Após trocas de sinal ao longo do dia, o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (19), véspera de decisão de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, cotado a R$ 5,0297, o que significa avanço 0,08%. Pela manhã, a divisa até ensaiou uma alta mais firme, com máxima a R$ 5,0549, mas perdeu força no início da tarde com relatos de entrada de fluxo comercial e realização de lucros. A mínima, a R$ 5,0170, ocorreu na segunda etapa de negócios, em meio a recuo das taxas dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) e máximas do Ibovespa.
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O fato de a taxa de câmbio permanecer acima de R$ 5,00 sugere que os investidores mantêm uma postura cautelosa à espera, principalmente, dos sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a condução da política monetária em 2024. É dado como certo que a autoridade monetária manterá a taxa básica no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano.
As atenções se voltam às projeções dos dirigentes contidas no chamado gráfico de pontos – que da última vez trouxe previsão majoritária de três cortes de juros nos EUA neste ano – e à entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell, após a decisão. Por ora, as expectativas ainda são de redução da taxa básica em 75 pontos-base neste ano.
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Nos últimos dias, as preocupações com a inflação americana, após as leituras dos índices de preços ao consumidor e ao atacado divulgadas na semana passada, levaram a uma redução das chances de corte de juros pelo Fed em junho da casa de 70% para pouco mais de 50%. Esse rearranjo provocou avanço das taxas dos Treasuries e uma valorização global da moeda americana, em especial na comparação com divisas emergentes.
Efeito Petrobras sobre o dólar
A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, afirma que o principal fator por trás do escorregão recente do real está o fortalecimento global da moeda americana, sobretudo após a leitura acima das expectativas do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) em janeiro, divulgada na última quinta-feira (14).
“A questão é que aqui dentro não vemos eventos para neutralizar parte desse efeito externo. Pelo contrário, o ambiente político está muito ruidoso”, afirma Damico, lembrando os questionamentos de intervenção política na gestão da Petrobras (PETR3; PETR4) após a retenção de dividendos extraordinários. “Temos também uma queda de popularidade do presidente Lula, que pode levar a ações populistas e implicar mais gastos.”
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A economista da Armor observa que, nos últimos dias, o real teve desempenho relativo inferior a de seus principais pares, embora os fundamentos estejam melhores. Ela cita os resultados bons balança comercial e arrecadação federal mais forte neste início do ano, que pode levar o governo a postergar a discussão da revisão da meta de resultado primário. “O problema é que esse ruído político tem feito preço na moeda”, afirma.
No exterior, o índice DXY – que compara o dólar com uma cesta de outros moedas fortes – operou em alta ao longo do dia, com máxima pouco acima da linha dos 104,000 pontos, graças, sobretudo, à alta de mais de 1% em relação ao iene. Embora o Banco do Japão tenha elevado a taxa de juros pela primeira vez em 17 anos e abandonado o controle da curva, o BoJ reiterou que as condições financeiras vão seguir acomodatícias.