As Assembleias Gerais de Debenturistas (ADGs) da primeira e segunda emissão da fabricante de pás eólicas Aeris (AERI3) não foram instaladas nesta segunda-feira (30), por não terem atingido o quórum mínimo necessário. As ações da companhia fecharam em queda de 2,60% e operadores de mercado atribuem o movimento, em parte, a esse fato.
Leia também
A AGD da primeira emissão estava marcada para às 10h, enquanto a da segunda foi convocada para às 14h, ambas por meio de plataforma eletrônica. Documento arquivado agora à tarde na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informa que nenhuma delas foi instalada.
Na pauta da reunião da primeira emissão estava a autorização prévia para que a amortização do Valor Nominal Unitário e o pagamento de juros remuneratórios ambos previstos para o dia 15 de janeiro de 2025, fossem prorrogados por até 60 dias. Os debenturistas também deveriam deliberar sobre um “waiver temporário”, de forma que não fosse caracterizado evento de inadimplemento em caso de descumprimento de determinados índices financeiros descritos na escritura, até a medição trimestral a ser realizada com base nos dados de 31 de março de 2025.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Já no caso da segunda emissão, constava na ordem do dia waiver temporário similar, também até a medição trimestral a ser realizada com base nas informações financeiras auditadas referentes ao período de 12 meses encerrado no primeiro trimestre de 2025.
O pedido aos debenturistas de flexibilização dos indicadores financeiros se deu em meio à uma prolongada crise no setor eólico, que tem afetado a Aeris. O segmento vem enfrentando um longo período de baixa execução de novos projetos, o que já levou à saída ou encerramento de atividade de fabricantes de aerogeradores que atuavam no País, alguns dos quais utilizavam as pás da Aeris. A empresa atualmente possui apenas um cliente e enfrenta elevada ociosidade da capacidade produtiva.
No início do mês, a Fitch rebaixou a nota de crédito nacional de longo prazo da Aeris e de suas emissões de debêntures para BBB(bra), de A(bra). Os ratings corporativos da companhia também foram colocados em observação negativa, com possibilidade de novos rebaixamentos.
Em comunicado, a agência de avaliação de risco citou que a Observação Negativa se baseava nas incertezas quanto à capacidade da Aeris de equacionar adequadamente suas dívidas com vencimento em 2025.
Publicidade
Pelas projeções da Fitch, a companhia apresentará posição de caixa e aplicações financeiras em torno de R$ 350 milhões ao final de 2024, frente a vencimentos de dívida de R$ 814 milhões em 2025, compostos principalmente pelas amortizações de principal de R$ 200 milhões da primeira emissão de debêntures, em janeiro, e R$ 350 milhões da segunda emissão, em julho.
“Ao final de setembro de 2024, o caixa e as aplicações financeiras da Aeris somavam R$ 881 milhões, frente a R$ 792 milhões de dívida de curto prazo. Na mesma data, a dívida totalizava R$ 1,4 bilhão, constituída, principalmente, por debêntures (71%)”, escreveu, na ocasião.