O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (26) em leve alta no mercado doméstico de câmbio, em dia marcado por queda das commodities, em especial do minério de ferro, e sinal predominante de alta da moeda americana no exterior. Mensagem mais dura da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e a leitura acima das expectativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) em março contribuíram para manter o mercado de câmbio na defensiva.
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Uma vez mais, o dólar à vista correu entre margens estreitas, com variação de menos de três centavos entre a mínima (R$ 4,9664), pela manhã, e a máxima (R$ 4,9938), no início da tarde. No fim do dia, a moeda era negociada a R$ 4,9828, em alta de 0,19%. Em março, o dólar ainda acumula leve valorização (+0,21%).
Fatores técnicos com início da rolagem de posições no segmento futuro às vésperas da disputa formação da última taxa ptax do mês, na quinta-feira (29) também contribuíram para o tropeço do real. Operadores observam que a cotação do dólar futuro para abril ficou abaixo do valor do dólar à vista, o que revela baixa liquidez no mercado spot.
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“O cupom cambial está altíssimo. O mercado spot está seco, com falta de venda de dólar. Ou tem muita demanda de compra. E a tendência é que o dólar suba”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.
No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a uma sexta de seis divisas fortes – operou entre estabilidade e ligeira alta, acima da linha dos 104,000 pontos. A moeda americana ganhou força em relação a pares do real cujo desempenho é mais atrelado a commodities, como o peso chileno e o rand sul-africano, mas caiu na comparação com o peso mexicano.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirma que o dia foi marcado por um mau humor generalizado com ativos locais com investidores digerindo o tom mais duro da ata do Copom.
“A perspectiva de queda menor dos juros deveria segurar o câmbio. Mas, no curto prazo, o efeito sobre o real é negativo. Uma das formas de se desfazer de posições aplicadas em juros futuros é comprar dólar”, diz Borsoi, que, após a decisão do Copom na semana passada, alterou a projeção para taxa Selic no fim deste ano de 9% para 9,5%.
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“Além disso, tivemos também a questão das commodities, com o minério de ferro recuando muito. Preços de commodities agrícolas, como soja e milho, também caíram, o que piora os termos de troca e prejudica o real”, acrescenta o economista.
No comunicado da semana passada, o Copom alterou seu chamado “foward guidance”. Pretextando aumento de incertezas aqui e lá fora, o colegiado do BC passou a antever novo corte da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual “na próxima reunião”, e não “nas próximas reuniões” como nos comunicados anteriores.
Divulgada pela manhã, a ata relevou um Copom preocupado com a dinâmica da inflação de serviços, em meio a um mercado de trabalho apertado e atividade mais aquecida do que se esperava. No documento, o BC também alerta para as incertezas na continuidade do processo de desinflação nos Estados Unidos, que seria mais custoso em seu estágio final.
A leitura majoritária dos analistas é de que a ata foi “hawkish” e ampara a tese de que o Copom, ao adotar um modo “data dependent”, está preparando o terreno para reduzir o ritmo de queda da taxa Selic em algum momento. No mercado de juros futuros, as apostas de redução dos juros em 0,25 ponto porcentual em junho, que já eram majoritárias ontem, avançaram ainda mais hoje.
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O IBGE informou pela manhã que o IPCA-15 de março desacelerou de 0,78% em fevereiro para 0,36% em março, acima da mediana de Projeções Broadcast (0,32%). Houve, conduto, redução do índice de difusão e desaceleração dos serviços subjacentes, embora menor que a esperada pelo mercado.