Os juros futuros terminaram a sessão desta terça-feira (29) em alta. O mercado não teve fôlego para sustentar o alívio nos prêmios apresentado pela manhã. As taxas passaram a subir no começo da tarde, com o ambiente externo inicialmente comandando a virada a partir da piora nos bônus globais e fortalecimento do dólar ante o real.
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Internamente, a impaciência em relação ao pacote de corte de gastos vai tomando conta dos investidores, na ausência de sinais concretos da agenda de revisão de gastos, passado o segundo turno das eleições municipais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diz que as conversas com o presidente Lula sobre o assunto estão avançando, mas não há data para divulgação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 12,74%, de 12,70% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subia de 12,83% para 12,91%. O DI para janeiro de 2029 projetava taxa de 12,94% (de 12,85% ontem).
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Desde ontem o mercado vem tentando emplacar uma correção em baixa, mas sem força para avançar de forma consistente, dada a expectativa pelas medidas fiscais e incertezas no exterior. A curva chegou a testar um fechamento, mas esbarrou na piora dos Treasuries ( títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) e do câmbio – a taxa da T-Note de dez anos chegou a romper os 4,30% e o dólar atingiu R$ 5,76. Posteriormente, os juros dos títulos do Tesouro dos EUA inverteram a alta, mas o dólar manteve-se pressionado ante o real, para fechar nos R$ 5,7616, pico desde março de 2021.
“Era para ser um dia tranquilo, mas tanto o externo quanto o ambiente doméstico deixaram o investidor ressabiado”, afirma a economista-chefe da CM Capital Markets, Carla Argenta, citando três vetores internacionais e um local.
Lá fora, cita os leilões do Tesouro americano, a cautela sobre o orçamento no Reino Unido que será apresentado amanhã e que ajudou a puxar para cima os juros dos gilts britânicos, além da fala do vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, de que todas as opções em aberto para próximas reuniões de política monetária estão em aberto.
Por aqui, finalizadas as eleições municipais, aumenta a ansiedade do mercado com relação à agenda de revisão de gastos. Haddad até se posicionou nesta tarde, mas sem trazer novidades. Disse que as conversas com o presidente Lula, que dará a palavra final sobre o que será ajustado, sobre o assunto estão avançando, mas não há data para divulgar as medidas.
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“Estamos fazendo as contas”, afirmou o ministro, que disse não saber de onde saiu o número que circula no mercado de que o ajuste seria entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões, “porque o número sai depois da decisão tomada”. Ele reiterou que não há veto do presidente às medidas.
“O mercado quer apostar em medidas mais estruturais, por exemplo de cortes no BPC (Benefício de Prestação Continuada), mas a verdade é que não se sabe de onde virão. Há percepção que de que os cortes são necessários, mas a falta de elementos concretos traz uma certa angústia”, explica Argenta.
A mesma apreensão sobre o fiscal é presente também no mercado de câmbio e a cotação do dólar a R$ 5,76 uma semana antes do Copom é fator de preocupação, na medida em que a variável é chave nos modelos de inflação.