As ações da Gol (GOLL54) derretem nesta segunda-feira (16) na Bolsa de Valores brasileira. No fechamento, os papéis da companhia aérea tombaram 47,22% cotados a R$ 370. Na última sessão, os ativos passaram boa parte do pregão em leilão – mecanismo acionado pela B3 para proteger investidores de variações atípicas – depois de dispararem 1886% em sua estreia.
Desde a última quinta-feira (12), os ativos são negociados em um lote padrão de 1 mil ações, o que ajuda a explicar a movimentação atípica. Agora, para entender o preço real da ação, o investidor tem de dividir o valor de tela por 1.000. Ou seja, o preço atual de R$ 395, na verdade, representa R$ 0,395 – abaixo do valor de fechamento de GOLL4 na quarta-feira (11), então de R$ 0,79.
A mudança faz parte do processo de reestruturação da empresa, que recebeu um aumento de capital de R$ 12 bilhões, com novas ações preferenciais precificadas a R$ 0,01 cada.
Na quinta-feira (12), teve início a negociação dos papéis da empresa com o chamado direito de preferência, que ocorre quando uma companhia decide colocar mais ações à venda na Bolsa de Valores. Nesse caso, ela é obrigada a dar preferência de compra dessas novas ações a seus atuais investidores. A ideia é garantir a opção para que os acionistas possam manter o mesmo nível de participação na empresa. No caso da Gol, será possível exercer esse direito até 14 de julho.
Na última semana, a empresa também estreou seus novos tickers — GOLL53 para ações ordinárias e GOLL54 para preferenciais –, além de ter passado a operar nos lotes padrão de 1 mil ações
Em relatório divulgado a clientes na sexta-feira (13), o BTG Pactual reiterou recomendação de venda para Gol, destacando suas preocupações com a companhia aérea. O banco menciona que o valor de mercado atual, considerando a nova quantidade de ações, coloca a empresa como uma das mais valiosas do Brasil, maior do que nomes como Weg (WEGE3), Localiza (RENT3) e Rumo (RAIL3). A distorção, no entanto, é que a Gol acabou de sair de um Chapter 11 (processo de recuperação judicial nos Estados Unidos).
“Algo claramente está fora do lugar. Acreditamos que isso se deve, principalmente, ao volume muito baixo de negociação das ações da Gol, o que tem impedido o mercado de fazer uma avaliação adequada da companhia”, destaca o banco.
Além disso, o BTG não descarta a possibilidade de que a conversão em novas ações tenha gerado alguma confusão. “Sabemos que o setor aéreo costuma envolver finanças complexas e que a Gol tem um histórico de estruturas financeiras complicadas, mas desta vez até nós ficamos impressionados com o tamanho da distorção”, diz.