O ibovespa é o principal índice da B3 (Foto: Adobe Stock)
O tarifaço imposto pelos Estados Unidos à China e as incertezas globais crescentes acabaram desaguando em um rebalanceamento da carteira teórica do Ibovespa, com peso menor de companhias expostas às commodities, como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3). Veja aqui a terceira e última prévia da carteira do Ibovespa.
Na cesta válida para o período de maio a agosto, o peso da Vale na carteira do Ibovespa foi reduzido de 11,7% para 10,6%, ainda que seja individualmente o papel de maior peso. No caso da Petrobras PN, a mudança chama mais atenção. O papel cedeu o lugar para Itaú (ITUB4), ao perder 2,1 pontos porcentuais ante o quadrimestre anterior, saindo de 8,3% para 6,2%. Petrobras ON também recuou de 4,5% para 4,2%, mas se manteve no quarto lugar.
Em contrapartida, Itaú PN subiu de 7,4% para 7,7% e Banco do Brasil (BBAS3) foi elevado de 3,5% a 3,7%, se mantendo entre os cinco maiores pesos do referencial da B3.
Há exato um ano, a participação da Vale ON representava 13,355%, Petrobras PN (9,146%), Itaú PN (7,081%), Petrobras ON (4,536%) e Banco do Brasil (3,714%).
Para o analista Felipe von Eye Corleta, sócio da GTF Capital, a baixa da Petrobras na composição do principal índice referencial da B3 “é bem relevante” e ajuda a explicar “porque a ação está travada”.
A título de comparação, o valor de mercado da Petrobras está próximo de furar o piso de R$ 400 bilhões. No período de 12 meses, a perda é de cerca de R$ 150 bilhões. Em abril de 2024, a companhia estava valendo R$ 564 bilhões, nível histórico. Hoje a cifra transita em R$ 403 bilhões, o mais baixo desde meados de julho de 2023.
Ainda conforme Corleta, no primeiro trimestre de 2025, Petrobras esteve longe dos maiores fluxos recebidos pela Bolsa brasileira. No intervalo, o movimento foi dominado por Direcional (DIRR3) e Smart Fit (SMFT3) que, por consequência, passaram a ser negociadas no Ibovespa neste segundo período de maio a agosto.
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Isso acontece porque o que gira a composição do Ibovespa é o fluxo de capital. Quando alguém compra muitos futuros, o mercado faz arbitragem e compra a cesta de ações que compõem o Ibovespa para levar o índice à vista para esse mesmo nível. “Então, mais relevância no índice, mais fluxo essas ações ganham”, explica Corleta, da GTF, citando novamente Direcional e Smart Fit, cujos destaques positivos os levaram a entrar no índice.
Nos primeiros meses de 2025, Cogna (COGN3), que já faz parte do Ibovespa, mais do que dobrou a sua relevância no índice. Minerva (BEEF3) também ganhou muita relevância no indicador acionário, como GPA (PCAR3), Assaí (ASAI3), Yduqs (YDUQ3), Magazine Luiza (MGLU3) e BTG Pactual (BPAC11). “Basicamente, supermercados e educação, além do BTG foram os grandes vencedores dessa variação no índice”, diz.
Com relação a quem mais perdeu neste quadrimestre, Petrobras (PETR3; PETR4) divide atenção com Santos Brasil, Suzano, Klabin, Gerdau, Raízen. “O que vimos nesta prévia do Ibovespa são as empresas de commodities perdendo relevância na composição do índice, que é um pouco a dinâmica que estamos vendo neste começo de ano, ainda dos valores de mercado das empresas. Por outro lado, as empresas do setor doméstico ganharam relevância”, pontua o analista da GTF, também sobre Vale (VALE3).