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Ibovespa tem leve baixa de 0,08%, a 105,7 mil pontos, com foco em Brasília

Ibovespa tem leve baixa de 0,08%, a 105,7 mil pontos, com foco em Brasília
Painel da B3. (Amanda Perobelli/ Reuters)

O Ibovespa flutuou entre leves perdas e ganhos ao longo desta segunda-feira, em margem restrita de menos de 1,2 mil pontos entre a mínima (105.226,60) e a máxima (106.402,11) da sessão, vindo de abertura aos 105.807,20 pontos. No fechamento, mostrava baixa de 0,08%, aos 105.711,05 pontos, com giro financeiro ainda reduzido, a R$ 17,7 bilhões. Faltando a sessão de amanhã para o encerramento do mês, o Ibovespa recua 6,81% em fevereiro e 3,67% no ano.

O sinal de Nova York se manteve positivo, mas o Ibovespa o acompanhou nos melhores momentos sempre a uma certa distância, contido pelo cenário macro doméstico em que assomava nesta semana a incerteza, até o meio da tarde, sobre a reoneração dos combustíveis.

A queda de braço entre a equipe econômica, com Fernando Haddad (Fazenda) à frente, focada na arrecadação, e a ala política do governo, que defendia a prorrogação da desoneração federal pelo efeito sobre a inflação, foi monitorada de perto pelo mercado, atento a eventuais sinais de desgaste precoce do ministro, sob o que seria fogo amigo. A questão precisava ser definida nos próximos dias tendo em vista que o prazo da desoneração se encerra amanhã, com o fim do mês.

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À tarde veio a definição de agrado do mercado: o Ministério da Fazenda confirmou a reoneração completa do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol, como havia antecipado o Broadcast/Estadão. A modelagem da cobrança, com porcentual definido sobre cada item, ainda não foi informada, mas a Fazenda garantiu que não haverá perda de arrecadação, e os R$ 28,9 bilhões de aumento de receitas estão garantidos.

Assim, “no mercado de juros, o dia foi de fechamento de taxas, com os vencimentos mais curtos fechando em torno de 10 pontos-base. A reoneração dos combustíveis se confirmou à tarde, embora sem detalhes sobre as alíquotas, de como será essa retomada. A notícia animou pelo lado fiscal, pela arrecadação. Foi o grande evento do dia”, diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

“O mercado estava um pouco mais apreensivo quanto ao que seria feito sobre os combustíveis, com a percepção inicial de que Haddad estaria sob fogo amigo quando ainda se discute o formato do futuro arcabouço fiscal. E num momento em que os investidores institucionais e estrangeiros estão saindo da Bolsa”, diz Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3, referindo-se também ao elevado nível em que já estão as taxas de juros de referência globais.

Por outro lado, “o impacto da reoneração dos combustíveis é positivo para Bolsa”, diz Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos. “A notícia abre espaço para recuperação de receita num momento em que o governo está precisando. A reoneração, da forma como eles estão dizendo, ameniza o lado fiscal, mas é preciso esperar para ver como isso será feito. O mercado ainda está um pouco desconfortável por todo esse fogo cruzado, toda essa resistência (à reoneração) vista na própria base do governo”, acrescenta o analista.

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Entre as ações e os setores de maior peso no Ibovespa, o avanço de Petrobras, embora moderado no fechamento (ON +1,66%, PN +0,69%), mesmo com o recuo do petróleo na sessão, foi fundamental para dar algum suporte à referência da B3, assim como os ganhos do setor siderúrgico (CSN ON +1,27%, Gerdau PN +0,53%). Vale ON fechou sem variação, em dia negativo para o minério de ferro na China, enquanto entre os grandes bancos as perdas chegaram a 1,36% (BB ON) no encerramento.

Na ponta do Ibovespa, São Martinho (+5,12%), após o Citi elevar em 40% a previsão de lucro da empresa para a safra 2022/2023, logo atrás de Raízen (+5,19%) na sessão, e à frente de Alpargatas (+2,75%) e Eztec (+2,70%). No lado oposto, Hapvida (-4,21%), CVC (-4,12%), Qualicorp (-3,67%) e Petz (-3,47%).

“O volume está bastante baixo e o índice (Bovespa) ficou com uma volatilidade muito pequena, perto de zero, hoje. O giro tem ficado em quase metade do que era negociado seis meses atrás, o que mostra, agora, baixo interesse do investidor estrangeiro. E o estrangeiro era o grande ‘player’ que vinha mostrando convicção, com uma ponta para entrar. No ano, já vemos fluxo negativo do estrangeiro, impactando o volume da Bolsa”, diz Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset.

Ele destaca na sessão o fraco desempenho das ações de bancos, contrabalançado pelos ganhos de Petrobras e do segmento de açúcar e álcool, com São Martinho e Raízen à frente. “Esses dois grupos de papéis têm em comum a discussão sobre a reoneração dos combustíveis, que afeta tanto os preços da gasolina como do álcool, beneficiando essas empresas”, diz. “Com relação à Petrobras, há também a divulgação dos resultados, nesta semana, e principalmente a proposta sobre o fundo de estabilização de preços, que pode ser ao final uma alternativa interessante para o acionista, com interferência política menor na definição de preços, ainda que não seja a solução ideal”, acrescenta.

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