

O cenário de potencial perda de fôlego na economia, tanto interna quanto externamente, e de continuidade na queda dos juros dos Estados Unidos contribuiu para uma leve redução das taxas dos contratos de DI na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Apesar do debate no mercado sobre qual deve ser o ponto final do ciclo de alta da Selic, a curva se movimenta para refletir a chance de a taxa parar de subir antes de alcançar os 15% ao ano.
Gustavo Okuyama, gestor de renda fixa da Porto Asset, aponta que fatores como dados mais fracos sobre a atividade colhidos neste ano e a diminuição dos juros de Treasuries colaboraram para comprimir o prêmio de risco aplicado aos ativos brasileiros.
“Com isso, a gente corre o risco não desprezível de o Banco Central vir com comunicação mais dovish”, disse Okuyama, acrescentando que o mercado estará particularmente atento à indicação do Copom sobre qual será o movimento da Selic em maio. “A gente tem visto opinião para todos os lados, inclusive algumas achando que ele deixaria em aberto. Eu acredito que sinalizará um ajuste de menor magnitude”, disse o gestor.
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Segundo ele, a curva de DIs precifica, além da alta de 1 ponto porcentual na reunião do Copom amanhã, aumentos de 0,48 ponto no encontro de maio, de 0,16 ponto no de junho e de 0,03 ponto em julho.
Marcos Iório, gestor dos fundos de crédito privado do Integral Group, afirmou que o Copom deve mostrar intenção de desacelerar o ritmo de alta da Selic, mas deixar a porta aberta em relação à trajetória da taxa nas próximas decisões caso precise tomar decisões mais duras à frente.
Para o gestor, ainda que a curva aponte chance de a Selic não chegar a 15%, há fatores que justificariam a taxa inclusive a níveis maiores – o Integral Group espera que ela alcance 15,50%, com alta de 0,75 ponto porcentual em maio e de 0,50 ponto porcentual posteriormente, além do avanço já esperado para 14,25% na decisão do Copom amanhã.
“O cenário ainda é feio quando se olha para a expectativa de inflação, a inflação corrente e para os índices de atividade ainda mistos. Vai ser muito direcionado pelos dados”, afirmou.
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A proposta do governo para isentar de Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil mensais teve pouco efeito nos juros futuros. “Era amplamente esperado e inicialmente parece que a contrapartida seria suficiente para pagar a isenção”, disse Okuyama. “O que vai importar agora, mais do que o que foi apresentado inicialmente, é o que vai sair” após a tramitação no Congresso, acrescentou.
A taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 caiu a 14,725%, de 14,740% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 diminuiu a 14,420%, de 14,470%, e a taxa para janeiro de 2029 recuou a 14,195%, de 14,286%.