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Até onde a ação da Ambipar (AMBP3) vai continuar subindo?

Em 2024, as ações já avançam mais de 500%, com dois players importantes aumentando participações na empresa

Até onde a ação da Ambipar (AMBP3) vai continuar subindo?
Fachada da Ambipar (AMBP3). Foto: Divulgação/Ambipar

As ações da Ambipar (AMBP3) acumulam um valorização acima de 500% em 2024, sendo que os ganhos em agosto já somam 121,52%. Nesta segunda-feira (12), os papéis da empresa de gestão ambiental sobem 16,54% cotados a R$ 113,45, após oscilarem entre a máxima a R$ 115,30 e mínima a R$ 97,35. Diante do desempenho positivo, a dúvida que fica é a seguinte: até onde deve ir a alta dos ativos?

De acordo com os analistas ouvidos pelo E-Investidor nesta reportagem, é difícil prever o movimento das ações daqui para frente. Isso porque a visão predominante é de que a valorização recente se deve a um short squeeze. Ele ocorre quando investidores com posições vendidas (short) desfazem suas apostas na queda do papel e recompram a ação para zerar a posição.

Diante desse cenário, outros players que estão na mesma situação, ao verem os investidores desistirem de suas posições, fazem um movimento igual. Com isso, a pressão de compra se torna alta e o preço do ativo dispara ainda mais.

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“A gente não tem preço-alvo, mas a nossa recomendação foi de venda para os nossos assinantes”, afirma Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research. “O mercado só vai precificar bem uma ação a partir do momento em que a empresa estiver dando confiança para os seus acionistas. A Ambipar ainda não está conseguindo fazer isso”.

Para o analista, é difícil dizer se os papéis têm espaço para subir mais ou não, já que do lado dos fundamentos não há uma justificativa pra isso, em sua visão. “Mas acho que é improvável sofrer uma queda brusca a ponto de voltar no patamar em que operava no começo de junho (na faixa de R$ 9,46), até porque grande parte das ações está nas mãos do Tércio (Tércio Borlenghi Junior, CEO da empresa) e da (gestora) Trustee”, diz Vaz.

Max Bohm, estrategista de ações da Nomos, também acredita que os resultados operacionais da Ambipar ainda não melhoraram a ponto de dar confiança para o investidor no ativo. “Eu não teria o papel. Acho que ele está sendo alvo nos últimos dias de um movimento forte de especulação. Então, é uma ação que está meio à deriva, sem que os fundamentos impactem no preço.”

A Guide Investimentos, por sua vez, tem recomendação de venda para os papéis da Ambipar. “À medida que as ações continuam a subir, com um número cada vez menor de posições vendidas, a probabilidade de uma queda acentuada nos próximos dias aumenta”, destacou a casa em relatório publicado ao final de julho.

Entre bancos e corretoras que cobrem a ação, o maior preço-alvo para a AMBP3 é de R$ 72, estimado pelo analista Francisco Navarrete, do Bradesco BBI. Outras casas, como BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos, têm projeções mais baixas, de R$ 21, R$ 14,20 e R$ 33, respectivamente — todas abaixo da cotação atual do papel, de R$ 113,45.

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Nos corredores da empresa, a visão é diferente: uma fonte ligada à companhia afirmou que alta recente das ações deve se estender. Além da disputa entre comprados e vendidos no ativo, o entendimento nos bastidores é de que a mudança nas metas estratégicas e o plano de recompra de ações funcionaram como um incentivo de longo prazo.

O que contribuiu para o movimento de short squeeze na AMBP3?

O short squeeze ocorreu após dois grandes players aumentarem as suas apostas na Ambipar. No dia 10 de julho, a empresa comunicou ao mercado que o seu CEO, Tércio Borlenghi Junior, elevou sua participação acionária na empresa, atingindo o montante de 122.165.450 ações, correspondentes a, aproximadamente, 73,135% do capital social total e votante.

Já a gestora Trustee anunciou, de julho até aqui, três aumentos de participação — em 12 de julho, 25 de julho e 9 de agosto. No último movimento divulgado, fundos da casa passaram a deter 25.117.800 papéis da Ambipar, o que representa 15,03% do capital social. Por trás da gestora, circulam rumores de que esteja o megaempresário Nelson Tanure, conhecido por suas estratégias de investimento mais agressivas.