Os juros futuros fecharam o dia em alta, com exceção das taxas curtas que terminaram com viés de baixa. A piora na percepção sobre o cenário fiscal, que se instalou ainda pela manhã, conduziu as taxas de médio e longo prazos até o fechamento da sessão, fazendo com que a curva local se descolasse do ambiente de otimismo moderado no exterior. Repercutiram negativamente as notícias sobre a falta de acordo entre a equipe econômica e o Legislativo na questão da reoneração da folha de pagamentos e o anúncio da nova política industrial do governo, que prevê R$ 300 bilhões até 2026 para estimular o setor.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,070%, de 10,114% no ajuste da sexta-feira, e a do DI para janeiro 2026, em 9,78%, de 9,76% na sexta-feira. O DI para janeiro de 2027 terminou ou com taxa de 9,96% (9,89% no ajuste anterior) e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,32% para 10,39%.
O recuo nos yields dos Treasuries e a bem-sucedida captação externa do Tesouro – no valor de US$ 4,5 bilhões – em tese dariam espaço para um fechamento das taxas, mas o mercado se voltou para o noticiário fiscal negativo nesta segunda-feira. Após oscilarem perto da estabilidade em boa parte da manhã, os juros passaram a subir ao final do período após o governo anunciar os R$ 300 bilhões para a reindustrialização do País. A maior parte dos recursos, R$ 250 bilhões, virá do BNDES.
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O presidente do banco, Aloizio Mercadante, argumentou que não há como “reerguer a indústria brasileira sem uma nova relação entre o Estado e o mercado” e que a transição para economia verde depende da participação do Estado.
O gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, explicou que, teoricamente, o BNDES tem várias opções de instrumentos para viabilizar a política industrial sem necessariamente sobrecarregar o Tesouro, “mas num ambiente pesado como o de hoje este tipo de notícia ajuda a pressionar a formação de preços”.
A intervenção estatal na economia para alavancar o crescimento sempre foi malvista pelo mercado, dado que historicamente afeta a dívida pública, o que, por sua vez, acaba resultando em juros mais altos. A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, escreveu na rede social X (antigo Twitter) que o problema do custo do crédito para a indústria é o mesmo para todos os setores. “Não há subsídio que resolva, o governo precisa focar em reduzir o custo da dívida pública, que é a referência para o crédito, principalmente de longo prazo. Dar mais subsídios de crédito para um setor significa juros mais altos para os demais”, disse.
Em outra frente, segue o impasse em relação à folha de pagamentos. Conforme apurou o Broadcast Político, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou a reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na semana passada sem apoio na proposta que põe fim à política de desoneração e ainda com um “abacaxi” no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos p(Perse), criado para ajudar o setor de eventos em razão da pandemia da covid-19 e que foi prorrogado no ano passado. Lira deixou claro não concordar com o fim do benefício ao setor de eventos e não garantiu apoio à proposta de reoneração.
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“A manutenção da desoneração torna bem mais difícil esticar a manutenção da meta fiscal. Pode ser que exija uma mudança antes”, alertou o economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor do Banco Central, Mário Mesquita, em entrevista à enviada especial a Davos, Aline Bronzati. Na avaliação do economista, uma nova meta com déficit acima de 1% acenderia uma luz amarela nos mercados.