Os resultados do terceiro trimestre devem trazer alívio para a Vale (VALE3), com as cotações do minério de ferro dando impulso aos preços realizados, somadas ao aumento na produção e vendas e captura de prêmios maiores, preveem os analistas. O lucro, que surpreendeu ao despencar 51% no segundo trimestre ante o primeiro, a US$ 892 milhões, deve subir ao menos 200% na passagem para o terceiro trimestre.
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“O pior já passou”, diz o analista Igor Guedes, da Genial Investimentos, que elevou a Vale a “top pick”. A Genial espera lucro de US$ 2,987 bilhões, avanço de 235%.
A gigante brasileira divulgará o seu relatório de produção nesta terça-feira, 17, após o fechamento do mercado.
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No primeiro semestre de 2023, a Vale viu os preços realizados de finos de minério, seu principal negócio, caírem 18,5% em relação a igual período de 2022. Nas pelotas, o recuo foi de 18,6% na mesma comparação. As razões para o recuo foram os preços de referência e o mix embarcado pela Vale, que sofreu influência das chuvas sazonais e da demanda chinesa por minério de menor qualidade.
Mas, com as siderúrgicas chinesas mantendo o ritmo de atividades e estoques apertados, as cotações do minério de ferro no mercado internacional vem se mantendo acima do previsto. A commodity atingiu US$ 120 por tonelada em setembro. Além do mais, livre das chuvas sazonais, a produção de Serra Norte e do S11D – que oferecem minério de maior qualidade – tende a aumentar, melhorando o mix. O resultado é parcialmente sentido no terceiro trimestre e se estende ao quarto, dado o ciclo de extração e transporte, explica Guedes.
Assim, a Genial estima que a mineradora vai informar preços de finos em US$ 104 por tonelada, alta de 5,9% na comparação trimestral. O Itaú BBA e o Citi projetam pouco mais: US$ 105, com impacto positivo dos preços spot mais altos e dos mecanismos de precificação, conforme relatório do Itaú BBA.
Para as pelotas, a Genial prevê que os prêmios devem saltar de US$ 32, no segundo trimestre, para US$ 51, impulsionados pela resiliência dos mercados japonês, europeu e americano para o aglomerado, que permite menor emissão de carbono e tem maior valor agregado. A projeção é de preço realizado de US$ 182 por tonelada, avanço de 13,6% na comparação sequencial.
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“No primeiro semestre, a cotação do minério não caiu tanto, mas o preço realizado foi prejudicado pelo impacto das chuvas na composição do mix, proporcionado pelas operações na Região Norte, e pela demanda por minério de menor qualidade”, comenta Igor Guedes, da Genial.
Além disso, para o período de julho a setembro, as casas apontam melhora na performance operacional na comparação com o segundo trimestre, quando a Vale produziu 78,7 milhões de toneladas e fez vendas de 63,3 milhões de toneladas.
Para o terceiro trimestre, o Citi prevê produção de 88 milhões, vendas de 80 milhões e estoques de 15 milhões para serem dissipados no quarto trimestre, levando os embarques para perto de 100 milhões de toneladas. A Genial, por sua vez, projeta produção de 88,9 milhões de toneladas, aproximando a companhia da parte alta do guidance (310-320 milhões de toneladas no ano). As vendas devem ser de 78,67 milhões de toneladas, diz a Genial, e os estoques devem ser reduzidos em 7,5 milhões de toneladas.
O Itaú prevê vendas de 81 milhões de toneladas, avanço de 8,9% sobre o trimestre anterior. O preço mais alto do minério neste trimestre teria estimulado a Vale a se desfazer de estoques, aponta a Genial. A casa lembra que os resultados operacionais do terceiro trimestre tradicionalmente são melhores que dos períodos anteriores em virtude das sazonalidades.
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