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Dólar hoje: moeda cai para R$ 5,48 após anúncio do governo de corte de R$ 25,9 bi

Queda é a menor em uma semana de altas consecutivas; dólar chegou a custar R$ 5,70

Dólar hoje: moeda cai para R$ 5,48 após anúncio do governo de corte de R$ 25,9 bi
O dólar atingiu a sua maior cotação desde agosto de 2022. (Foto: Adobe Stock)
  • Na quarta-feira (3), o dólar começou a mostrar baixa ao ser cotado a R$ 5,5683
  • Anúncio de corte ocorre após dias de turbulência nos mercados, devido à crescente desconfiança dos agentes econômicos
  • Investidores aguardam a divulgação dos dados do payroll, o relatório de emprego dos Estados Unidos

O dólar hoje abriu em queda de 1,47% e é comercializado a R$ 5,486 nesta quinta-feira (4), menor valor desde 26 de junho deste ano, quando a moeda americana foi negociada a R$ 5,4511.

Na quarta-feira (3), o dólar começou a mostrar baixa ao ser cotado a R$ 5,5683. Um dos fatores que pode explicar o valor do dólar hoje fica com o anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ontem, de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a preservação do arcabouço fiscal e anunciou um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas com benefícios sociais para 2025, que serão submetidos a uma revisão minuciosa.

O anúncio ocorre após dias de turbulência nos mercados, devido à crescente desconfiança dos agentes econômicos em relação ao compromisso do governo em cumprir as regras fiscais vigentes. “A primeira coisa que o presidente determinou é: cumpra-se o arcabouço fiscal. Não há discussão a esse respeito”, disse Haddad em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

Segundo ele, a orientação do presidente “é que o arcabouço seja preservado a todo custo”. Isso significa, detalhou Haddad, que o governo vai conter despesas já em 2024 para alcançar a meta fiscal e respeitar o limite de gastos. As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.

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Outro fator que ajuda a queda do dólar é o feriado nos Estados Unidos, que hoje celebra o Dia da Independência Americana. A folga fez com que as bolsas de Wall Street encerrassem suas operações mais cedo ontem e só retomem suas atividades amanhã. Além disso, os investidores aguardam a divulgação dos dados do payroll, o relatório de emprego americano, que será publicado nesta sexta-feira (5) pela manhã. O indicador é cuidadosamente monitorado pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, ao avaliar o estado do mercado de trabalho e determinar sua política monetária.

Trégua do dólar

Com forte valorização do dólar na última semana, a moeda americana chegou a ser vendida a R$ 5,70, valor influenciado, principalmente, por uma série de críticas do presidente Lula ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

Na segunda-feira (1º), em entrevista à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA), Lula afirmou que o correto é que o atual presidente da República indique quem vai comandar a autoridade financeira durante o seu mandato. “Eu estou há dois anos governando com o presidente do Banco Central indicado pelo Bolsonaro. Ou seja, não é correto isso. O correto é que o presidente entre e indique o presidente do BC. Se não der certo, ele tira. Como o Fernando Henrique tirou três”, disse.

O petista também voltou a criticar a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, classificando a medida como “exagerada”. “Quem quer o banco central autônomo é o mercado. Eu tive um Banco Central independente, o Meirelles ficou oito anos no Banco Central no meu governo, sem que o presidente se metesse. O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando com o que é o desejo da população. Não precisamos ter política de juros alto neste momento. A taxa Selic de 10,5% está exagerada. A inflação está controlada”, afirmou.

Na terça-feira (2), Lula afirmou, em entrevista para a rádio Sociedade, em Salvador, que Campos Neto tem “viés político” e que esse perfil não deveria estar à frente da instituição. Lula comentou ainda que, durante seu primeiro mandato, nos anos 2000, o Banco Central tinha “autonomia” mesmo estando sob seu “domínio”. “Eu acho que a minha visão sobre o Banco Central não é teórica, é a visão de um presidente que teve um Banco Central sob meu domínio durante oito anos e com total autonomia”, disse.

O presidente defendeu a prerrogativa de indicar o dirigente do Banco Central, destacando que esse dirigente não deve fazer apenas o que o governo quer, pois a instituição tem uma função específica. “Agora, veja, eu não posso fazer nada, porque ele é o presidente do Banco Central, ele tem um mandato, ele foi eleito pelo Senado, eu tenho de esperar ele terminar o mandato e indicar alguém”, completou.

O petista reiterou que acredita no funcionamento correto e autônomo do Banco Central, com um presidente que não esteja sujeito a pressões políticas, mas salientou que a instituição não deve servir aos interesses do sistema financeiro e do mercado. Lula também criticou a manutenção da taxa de juros a 10,50% ao ano, conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em 19 de junho.

Haddad aconselha Lula a ter cautela

Reunidos no Palácio da Alvorada, em Brasília, na quarta-feira (3), para discutir estratégias de redução de despesas e frear as consecutivas altas no dólar, Haddad combinou com Lula uma estratégia de melhoria de comunicação do governo com o mercado financeiro para tentar arrumar a casa, segundo noticiou a GloboNews e a CNN.

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O ministro da Fazenda também aconselhou o presidente a ter um pouco de cautela quanto às declarações sobre a política monetária e às críticas à atuação de Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central (BC), informaram as emissoras.

Em apenas um mês, o dólar subiu 7,32% e, neste ano, acumula alta de 16,11%. No começo de junho, a moeda estava cotada a R$ 5,23, mas foi aumentando a cada declaração de Lula sobre Campos Neto e os gastos públicos. O presidente insistia, à época, que não era necessário cortar despesas, o que gerou preocupação entre os investidores.

A moeda americana acumula, em julho, queda de 0,36% na semana, um recuo de 0,36% no mês e uma alta de 14,75% no ano.

O que afeta o dólar hoje?

  • Anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre preservação do arcabouço fiscal e corte de R$ 25,9 bilhões em despesas com benefícios sociais para 2025.
  • Declaração de Haddad diminui desconfiança dos agentes econômicos em relação ao compromisso do governo com as regras fiscais vigentes.
  • Feriado nos Estados Unidos, celebrando o Dia da Independência Americana, levando ao fechamento antecipado das bolsas de Wall Street.
  • Expectativa dos investidores pela divulgação dos dados do payroll, o relatório de emprego dos EUA, que será publicado nesta sexta-feira pelo Federal Reserve.
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