Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos tiveram nova rodada de alta nesta quarta-feira, com a taxa do papel de vencimento de 30 anos cravando seu nível mais alto desde 2011. Os temores com inflação persistente e uma política monetária restritiva por mais tempo do que o esperado foram reforçados pelo receio das disputas em torno do orçamento para manter o funcionamento do governo. O avanço de mais de 2% dos contratos futuros do petróleo também adicionou preocupações sobre as pressões inflacionárias.
No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos avançava a 5,133%, o da T-note de 10 anos subia a 4,613% e o da T-bond de 30 anos tinha alta de 4,723%. Este último, na máxima intraday, atingiu 4,748%.
“Não há dúvida de que o receio de uma paralisação do governo federal afeta os rendimentos dos títulos do Tesouro, fazendo com que os rendimentos subam de forma constante, apesar de alguns progressos na inflação que serão mais esclarecidos no relatório de despesas com consumo pessoal (PCE) de sexta-feira. Não se espera uma paralisação do governo, mas a crise orçamentária poderá ser prolongada diante de uma resolução contínua de 30 dias, disse Louis Navellier, fundador e diretor de investimentos da gestora Navellier & Associates, em comentário à Broadcast. O analista lembrou que essas disputas sobre orçamento foram uma das razões pelas quais o rating soberano dos EUA foi rebaixado pela Fitch de AAA para AA+ em agosto.
O Bank of America ainda vê a possibilidade de aterrissagem suave da economia americana como seu cenário básico, o que deve empurrar os rendimentos projetados nas T-Note de 10 anos de volta para um patamar ao redor de 4%, considerado um valor justo pela casa, segundo relatório assinado por Bruno Braizinha, diretor de estratégia de taxas de juros nos EUA Do BofA Merrill Lynch. Para o rendimento desse título de 10 anos se deslocar para 5%, seria preciso uma convicção em cenários de reaceleração da economia, diz o analista.
Pela manhã, os juros dos Treasuries aceleraram alta após declarações do presidente da distrital do Federal Reserve em Minneapolis, Neel Kashkari, que disse não descartar a possibilidade de um aperto ainda maior do que uma alta de 25 pontos-base no juros.
