

O Ibovespa hoje subiu forte sexta-feira (14), enquanto os investidores acompanharam as vendas no varejo de janeiro no Brasil e a guerra comercial americana. O índice fechou em alta de 2,64% aos 128.957,09 pontos. Veja aqui os principais assuntos do dia.
A valorização do índice hoje aconteceu principalmente devido ao aumento do apetite dos investidores pelo Brasil. “Grande parte disso está em função do fluxo de estrangeiro vindo dos Estados Unidos para países como Brasil, China e alguns do continente europeu, neste momento de elevada incerteza devido à atual política americana”, avalia Pedro Caldeira, sócio da One Investimentos. “Ainda que as bolsas estejam subindo em Nova York, não têm conseguido altas seguidas. O Brasil acaba sendo polo desse fluxo, em função do valuation (valor do ativo) descontado”, completa.
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O avanço das commodities também jogou a Bolsa de Valores hoje para cima, mesmo após ter fechado com alta de 1,43% na véspera, aos 125.637,11 pontos. Só o minério de ferro disparou 2,32% hoje, em meio a expectativas de anúncio de estímulos na China, enquanto o petróleo avançou na faixa de 1%.
Além de acompanharem os desdobramentos das tarifas impostas pelo governo americano, os investidores também avaliaram indicadores brasileiros a poucos dias da decisão de política monetária dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, que sairão na quarta-feira que vem – uma nova “Super Quarta”.
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Nesta manhã, foram informados os resultados do setor público consolidado e as vendas varejistas de janeiro. O varejo veio em linha com os recentes indicadores de atividade informados, sugerindo desaceleração discreta da atividade na margem. Desta forma, há risco de a Selic ser mantida em nível elevado por mais tempo. Para a semana que vem, espera-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a indicação e aumente a taxa de 13,25% para 14,25% ao ano.
Balanços de empresas, como os resultados da Eletrobras (ELET3; ELET6) e os números da Magazine Luiza (MGLU3), também guiaram os negócios no Índice Bovespa hoje.
No mercado de câmbio, o real subiu com o dólar hoje fraco no exterior ante moedas principais e emergentes. Nesta sexta-feira, o dólar abriu em queda de 0,15%, a R$ 5,7913. A moeda encerrou o pregão em queda de 0,98% a R$ 5,7433. Os juros futuros rondaram ajustes após os indicadores brasileiros desta manhã.
Ações em destaque no Ibovespa hoje
Magazine Luiza (MGLU3) puxa altas após balanço
Com um lucro líquido de R$ 294,8 milhões nos últimos três meses de 2024, alta de 38,9% frente ao mesmo período de 2023, o Magazine Luiza subiu 13,48%, entre as maiores altas do Ibovespa.
Para o head de renda variável da Fami Capital, Gustavo Bertotti, o destaque do resultado foi o lado operacional, que compensa outros resultados menores do que o esperado, apesar de positivos.
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O Citi considerou os resultados abaixo do esperado, mas apontou que o Luizacred é um destaque positivo do balanço. Já a XP classificou os resultados como “mistos”, mas entendeu que o Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) de 7,8% mostra um cenário melhor e uma alta de 2,6%, na comparação trimestral, do valor bruto de mercadoria total.
Natura (NTCO3) perde R$ 5 bi em valor de mercado após balanço
As ações da Natura perderam mais de R$ 5 bilhões em valor de mercado apenas na primeira hora do pregão desta sexta-feira, com queda de mais de 28%, influenciadas pelo balanço do quarto trimestre de 2024. As ações lideraram a ponta negativa do Ibovespa hoje, com recuo de 29,94%.
A empresa registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 438,3 milhões no quarto trimestre de 2024, ante perdas de R$ 2,661 bilhões reportadas no mesmo período de 2023. No ano, o prejuízo líquido consolidado chegou a R$ 8,929 bilhões, revertendo lucro de R$ 2,974 bilhões reportado em 2023.
Em teleconferência de resultados, o CEO da empresa, João Paulo Ferreira, chegou a comentar a frustração com o resultado. “A rentabilidade do quarto trimestre de 2024 também nos frustra”, disse.
Petrobras (PETR3; PETR4) avança com petróleo
Com a alta do petróleo, as ações da Petrobras subiram 3,90% (ON) e 3,08% (PN). O petróleo Brent subiu 1% e o WTI teve alta de 0,94%.
Vale (VALE3) sobe com minério
Com o minério de ferro subindo 2,32% em Dalian, 1,18% em Cingapura e 2,07% em Qingdao, as ações da Vale ganharam 3,28% no pregão desta sexta-feira, assim como a CSN Mineração que avançou 6,77%. “A recuperação da demanda de aço na China, combinada com estoques menores de minério de ferro nos portos e aumento da produção de pelotas, sustentou os preços em patamares elevados”, informou o CEO da Tarraco, Gilberto Cardoso.
Entre as siderúrgicas, Gerdau PN subiu 2,61%, assim como CSN (+11,82%) e Usiminas PNA (+4,07%).
Mercado financeiro hoje: o que fica no radar desta sexta-feira
Como as tarifas de Trump refletem nas bolsas internacionais hoje?
As bolsas europeias começaram o pregão em baixa, por receios com tarifas, e Londres foi afetada também pela queda inesperada de 0,9% da produção industrial do Reino Unido em janeiro (previsão era +0,2%). No início da manhã, no entanto, todas estavam no azul.
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Em Nova York, Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 se recuperaram após fortes perdas de quinta-feira (13) com mais ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump. O republicano sofreu um revés após dois juízes federais ordenarem a recontratação de mais de 20 mil funcionários públicos demitidos.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que é preciso “sentar e negociar” sobre tarifas de Trump com os EUA.
Ainda entre as bolsas internacionais hoje, na Ásia, medidas da China para impulsionar o consumo ajudaram na alta dos mercados. Nesta manhã, foi revelado que os bancos do país reduziram drasticamente a concessão de empréstimos em fevereiro.
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou na quinta-feira que, em princípio, apoia a proposta dos EUA para um cessar-fogo na Ucrânia, mas buscou uma série de esclarecimentos e impôs condições que parecem descartar um rápido fim do conflito.
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Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) fecharam em alta, depois de caírem na sessão anterior com a procura por ativos seguros após dados econômicos mais fracos dos EUA.
Varejo e dados fiscais no Brasil
As vendas do comércio varejista no Brasil caíram 0,1% em janeiro ante dezembro, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado contrariou a mediana das estimativas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 0,2%. O intervalo de previsões ia de queda de 0,5% a alta de 2,5%.
Na comparação com janeiro de 2024, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 3,1% em janeiro de 2025. Nesse confronto, as projeções iam de uma queda de 0,2% a avanço de 7,0%, com mediana positiva de 3,5%. Em 12 meses, o varejo acumulou alta de 4,7%.
Além disso, o setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) teve superávit primário de R$ 104,096 bilhões em janeiro. O resultado ficou acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava superávit de R$ 101,80 bilhões.
Expectativas para o mercado hoje
O governo federal pode deixar de arrecadar R$ 650 milhões se a zeragem da alíquota do imposto de importação de alimentos ficar em vigor por um ano, informou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin. A medida passa a valer nesta sexta-feira e repercute no Ibovespa hoje. Segundo Alckmin, as medidas valerão pelo tempo necessário para estimular a redução dos preços.
*Com informações de Vinícius Novais, Maria Regina Silva, Daniela Amorim, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast