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- A inflação deu o maior salto em 28 anos para um mês de março, sob o impacto da alta dos combustíveis e com disseminação generalizada por vários grupos de produtos e serviços
- De acordo com a LCA, a inflação pelo IPCA nunca esteve tão espalhada, com a parcela de produtos e serviços que tiveram aumento de preços em março voltando a bater recorde a 76,1%.
- Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, a leitura preliminar dos dados do IPCA reforça a perspectiva de uma alta dos juros também em junho.
As taxas de juros futuros na B3 disparavam nesta sexta-feira, sobretudo no chamado miolo da curva, após o IPCA bem mais salgado que o esperado colocar em dúvida um cenário de fim do ciclo de altas da Selic entendido pelo mercado financeiro a partir das últimas comunicações do Banco Central.
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Os vencimentos médios sentem mais a pressão uma vez que seriam os maiores beneficiários de uma parada da alta da Selic. Com o ciclo de alta chegando ao fim, a expectativa seria de queda em algum momento a partir de 2023, movimento que reduziria os prêmios no próximo ano e em 2024.
A inflação deu o maior salto em 28 anos para um mês de março, sob o impacto da alta dos combustíveis e com disseminação generalizada por vários grupos de produtos e serviços, e atingiu 11,30% em 12 meses, acima do esperado pelo mercado e mais de três vezes a meta do governo para o ano. A taxa mensal de março foi de 1,62% –acima das expectativas de analistas, que previam alta de 1,30% no mês e de 10,98% em 12 meses.
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Por alguns cálculos, a surpresa com o IPCA –a diferença entre a taxa real e a taxa esperada– foi das maiores em décadas. De acordo com a LCA, a inflação pelo IPCA nunca esteve tão espalhada, com a parcela de produtos e serviços que tiveram aumento de preços em março voltando a bater recorde a 76,1%.
Na curva de DI, o mercado passou a colocar 18% de chance de aumento de 125 pontos-base na Selic em maio. Até a véspera, havia inclusive apostas num aumento de apenas 75 pontos-base. O cenário central, contudo, segue de elevação de 100 pontos-base no próximo mês.
A dúvida mesmo é se o BC consegue finalizar o ciclo já em maio. A taxa de janeiro de 2024 –um indicativo dos rumos da Selic entre hoje e o fim de 2023– chegou a superar 12,4% ao ano, cerca de 60 pontos-base acima das mínimas recentes. O movimento sugere expectativa de que os juros tenham de permanecer mais altos por mais tempo.
“Existe boa correlação entre ‘pace’ (ritmo de variação) da Selic e surpresa do IPCA nos últimos 12 meses. Olhando a relação, se o BC fosse fazer algo era acelerar o ‘pace’. Não precisa levar ao pé da letra, mas parar de subir em maio que ficou bem difícil”, disse Alessandro del Drago, gestor na ASA Investments.
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Um analista de um banco estrangeiro ponderou que a taxa de câmbio mais apreciada e a nova bandeira tarifária (que mudou de vermelha para verde) devem ajudar a amenizar o número geral do índice cheio. A questão, segundo ele, é a dimensão do repasse aos preços, e, nesse caso, o mais prudente seria o BC não encomendar movimentos específicos nos juros para as reuniões posteriores e, em vez disso, observar.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, a leitura preliminar dos dados do IPCA reforça a perspectiva de uma alta dos juros também em junho.
“Ou seja, teremos uma alta de 100 pontos-base em maio, fazendo a Selic subir para 12,75%, e mais outra de pelo menos 50 pontos-base em junho, o que fará a taxa chegar em 13,25%”, afirmou.
Veja as taxas de alguns dos principais contratos de DI às 11h38 desta sexta-feira:
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Taxa (% a.a.) / Ajuste / Variação
JUL/22: 12,408% / 12,362% / 0,046%
OUT/22: 12,79% / 12,655% / 0,135%
JAN/23: 12,9% / 12,75% / 0,15%
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JAN/24: 12,425% / 12,155% / 0,27%
JAN/25: 11,755% / 11,53% / 0,225%
JAN/26: 11,51% / 11,34% / 0,17%
JAN/27: 11,445% / 11,3% / 0,145%
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