ‘sim’ ou ‘não’ mecanicamente, mas tentamos dizer como pode ser possível.

Tem pessoas que confundem dinheiro de empréstimo, com dinheiro de doação ou de capital de giro. Nosso trabalho também é assessorar qual é o melhor financiamento. Às vezes ajudamos a melhorar o projeto.

Existem duas pontas extremas no trabalho da Banca Ética: as empresas de impacto que atuam nessas três áreas (educação, cultura e desenvolvimento social e meio ambiente) e os investidores conscientes. Queremos recuperar o prestígio dos bancos de seriedade, de solvência, de segurança. Para nós a primeira ética é não colocar em risco o dinheiro dos clientes.

Existe uma mudança de pensamento e atitude entre os jovens herdeiros de grandes fortunas?

Melé: Um fenômeno muito interessante e que dá muita esperança é que aqui (Brasil) e no Chile há grandes family offices com muitos milhões de dólares. A segunda e a terceira gerações de jovens dessas famílias não querem só ganhar dinheiro, querem uma mudança. E são esses jovens que estão provocando esse interesse de family offices investidores que querem ganhar dinheiro, mas também querem encontrar um propósito. Esse é um fenômeno que está crescendo.

Essa é uma oportunidade para encontrar um sentido maior. Muitos se sentem mal de só ganhar dinheiro e querem fazer algo mais. Todo mundo fala de investimentos de impacto, mas há muitos tipos, precisa verificar se é um impacto autêntico.

O ESG é uma tendência que vem ganhando força entre as empresas, principalmente as que estão listadas na Bolsa de Valores. Como fazer uma escolha assertiva?

Melé: Eu era mais crítico, mas me explicaram que há uma estratégia. Se queremos que as grandes multinacionais façam uma mudança, temos que ter um instrumento de pressão. E qual é esse? Os fundos de investimento socialmente responsáveis. Então vamos ter, por exemplo, uma empresa de cada um dos setores: uma de petróleo, uma de eletricidade. E qual vamos colocar? A menos pior.

Quais são os próximos passos da banca ética na América Latina?

Melé: No Chile, queremos pedir a licença bancária o mais rápido possível, além da abertura de escritórios no Rio da Prata, Argentina, Uruguai e no Brasil. Até o fim do ano já teremos novidades tanto no escritório do Rio da Prata, como no Brasil.

Na Colômbia e no México ainda estamos formando equipes para chegarmos ao mesmo estágio que estamos agora no Brasil até o fim deste ano. Queremos a confiança do investidor para quando dissermos que vale a pena investir, ele saberá que realmente vale a pena. E ano que vem espero que seja um bom ano de crescimento e expansão.

Alguns produtos da cadeia dita consciente são inacessíveis para a maioria das pessoas. Como resolver essa equação?

Melé: A minha experiência como palestrante mostra que mesmo em lugares mais pobres, as pessoas também gastam dinheiro com coisas que não são necessárias. Normalmente quem é pobre não quer justiça e equidade, quer ser rico para poder comprar tudo o que quiser. Aqui no Brasil não conheço, mas na Europa, há redes de distribuição do produtor ao consumidor de produtos orgânicos que não são mais caros do que os tradicionais. O tema da roupa também está mudando.

Quando visito bairros pobres, a pessoa quer um televisor gigante para assistir o jogo do Brasil contra a Argentina, por exemplo. Vejo muita gente de classe média em shoppings ou centros comerciais comprando de forma descontrolada. Esse dinheiro gasto com bobagens poderia comprar comida saudável porque é um tema de saúde e que deveria ser priorizado. A qualidade do pensamento tem a ver com a qualidade da alimentação.

Não dá para ir como um exército da salvação. Há que entender o que é possível fazer. Para o jovem sim podemos mostrar como fomentar um consumo responsável. O problema é que os próprios bancos fomentam que se comprem coisas com o cartão de crédito, mas as taxas de juros são altíssimas. O consumo irresponsável é uma perda de liberdade.

É possível que os bancos tradicionais revejam determinadas posturas e adotem estratégias defendidas pelos bancos éticos?

Melé: Tenho conversado com os presidentes e conselho de administração dos maiores bancos da América Latina. Eles dizem: ‘você está falando da banca ética, mas nós também somos éticos.’ Muitos estão interessados em fazer mudanças porque têm medo do mercado e dos acionistas. Vou dar um exemplo com o Banco da Colômbia, que tem 15 milhões de clientes. O presidente me chamou para ajudar a trabalhar com os diretores para provocar uma mudança, mas teve que desistir depois de dois infartos porque a oposição estava pressionando os próprios diretores que só pensavam no bônus e incentivos econômicos.

É muito difícil porque não depende apenas da cúpula do banco, tem que haver um caminho cultural. Na Espanha, quando a Banca Ética começou a ter êxito, os outros bancos também começaram a mudar. A publicidade foi a primeira. Agora, 80% dos bancos são éticos e sustentáveis. Há um sinal de que todos se preocupam. Portanto, estão nascendo mudanças positivas. Quando mudarão mais? Quando a Banca Ética tiver muito sucesso, serão obrigados a mudar também, porque se não mudarem, vão perder a liderança do mercado. Hoje vemos um tsunami de consciência. E quando vem um tsunami e você o enxerga, corre porque não chegas a tempo.

Quais foram os principais impactos da pandemia?

Melé: Seguimos trabalhando, mas num ritmo um pouco mais lento. E também serviu para outras coisas. No Chile, por exemplo, nós nos antecipamos aos problemas. Quando começou a epidemia, os funcionários do banco foram visitar todas as empresas que tinham financiamento e perguntaram como a pandemia estava afetando e que problemas poderiam ter.

Algumas coisas foram refinanciadas, conforme previam que as vendas teriam queda. Um empréstimo com prazo de dois anos, se refinanciou para quatro. Serviu para estabelecer um vínculo mais próximo com os clientes. E no Chile não falhou nenhuma operação. Portanto, a epidemia, como tudo na vida, também é uma oportunidade. Na vida sempre haverá imprevistos, eu decido como me comporto diante deles. A criatividade é algo que buscamos.

Onde está a esperança em um mundo mais ético e igualitário?

Melé: O futuro está nas novas gerações e, sobretudo, um fenômeno muito interessante que observamos na Banca Ética, nas mulheres. Na Espanha, 63% dos cargos de direção do banco são de mulheres. Não olhamos se é homem ou mulher, buscamos o melhor. A questão é que, na minha experiência em geral, temos encontrado mais mulheres preparadas (formação e experiência) do que homens. Precisamos ser autênticos em todas as áreas.

Qual é a sua mensagem final?

Melé: Eu gosto de citar a frase que foi dita no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, em 1998: – Um outro mundo é possível! E eu digo: Um outro mundo é possível se nós nos comprometermos em nos mantermos uns aos outros.

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