Os juros futuros avançaram em bloco nesta terça-feira, com altas de quase 20 pontos-base nos trechos intermediário e longo da curva. O firme aumento dos rendimentos dos Treasuries deu o tom para o mercado doméstico de renda fixa. Investidores passaram o dia calibrando apostas na trajetória da política monetária americana.
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Lá e aqui, as taxas subiram desde a manhã, mas ganharam novo impulso à tarde, com declarações do diretor do Federal Reserve (Fed) Christopher Waller. Em um evento nos Estados Unidos, ele disse ver espaço para apenas três cortes de juros de 0,25 ponto porcentual este ano – bem menos do que o precificado na curva de juros.
Depois dos comentários, a taxa da T-Note de dez anos foi a uma máxima de 4,079%, o maior patamar intradiário desde 13 de dezembro. Aqui, o juro do mais negociado contrato de depósito interfinanceiro (DI) do dia, para janeiro de 2026, subiu até 9,815%, 0,19 ponto porcentual acima do ajuste anterior, de 9,628%.
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O movimento amainou ao longo da tarde, mas, no fim do dia, a taxa do DI para janeiro de 2026 ainda era de 9,810%, 0,18 ponto maior que no ajuste. O DI para janeiro de 2025 passou de 10,054% no ajuste para 10,135%, e o para janeiro de 2027, de 9,761% para 9,965%. A taxa do contrato para janeiro de 2029 passou de 10,163% para 10,360%.
Para o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal, a alta das taxas, hoje, é explicada principalmente pelos ajustes nas apostas de cortes de juros nos Estados Unidos. Esse movimento vem após um rali que derrubou os juros, lá e aqui, em dezembro, depois de sinais mais dovish do Fed, lembra.
“De fato, talvez o mercado tenha sido otimista demais com o que o Fed iria fazer, inclusive porque a previsão dos próprios dirigentes é de três cortes ao longo deste ano, e o mercado está precificando seis”, afirma o analista. “O mercado quer apostar em seis cortes, mas vira e mexe tem uma reversão parcial desse sentimento, e hoje é um bom exemplo disso.”
Aqui, a incerteza fiscal continua em segundo plano, segundo o estrategista, apesar de poucos impactos diretos. “Sempre volta a discussão sobre a questão fiscal, apesar dos poucos acontecimentos, mas todo mundo fica mais reticente em tomar risco enquanto não tem mais clareza”, explica.
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O estrategista da RB Investimentos Gustavo Cruz também atribui o movimento dos juros domésticos hoje à alta dos Treasuries, que influencia a precificação de cortes da taxa Selic. “Por mais que alguns falem que não, uma demora maior em cortar os juros americanos também faria com que o BC daqui fosse mais devagar”, afirma.