Mercado monitora negociações tarifárias entre Lula e Trump. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje fechou em alta, em recuperação após as perdas recentes. Nesta segunda-feira (4), o índice subiu 0,4%, aos 132.971,20 pontos. As atenções do mercado estiveram em negociações tarifárias entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e dos Estados Unidos, Donald Trump, além de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de junho e o boletim Focus.
A recuperação do principal índice da B3 hoje, depois de uma queda moderada na sexta-feira (0,48%), se deve ao forte desempenho das bolsas de Nova York, que encerraram com ganhos acima de 1%.
Por outro lado, o mercado brasileiro de ações teve entre os pontos de atenção a queda firme dos preços do petróleo (cerca de 1,5%) e a crise das tarifas de importação impostas pelos EUA, que entram em vigor nesta quarta-feira (6).
Os próximos dias devem ser cruciais, com os investidores à espera de um telefonema entre os presidentes Lula e Trump que pode selar algum avanço nas negociações das tarifas de importação.
Além disso, a semana também segue com a agenda de balanços corporativos, que podem influenciar o desempenho da Bolsa. A temporada de balanços segue intensa com Itaú Unibanco (ITUB3, ITUB4), Embraer (EMBR3), Petrobras (PETR3; PETR4), BP, AMD, Glencore e Walt Disney.
Para Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, outro ponto de atenção fica por conta da política monetária americana, em meio à pressão de Trump pelo início do corte de juros. Na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve as taxas inalteradas, mas com dois votos pela redução. Indicadores econômicos americanos também movimentaram as projeções nesse sentido.
“Estamos a dois dias do grande tarifaço; tivemos a Super Quarta com taxa de juros nos EUA mantida e taxa de juros no Brasil mantida também; Produto Interno Bruto (PIB) americano acima do esperado; e tivemos payroll (relatório de emprego nos EUA) bem abaixo do esperado. Então, tudo muito misto para tentar se extrair inflação aí um pouco acima do projetado. Enfim, vários pontos para acompanhar e muita volatilidade no ar”, afirma.
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Ibovespa hoje: o que movimentou esta segunda-feira (4)
Dólar cai em relação ao real
O mercado de câmbio enfrentou volatilidade, enquanto o dólar recuou ante as principais moedas globais, refletindo o crescente desgaste institucional no Federal Reserve (Fed), após a renúncia da diretora Adriana Kugler e as pressões de Donald Trump por cortes de juros e pela saída de Jerome Powell da presidência do órgão. O índice DXY, que compara a moeda americana com seis pares fortes, fechou em queda de 0,36% aos 98,784 pontos.
No mercado doméstico de câmbio, o dólar hoje encerrou em baixa de 0,71% a R$ 5,5063– confira os desdobramentos da operação do dólar ao longo do dia nesta reportagem.
No Brasil, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de junho e a volta do Congresso, após o recesso de julho, ganham destaque na agenda econômica da semana.
Os Índices de Gerentes de Compras (PMIs, dados de atividade econômica) de serviços e composto americano, de países europeus, China e decisões de juros dos bancos centrais no Reino Unido e México também serão acompanhados.
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O Caged de junho foi divulgado nesta segunda-feira (4), mesma data em que foi liberado o boletim Focus.
O Banco Central (BC) vendeu todos os 35 mil contratos de swap cambial (US$ 1,750 bilhão) ofertados nesta segunda-feira, em um leilão realizado para rolar os vencimentos de 1º de setembro. A oferta foi dividida em dois vencimentos. A autarquia vendeu 17,5 mil contratos, ou US$ 875 milhões, para o vencimento de 1º de dezembro. Três propostas foram aceitas, e a taxa de corte foi de 5,4870.
Os outros 17,5 mil contratos (US$ 875 milhões) foram vendidos para o vencimento de 2 de janeiro. Cinco propostas foram aceitas. A taxa de corte ficou em 5,5350.
O presidente Lula sancionOU nesta tarde o projeto de lei 847/2025, que aprimora a destinação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Na quarta-feira (6), sai a balança comercial de julho e, na quinta, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de julho.
Os mercados de ações em Nova York encerraram em alta, recuperando parte das perdas de sexta-feira (1º), após dados fracos de emprego nos EUA, a demissão da chefe do órgão de estatísticas americano e a renúncia da diretora do Federal Reserve Adriana Kugler. Enquanto isso, as bolsas europeias fecharam em alta.
A saída abre espaço para nova indicação ao Fed por Trump, que intensifica a pressão por cortes de juros e pela saída do presidente Jerome Powell. O dirigente de Nova York, John Williams, evitou sinalizar cortes em setembro, dizendo que a decisão dependerá dos dados.
As tarifas “recíprocas” anunciadas por Trump entram em vigor na quarta (6), atingindo 69 países com alíquotas de até 41%. Segundo Jamieson Greer, as medidas seguem mesmo com negociações em andamento.
Caged: saldo líquido vem abaixo da mediana do mercado
A agenda econômica hoje conta com indicadores de emprego no Brasil. (Foto: Adobe Stock)
O mercado de trabalho brasileiro criou 166.621 novos empregos formais em junho, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Em maio, o saldo havia sido positivo em 153.184 vagas, já incorporando os ajustes na série.
O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para um saldo positivo de 175 mil novas vagas. Todas as estimativas do mercado eram positivas, de 144 mil a 218.284. No domingo (3), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o número de junho seria “bom”.
Boletim Focus: como ficam os juros em semana de ata do Copom
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (4), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic – veja todos os detalhes nesta matéria.
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A mediana das projeções para a inflação brasileira em 2025 mostrou um novo recuo de 5,09% a 5,07%, acima do teto da meta, de 4,50%. No âmbito dos juros brasileiros, o Boletim Focus mostrou a manutenção da Selic em 15% no final de 2025.
Nesta semana, será conhecida a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), com detalhes sobre a decisão da semana passada em manter a Selic no patamar de 15%.
Commodities hoje: petróleo recua, enquanto minério fecha em alta
O petróleofechou em baixa de mais de 1% nesta segunda-feira, estendendo fortes perdas das duas sessões anteriores, após a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de ampliar sua produção de setembro em mais 547 mil barris por dia (bpd). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro recuou 1,54% (US$ 1,04), a US$ 66,29 o barril. Já o Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve baixa de 1,30% (US$ 0,91), a US$ 68,76 o barril.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, na China, para setembro de 2025, fechou em alta de 0,76%, cotado a 790,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 109,61.
Lula tenta negociar antes da taxação de Trump
O presidente Donald Trump surpreendeu o mercado ao postergar as tarifas de 50% aos produtos brasileiros. (Foto: Adobe Stock)
Investidores aguardam possível conversa entre Lula e Trump sobre as tarifas de 50% ao Brasil, que entram em vigor nesta quarta-feira (6). O presidente americano disse que Lula pode ligar “quando quiser”.
Enquanto isso, Lula afirmou estar aberto ao diálogo, e o governo avalia medidas de contingência para setores afetados, não incluídos na lista de isenções de cerca de 700 itens, como a compra interna de produtos que perderão mercado nos EUA.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
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*Com informações de Paula Dias, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast