Na última segunda-feira (5), o dólar sofreu uma queda acentuada no mercado internacional, reflexo da crescente apreensão com a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos. Esse movimento foi desencadeado pelo relatório do mercado de trabalho de julho, divulgado na sexta-feira (2), que trouxe dados preocupantes para a economia americana.
Leia também
O índice Dólar (DXY), que compara a moeda americana a uma cesta de moedas fortes, chegou a tocar a mínima de 102,16 pontos durante o pregão, antes de atenuar um pouco a baixa. No fim da tarde, em Nova York, o índice registrou uma desvalorização de 0,50%, fechando em 102,689 pontos. O euro subiu para US$ 1,0958, enquanto o dólar recuou para 143,68 ienes diante da moeda japonesa. A libra esterlina caiu para US$ 1,2770.
Além disso, a ferramenta FedWatch, do CME Group, indicava uma probabilidade de 84,5% de que o Federal Reserve (Fed) cortasse os juros em 50 pontos-base em setembro, com o risco de recessão pairando sobre a economia. Essa probabilidade chegou a ultrapassar os 90%. Em contrapartida, a possibilidade de um corte mais modesto, de 25 pontos-base, era de apenas 15,5%.
Mas, afinal, o que é recessão?
Uma recessão é um período de contração econômica, caracterizado por uma queda generalizada na produção de bens e serviços, aumento do desemprego e desaceleração do crescimento econômico. É como se a economia entrasse em um período de hibernação, com menos atividade e menos oportunidades.
Publicidade
Durante uma recessão, a economia enfrenta uma redução na produção, aumento do desemprego, queda nos gastos dos consumidores e redução nos investimentos empresariais.
O risco de recessão nos EUA é real?
Analistas ouvidos pelo E-Investidor consideram que a reação do mercado pode estar exagerada, influenciada por movimentos técnicos de desalavancagem de posições.
Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, afirmou que, apesar dos riscos aumentados, não há evidências concretas de que a economia americana esteja entrando em recessão. Ele destacou a importância de manter a calma e aguardar a evolução dos próximos dados econômicos.
“Não há evidências de que a economia dos EUA esteja entrando em recessão, embora os riscos tenham aumentado. Por isso, é importante manter a tranquilidade e aguardar a depuração deste processo, que deve ocorrer até o final do mês”, explicou o estrategista.
José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, reforçou essa perspectiva, dizendo que o relatório negativo do mercado de trabalho americano é o primeiro deste ciclo de política monetária do Fed.
“Nossa avaliação é que o conjunto dos dados da economia americana continua a mostrar uma atividade e um mercado de trabalho ainda fortes. Na melhor das hipóteses, os riscos de mais inflação ou mais emprego estão equilibrados, o que exige perseverança e paciência nas próximas decisões de política monetária”, reforçou Camargo.
Publicidade
Além deles, o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, também compartilhou dessa visão, classificando a reação do mercado asiático a uma possível recessão nos Estados Unidos como “exagerada”. Em uma coletiva de imprensa, Noronha mencionou que o mercado deve continuar em queda nos próximos dias, mas vê o movimento como “extremado”.
Como a recessão nos EUA afeta a economia brasileira?
Uma recessão nos Estados Unidos provavelmente afetaria pouco o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Isso se deve ao desempenho econômico excelente do país, impulsionado pela alta nos preços das commodities, recuperação do mercado de trabalho e um consumo resistente.
De acordo com análise de especialistas da XP, caso a recessão nos EUA fosse mais severa e influenciasse a movimentação econômica global, especialmente na China, o efeito na economia brasileira poderia ser mais significativo, porém, este não é o cenário mais provável.
O setor financeiro do Brasil, entretanto, é mais vulnerável a riscos externos. Uma recessão nos EUA poderia levar à queda dos ativos brasileiros, resultante da retirada de capital de mercados emergentes e valorização do dólar, afetando negativamente o câmbio e os ativos do Brasil.
Colaborou: Gabrielly Bento.