

Após abrir em estabilidade, o Ibovespa hoje ampliou ritmo de queda nesta quinta-feira (20). Às 12h47, o índice abandonou os 132 mil pontos e passou a cair 0,47%, a 131.883 pontos. Os investidores acompanham a reação do mercado após decisão da Selic e novo leilão de dólares do Banco Central (BC) – veja aqui os principais assuntos do dia.
Para Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3, após seis elevações consecutivas do Índice principal índice da B3 hoje, é natural uma queda. “Tem alta forte no mês até agora, já sobe 7,74%. Um aumento da Selic já era esperado. E o indicador está nessa zona de 132 mil pontos, é uma linha de resistência. Geralmente fica batendo de um lado para o outro. Se romper, pode andar mais. Mas é natural corrigir”, avalia.
Os ânimos limitados nas bolsas de Nova York e nas commodities hoje tendem a refletir no desempenho do Índice Bovespa hoje.
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As bolsas de valores internacionais operam sob cautela após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manter os juros inalterados em 4,5% devido às incertezas da política tarifária do governo Trump.
Já em relação ao Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa Selic foi elevada de 13,25% para 14,25% ao ano, o maior nível desde outubro, de forma unânime, em linha com a orientação futura. Contudo, o Banco Central (BC) indicou redução no ritmo de alta à frente.
Para Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria, o texto começou a preparar terreno para o final do ciclo e sinalizou um ritmo menor de aperto em maio, algo natural diante do estágio avançado do ajuste. “No entanto, deu pouca ênfase aos sinais de esfriamento da atividade e ao recuo do dólar, além de enfatizar o quadro inflacionário adverso”, avalia o sócio da consultoria em nota.
No mercado de câmbio, a alta generalizada do dólar hoje no exterior e a fraqueza das commodities tendem a pressionar o real para baixo. No entanto, a realização de mais dois leilões de linha do BC pode aliviar os ajustes da taxa de câmbio. Nesta quinta-feira, o dólar abriu em alta de 0,25%, a R$ 5,6624. Às 12h33, a moeda subia 0,18%, a R$ 5,6678.
Já os juros futuros sobem, em especial os curtos e médios, diante da leitura do mercado do comunicado do Comitê de Política Monetária mais conservador.
As ações em destaque no Ibovespa hoje
Minerva (BEEF3) dispara após balanço
Os papéis da Minerva ganham 10,20%, liderando as maiores altas do Ibovespa. Conforme balanço divulgado na quarta-feira, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,567 bilhão no quarto trimestre de 2024, revertendo o lucro de R$ 19,8 milhões contabilizado em igual período de 2023. Para o Citi, apesar dos desafios do aumento dos preços do gado e da volatilidade cambial, a empresa obteve forte crescimento de receita na comparação trimestral.
Embraer (EMBR3) puxa quedas na Bolsa
As ações da Embraer lideram as maiores quedas da B3 nesta quinta-feira, com recuo de 4,07%, negociada a R$ 76,02.
PetroReconcavo (RECV3) figura entre perdas após balanço
As ações da PetroReconcavo cedem 2,86%, na segunda maior perda do Ibov hoje, após a empresa divulgar balanço referente ao quarto trimestre de 2024. A companhia reportou lucro líquido de R$ 32,4 milhões no período, queda de 83% ante igual intervalo de 2023. Os números vieram em linha com o esperado pelo Citi. Apesar do aumento anual nas reservas, o banco não vê o tema como um grande catalisador para a ação.
Vale (VALE3) recua com minério
As ações da Vale operam em queda de 0,31%, em linha com o recuo do minério de ferro de 0,46% em Dalian, cotado a 762 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 105,37.
Petrobras (PETR3; PETR4) destoa do petróleo
As ações da Petrobras vão na contramão do petróleo, que opera valorizado em torno de 1,24% nesta manhã. Os ativos ordinários da petroleira caem 0,10%, enquanto os ordinários cedem 0,41%.
Mercado financeiro hoje: o que ganha destaque nesta quinta-feira
Cautela paira sob bolsas internacionais com tarifas de Trump
O tom é de cautela no mercado internacional, um dia após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e com o desfecho do Banco da Inglaterra, que, assim como o Fed, manteve os juros inalterados em 4,5%, interrompendo o ciclo de cortes devido às incertezas da política tarifária do governo Trump. O presidente dos EUA afirmou que o Fed deveria reduzir os juros por causa dos efeitos das novas tarifas.
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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou que um aumento de tarifas dos EUA sobre importações da União Europeia (UE), seguido de medidas retaliatórias do bloco, poderia enfraquecer o crescimento econômico da zona do euro e impulsionar a inflação. Veja detalhes sobre o pregão das principais bolsas europeias aqui.
Nesta quinta-feira, o Banco Central da Suíça cortou sua taxa básica em 25 pontos-base, para 0,25%, enquanto o da Suécia manteve sua taxa principal em 2,25%. Já o Banco Central da China não alterou suas taxas pelo quinto mês consecutivo.
Os índices futuros das bolsas de valores de Nova York e os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) recuam, após o Fed manter a previsão de dois cortes de juros em 2024. O dólar hoje avança ante euro e libra, mas cai em relação ao iene.
Selic atinge maior taxa desde 2016
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, em decisão unânime, cumprindo o forward guidance (projeção) do Banco Central (BC). A taxa atinge agora seu maior nível nominal desde outubro de 2016, alcançando o mesmo patamar registrado durante a crise do governo Dilma Rousseff (PT), quando a Selic foi mantida em 14,25% entre 2015 e 2016. O ministro Fernando Haddad afirmou que só comentará a decisão após a publicação da ata do Copom, na próxima terça-feira (25).
BC oferta até US$ 2 bilhões em novo leilão
O Banco Central (BC) vendeu toda a oferta de US$ 2 bilhões em dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra (leilões de linha) realizados simultaneamente nesta quinta-feira (20), de 10h30 às 10h35. A autarquia aceitou quatro propostas em cada um dos leilões, equivalentes à oferta total de US$ 1 bilhão de cada certame. Veja os detalhes aqui.
Expectativas para o Ibovespa hoje após decisão sobre Selic
Analistas apontam que o ajuste nos juros hoje deve ser moderado, com leve baixa nos vencimentos mais curtos, diante da proximidade do fim do ciclo de aperto monetário. O real pode se beneficiar do ingresso de fluxo especulativo tanto pela decisão do Copom quanto pela manutenção dos juros nos EUA.
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou a 0,28% na segunda prévia de março, após registrar alta de 0,92% em igual leitura de fevereiro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
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O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), relator da Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, afirmou que o atraso na votação do texto foi positivo, pois “deu tempo ao governo de modificar várias rubricas”, e pode repercutir no Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva e Isabela Mendes, do Broadcast