O BTG Pactual afirma que os valuations (valor do ativo) das ações brasileiras estão baixos, com uma negociação “relativamente atraente” de 8,2x Preço/Lucro projetado ex-Petro&Vale (7,2x incluindo-os), mais de 1 desvio padrão abaixo da média. No entanto, faz o questionamento: “será que isso importa agora?”. Isso porque não se observa perspectiva de recuperação dos ativos sem mudanças mais estruturais no quadro fiscal, diz a equipe de research, em relatório.
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“O prêmio para ter ações (medido como o inverso do P/L menos as taxas reais de 10 anos) é de 4,7% (em comparação com a média histórica de 3,1%). Embora o prêmio esteja acima da média histórica, a trajetória incerta da dívida pública do Brasil pode manter as taxas de longo prazo sob pressão e impedir uma recuperação mais forte das ações brasileiras. Em outros momentos de estresse, o prêmio para manter ações ficou próximo de 6%”, avalia o BTG Pactual. “Em nossa opinião, a única maneira de os preços dos ativos se estabilizarem/melhorarem seria se o governo implementasse mudanças mais estruturais no orçamento fiscal, o que parece improvável neste momento.”
Cenários para o Ibovespa
Segundo o relatório, o potencial de valorização das ações é “considerável, se os prêmios de risco diminuíssem”. Em um exercício para estimar o valor justo do Ibovespa em vários cenários com diferentes premissas para a inflação a longo prazo, taxas de juros reais de longo prazo e crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB).
Em um cenário de taxas reais de longo prazo de 7%, inflação de 5,5% e crescimento do PIB de 1%, que é onde estamos hoje, o BTG diz que apontaria para um P/L alvo de 6,3x (ou um Ibovespa de aproximadamente 90 mil pontos), 28% abaixo do nível atual. Já em um cenário em que a inflação desacelera para 3,5%, as taxas de longo prazo são reduzidas para 5,5% e o PIB cresce 2,5% apontaria para um Ibovespa de cerca de 147 mil pontos (10,3x P/L) e um potencial de valorização de 17%.
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E, em um cenário mais favorável, mas “certamente distante”, segundo o BTG, de taxas reais de longo prazo de 5%, inflação de volta à meta (3%) e crescimento do PIB de 3%, indicaria um P/L alvo de 12,6x (em linha com a média histórica) e um Ibovespa de aproximadamente 179 mil pontos (+43%).
Por isso, o BTG afirma começar o ano com uma recomendação de portfólio “cauteloso” na carteira 10SIM. “O atual cenário fiscal altamente incerto, o aumento das taxas de juros e a falta de visibilidade sobre possíveis catalisadores de curto prazo indicam um início de 2025 difícil para as ações brasileiras”, descreve.