A Aliansce Sonae apresentou há pouco o seu primeiro balanço após a conclusão da fusão com a BrMalls, que criou o maior conglomerado de shoppings do País. O grupo apresentou lucro líquido de R$ 2,9 bilhões no primeiro trimestre de 2023, o que representa um salto na comparação com o mesmo período de 2022, quando o lucro foi de R$ 52,4 milhões.
A explicação para essa diferença enorme está em um ganho contábil, sem efeito no caixa, no valor de R$ 4,4 bilhões e que decorre da combinação dos negócios entre as empresas. A fusão acertada em 2022 previa que a Aliansce teria que entregar ações para os acionistas da BrMalls como parte do pagamento. A entrega se deu no começo deste ano, e o valor da ação em Bolsa caiu de lá para cá. Portanto, é como se o pagamento tivesse sido “menor” na linguagem da contabilidade, gerando esse lucro excepcional.
“É um efeito puramente contábil, que não muda em nada o nosso fluxo de caixa, nem a nossa avaliação dos ativos da BrMalls. Eles valem a mesma coisa do que antes, só o valor de mercado (Bolsa) é que mudou”, disse a diretora financeira e de relações com investidores da Aliansce, Daniela Guanabara, em entrevista ao Broadcast.
Os demais indicadores financeiros não tiveram esse impacto.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado cresceu 9,1% na mesma base de comparação anual, para R$ 443,5 milhões. A margem Ebitda teve ligeira baixa de 0,1 ponto porcentual, para 73,0%.
O FFO (lucro líquido excluindo depreciação, amortização e efeitos não caixa) ajustado subiu 22,7%, para R$ 236,3 milhões, como reflexo do gerenciamento de passivos e, consequente, redução do custo médio da dívida.
A receita líquida avançou 9,2%, para R$ 607,5 milhões. A receita com locação dos espaços aos lojistas avançou 7,9%, para R$ 477,6 milhões, e a receita com estacionamentos aumentou 24,3%, para R$ 98,2 milhões.
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O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa líquida de R$ 153 milhões, montante 6,5% na comparação anual.
O grupo reportou despesas de R$ 55 milhões por conta da combinação dos negócios. A maior diz respeito ao plano para retenção de parte dos executivos e funcionários até a conclusão da fusão, além de gastos com consultorias e assessores. “Foram despesas não recorrentes. A tendência é ter bem menos custos desse tipo daqui para frente. O grosso já passou pelo resultado”, afirmou Guanabara.
“Chegamos no primeiro balanço consolidado da nova empresa sem rupturas e mantendo a trajetória de crescimento operacional. O trabalho foi focado dentro de casa para que a integração ocorresse sem soluços”, destacou a executiva.
Ela reiterou a meta de capturar sinergias com a fusão na ordem de R$ 180 milhões a R$ 210 milhões, sendo que a maior parte desse volume deve aparecer no segundo semestre.
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A Aliansce chegou ao fim do primeiro trimestre com dívida líquida de R$ 4,5 bilhões, e um montante de recursos em caixa de R$ 2,3 bilhões. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda anualizado) foi de 2,4 vezes.
Resultados operacionais
As vendas totais nos shoppings cresceram 16,2% na comparação do primeiro trimestre de 2022 com o mesmo intervalo de 2022, para R$ 5,7 bilhões. As vendas nas mesmas lojas (abertas há mais de um ano) subiram 12,8%, enquanto o aluguel nas mesmas lojas teve alta de 8,5%. “Do ponto de vista operacional, tivemos um resultado bastante expressivo, com crescimento das vendas acima da inflação”, apontou a diretora.
Em abril as vendas dos shoppings cresceram 6,9%. Na sua avaliação, essa desaceleração é natural tendo em vista que a base de comparação vai ficando mais forte, uma vez que as vendas nos shoppings foram crescentes ao longo do último ano. O resultado do Dia das Mães deste ano ainda não apurado, mas, há uma percepção positiva, segundo ela. “Esperamos resultados ao menos em linha com os do ano anterior”, disse.
A ocupação dos shoppings caiu para 96,8% no primeiro trimestre de 2023 ante 97,1% no mesmo período do ano passado. A inadimplência dos lojistas recuou para 4,6% de 6,2% nessa mesma base.