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Cemig (CMIG4) estreia em emissões com selo verde em captação de debêntures

Os títulos foram emitidos em duas séries. Veja os detalhes

Cemig (CMIG4) estreia em emissões com selo verde em captação de debêntures
(Foto Marcelo Min/Estadão)

A Cemig (CMIG4) concluiu a emissão de um total de R$ 1 bilhão em debêntures simples, não conversíveis em ações, de sua subsidiária de Geração e Transmissão (Cemig GT). Os títulos foram emitidos em duas séries, sendo que a segunda, no valor de R$ 300 milhões, foi caracterizada como debêntures verdes, na primeira captação desse tipo feita pela elétrica mineira.

“Títulos com selo ESG [acrônimo em inglês para questões ambientais, sociais e de governança], com selo verde, ajudam na compressão de taxas e no aumento da demanda e a gente vê que é um movimento que, com o amadurecimento do mercado brasileiro, acontece aqui”, disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Leonardo George de Magalhães, em entrevista ao Broadcast Energia.

Para o executivo, a demanda por esse tipo de título deve crescer no País, a exemplo do que já se observa no mercado internacional.

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A 2ª série da emissão, com prazo de sete anos, tem remuneração correspondente a IPCA acrescido de sobretaxa de 7,6245%. A emissão tem certificação pela consultoria independente Bureau Veritas, por estar ligada a projetos desenvolvidos pela empresa nos últimos dois anos, como a repotencialização da hidrelétrica Poço Fundo, que triplicou a capacidade instalada sem ampliar reservatório, e investimentos em transmissão.

Já a 1ª série da emissão, de R$ 700 milhões, tem prazo de cinco anos e remuneração correspondente À variação acumulada das taxas DI, acrescida de sobretaxa de 1,33% ao ano.

Para Magalhães, as taxas obtidas são competitivas e estão em linha com a qualidade de crédito da Cemig e com o mercado de dívidas brasileiro. A emissão obteve rating brAA+ pela Fitch Ratings.

Demanda elevada

Magalhães salientou que a demanda pelos títulos da Cemig ficou próxima de uma vez e meia a emissão. “Isso reforça a confiança do mercado na companhia e na nossa operação; a gente entende que nos últimos anos vêm apresentando melhora significativa nos resultados financeiros, a Cemig reduziu de forma acentuada a alavancagem financeira e o rating melhorou cinco notes, cresceu na qualidade de crédito, e melhorou a eficiência operacional”, listou.

Ele destacou ainda o fato de que a companhia alcançou, em 2020, nível de custos dentro da cobertura regulatória na distribuição, enquanto em 2021 alcançou um Ebitda acima do parâmetro regulatório.

A Cemig encerrou o terceiro trimestre de 2022 com Ebitda consolidado acumulado em 12 meses de R$ 6,88 bilhões e um endividamento líquido ajustado de R$ 7,4 bilhões. A alavancagem medida para fins de covenants ficou em 1,05 vez dívida líquida/Ebitda. Somente na Cemig GT, a alavancagem chegou a 1,36 vez.

Recomposição de caixa

Após o encerramento do terceiro trimestre, a companhia anunciou um programa de recompra de títulos de dívida no mercado externo que resultou na aquisição de cerca US$ 250 milhões, dentro de um plano anteriormente anunciado de redução da exposição a obrigações em moeda estrangeira. Portanto, os recursos captados agora com a emissão de debêntures vão recompor caixa.

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“A gente tinha recurso em caixa [para fazer a recompra], mas como tem investimento previsto, era importante recompor esse caixa e também dar um fôlego para a companhia, para que, com perfil mais adequado, a gente possa implementar os projetos previstos para os próximos anos em energia renovável”, disse.

A Cemig anunciou anteriormente um plano de investimentos de R$ 22,5 bilhões em cinco anos, dos quais R$ 5,5 bilhões serão destinados a projetos de geração e transmissão e mais R$ 1 bilhão especificamente em iniciativas voltadas para geração distribuída.

A maior parcela, de R$ 14,5 bilhões, será destinada ao segmento de distribuição, no qual a companhia, por meio da Cemig D, também captou R$ 1 bilhão por meio de emissão de debênture, em junho passado.

Novas emissões

Magalhães sinalizou também que a companhia poderá voltar a emitir dívida, inclusive com selo verde, tendo em vista os investimentos previstos para os próximos anos, especialmente em distribuição, que somam cerca de R$ 2,5 bilhões ao ano. “A gente entende que será importante a gente ter acesso ao mercado de capitais para financiar esse programa, mas claro que de forma sustentável, mantendo a alavancagem da Cemig em níveis adequados, de forma a não afetar a qualidade de crédito – hoje é AA+ – é daí pra cima”, disse.

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Segundo o executivo, as emissões verdes são convergentes com a história da Cemig, tendo em vista que a companhia aparece no índice Dow Jones de Sustentabilidade há 23 anos e fez, recentemente, movimentos importantes de convergência com a agenda ESG, como o desligamento de usina termelétrica a óleo, o que tornou a matriz da empresa 100% renovável.

As debêntures emitidas pela Cemig GT possuem covenants de 3 vezes dívida líquida/Ebitda até junho de 2026, patamar que sobe para 3,5 vezes após essa data. O diretor Financeiro da Cemig explicou que essa mudança visa apenas ajustar os parâmetros à prática atual de mercado e tem em vista a manutenção de covenants de emissões anteriores. “A gente entende que nossa alavancagem vai estar bem abaixo disso… não que a gente precisasse de folga para poder absorver aumento da alavancagem, não é isso”, salientou.