Publicidade

Tempo Real

Dólar hoje ignora leilões do Banco Central e renova recorde de fechamento

Intervenções da autoridade monetária não evitaram a forte aceleração da moeda americana hoje

Dólar hoje ignora leilões do Banco Central e renova recorde de fechamento
Notas de dólar. Foto: Envato Elements

O dólar hoje fechou em alta e renovou o seu recorde histórico de encerramento, mesmo após intervenções do Banco Central. A moeda americana finalizou esta segunda-feira (16) em valorização de 1,03% a R$ 6,0934. Ao longo da sessão, oscilou entre máxima a R$ 6,0986 e mínima a R$ 6,0261. Até então, o maior patamar registrado pela divisa no fechamento havia sido R$ 6,0829, marca alcançada na última segunda-feira (9).

Logo após a abertura do mercado hoje, quando a cotação do dólar se aproximou de R$ 6,10, o Banco Central anunciou um leilão de moeda à vista, no valor total de US$ 1,6 bilhão – o lote foi todo vendido, a R$ 6,04. Mais tarde, foi feito um novo leilão, de US$ 3 bilhões, com compromisso de recompra (o chamado leilão de linha). Esse lote também foi todo vendido.

Esse tipo de operação ajuda a aumentar a oferta de moeda estrangeira no mercado, reduzindo a pressão causada por movimentos especulativos ou desequilíbrios momentâneos entre oferta e demanda. “Esse leilões refletem as preocupações do mercado com o cenário fiscal, marcado por incertezas sobre o compromisso do governo com as contas públicas e o andamento do pacote do governo no Congresso”, explica Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Após as intervenções do Banco Central, o dólar reduziu o ritmo de alta, mas voltou a ampliar ganhos ao final da tarde. “O peso das preocupações fiscais acaba predominando e os leilões ainda não têm se mostrado suficientes para conter o avanço da moeda americana“, diz Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me Banco.

O tempo é curto, de uma semana, para a votação das propostas de cortes de gastos de R$ 70 bilhões na Câmara e no Senado. Os parlamentares têm até sexta-feira (20) para apreciarem as medidas, antes do recesso parlamentar, que começa no dia 23 de dezembro e vai até 1º de fevereiro de 2025. Também são esperadas as votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA).

No cenário doméstico, o mercado ainda monitorou nesta segunda-feira a última edição do Boletim Focus. No primeiro relatório divulgado após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da última quarta-feira (11), a mediana para a Selic ao fim de 2025 subiu de 13,50% para 14%. Já a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 aumentou pela nona semana consecutiva, de 4,59% para 4,60% – acima do teto da meta, de 4,50%.

Investidores agora aguardam a divulgação, na terça-feira (17), da ata da última reunião do Copom, após o comunicado da autoridade já traçar novas altas de 100 pontos-base para a Selic nas próximas duas reuniões do órgão.

Publicidade

No cenário externo, o destaque será a decisão do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira (18), com expectativa de corte de 25 pontos-base nos juros, para o intervalo de 4,25% a 4,5%. Com o mercado à espera do futuro da política monetária americana, a moeda dos EUA caiu nesta segunda-feira. O índice DYX, termômetro do comportamento do dólar em relação a seis moedas fortes (euro, iene japonês, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), exibia perdas de 0,13% ao final da tarde, aos 106,863 pontos.

Dólar ainda deve subir mais?

O dólar já acumula alta de 25,55% em relação ao real em 2024, o que levou diferentes instituições a reverem suas projeções futuras para a moeda americana, como mostramos nesta reportagem. Dentre as casas consultadas, o Wells Fargo tem a maior estimativa e acredita que o dólar pode alcançar o patamar de R$ 7 ainda no primeiro trimestre de 2026, em um cenário global de fortalecimento da divisa e de perda de confiança na credibilidade fiscal do Brasil.

O Boletim Focus desta segunda-feira também trouxe uma piora nas expectativas para o câmbio. Agora, a mediana do mercado para o dólar ao final de 2024 subiu de R$ 5,95 para R$ 5,99. Há 4 semanas, a projeção era de R$ 5,60. A estimativa intermediária para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,77 para R$ 5,85, na sétima alta seguida. Já a projeção para o fim de 2026 passou de R$ 5,73 para R$ 5,80 e, para o fim de 2027, de R$ 5,69 para R$ 5,70.