O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (14) em queda firme no mercado doméstico de câmbio, em sintonia com a onda global de enfraquecimento da moeda americana.
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Leitura ligeiramente abaixo do esperado da inflação ao consumidor nos Estados Unidos não apenas consolidou a perspectiva de que não haverá alta adicional da taxa básica americana em dezembro como insuflou as apostas em corte de juros ainda no primeiro semestre de 2024. Foi a senha para que investidores corressem para bolsas e moedas emergentes.
Em baixa desde a abertura dos negócios, o dólar à vista chegou a romper pontualmente o piso de R$ 4,85 pela manhã, quando registrou mínima a R$ 4,8486. No fim do dia, a moeda recuava 0,93%, cotada a R$ 4,8620 – menor valor de fechamento desde 18 de setembro. As perdas do dólar em novembro agora são de 3,56%.
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O real, que costuma se destacar entre emergentes em episódios de apetite ao risco, desta vez apresentou desempenho inferior a de seus pares latino-americanos, os pesos mexicano, colombiano e chileno. Embora possa haver uma postura mais defensiva típica de véspera de feriado, analistas atribuem o fôlego mais curto da moeda brasileira ao aumento de chamado risco fiscal.
Na política
As atenções estão voltadas para o relatório final do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária (PLDO). Deputados e senadores têm até a sexta-feira para propor emendas e há risco de abandono da meta fiscal de déficit primário zero em 2024.
“As perspectivas fiscais se deterioraram muito com os sinais do governo de falta de compromisso fiscal. Temos essa expectativa de alteração da meta para um déficit maior durante a tramitação da LDO. É muito difícil ver o dólar abaixo de R$ 4,80 com esse ceticismo do mercado com o fiscal”, afirma sócio e head de Câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac.
O especialista atribui a apreciação do real nesta terça-feira ao comportamento global da moeda americana, na esteira das apostas em fim do ciclo de aperto monetário nos EUA com o arrefecimento da inflação.