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Dólar hoje volta a fechar acima de R$ 6 após decisão de juros do Copom

Moeda americana subiu mesmo após o Banco Central vender US$ 4 bilhões em dois leilões de linha

Dólar hoje volta a fechar acima de R$ 6 após decisão de juros do Copom
Dólar. (Foto: Adobe Stock)

O dólar hoje fechou em alta e voltou ao patamar de R$ 6, em dia de forte cautela no mercado após o Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e indicar dois ajustes de mesma magnitude para as próximas reuniões. A moeda americana encerrou esta quinta-feira (12) em valorização de 0,86% a R$ 6,0072. Ao longo da sessão, oscilou entre máxima a R$ 6,0487 e mínima a R$ 5,8681.

Lá fora, a moeda dos EUA também subiu. O índice DYX, termômetro do comportamento do dólar em relação a seis moedas fortes (euro, iene japonês, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), exibia ganhos de 0,24% ao final da tarde, aos 106,966 pontos.

Enquanto o dólar subiu no mercado doméstico de câmbio, o Ibovespa chegou a registrar um queda próxima de 3% durante a tarde, com praticamente toda a sua carteira no campo negativo. No comunicado de sua decisão, o Copom ressaltou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 0,9% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre. “A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes”, afirmou ainda o Comitê.

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Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, acredita que  comunicado manteve o tom duro e adequado para o momento desafiador. “Um dos grandes problemas é que mesmo com o ciclo alta da Selic nas próximas reuniões, as expectativas de inflação para os próximos anos seguem deteriorando nas últimas semanas, dificultando ainda mais o trabalho da autoridade monetária”, diz.

Junto à decisão de subir a Selic, o Banco Central (BC) anunciou a realização de dois leilões de linha de até US$ 4,0 bilhões na manhã desta quinta-feira. O leilão de linha é o nome dado a uma operação conjugada de leilão de venda e de compra de moeda estrangeira no mercado interbancário de câmbio, na modalidade pós-fixado Selic. Na prática, o BC injeta dólares no mercado para tentar estabilizar a cotação.

Conforme mostramos nesta reportagem, a intervenção melhora temporariamente a liquidez, mas não resolve questões estruturais que sustentam a volatilidade, sobretudo em um cenário de persistentes incertezas sobre a trajetória fiscal do Brasil. “O dólar virou para alta, acima dos R$ 6,00, mesmo com o BC vendendo US$ 4 bilhões em dois leilões de linha, mostrando que o câmbio não vai dar descanso para o real. Se novas medidas fiscais não forem tomadas, devemos seguir vendo a escalada da moeda americana”, destaca Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.

Mercado monitora novos dados nos EUA

No exterior, o mercado acompanhou a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,4% em novembro ante outubro, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quinta-feira. Na comparação anual, o PPI avançou 3,0% em novembro.

Já o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 17 mil na semana encerrada em 7 de dezembro, para 242 mil. O resultado veio bem acima da previsão de analistas consultados pela FactSet, que esperavam um montante de 220 mil.

Dólar deve subir mais?

Em relatório divulgado nesta quinta-feira, o BTG Pactual revisou sua projeção do dólar para os próximos anos. Diante da deterioração das expectativas em relação ao quadro fiscal do País, o banco colocou uma estimativa de R$ 6,25 para a moeda ao final de 2025 e de R$ 6,35 para o final de 2026.

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A casa pondera, no entanto, que ações do governo para contornar o Orçamento, minar a credibilidade da política monetária ou intervir no mercado cambial teriam potencial de levar o câmbio a ultrapassar a barreira de R$ 7,00 no próximo ano.

A última edição do Boletim Focus trouxe uma elevação na projeção para o dólar ao final de 2024. O mercado espera que a moeda americana encerre o ano em R$ 5,95. Um mês antes, a estimativa estava em R$ 5,55

A expectativa para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,60 para R$ 5,77, enquanto a de 2026 subiu de R$ 5,60 para R$ 5,73. Já a projeção do dólar para 2027 avançou de R$ 5,50 para R$ 5,69.