Carlos Woelz, sócio-fundador e gestor de portfólio da Kapitalo Investimentos, percebe uma oportunidade na discussão em torno do ciclo de juros no Brasil, especialmente em meio à transição de comando do Banco Central (BC), com o término do mandato de Roberto Campos Neto em dezembro deste ano. Woelz argumenta que o mercado ainda não refletiu adequadamente esse evento.
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“No preço de mercado, não há nenhuma consideração sobre a continuidade do ciclo de juros no Brasil com a mudança no BC”, afirmou o gestor da Kapitalo durante um painel no evento Brazil Investment Forum, organizado pelo Bradesco BBI em São Paulo.
Woelz avalia que Campos Neto “deseja sair o mais rápido possível” após ter realizado um “trabalho excelente” e que agora é hora de ele se concentrar na transição. Ele aponta que a questão do ponto final do ciclo de juros é mais relevante para o próximo presidente do BC. “Essa discussão não está precificada, o que eu vejo como uma oportunidade”, destaca o gestor, acrescentando que é “altamente improvável” que a taxa Selic não atinja 9,75%. “Já testemunhei diversos tipos de política monetária no Brasil e nunca vi pararem em 10,25% ou 10,75%.”
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Entretanto, André Raduan, sócio e gestor de portfólio da Genoa Capital, considera que é momento de questionar a meta de inflação. Para ele, manter uma inflação entre 3,5% e 4% com os juros próximos de 9% não é sustentável. “Não vejo equilíbrio nisso”, afirma Raduan, revelando que possui posições que apostam na alta dos juros.
Por outro lado, Felipe Guerra, diretor de investimentos (CIO) da Legacy Capital, brinca dizendo que “o mundo é mais interessante do que os juros curtos no Brasil”. Ele expressa uma visão mais otimista em relação à inflação e acredita que um eventual corte adicional nas taxas de juros pelos bancos centrais globais permitirá ao BC brasileiro reduzir ainda mais a Selic. No entanto, Guerra pondera que não considera essa posição como tendo um perfil de risco-retorno tão atrativo.
Guerra também expressa preocupação com o real, observando que o diferencial de juros que poderia fortalecer a moeda está no mínimo histórico, o que torna arriscado manter ativos denominados em reais. O especialista também menciona a recente intervenção cambial do BC como motivo de preocupação, sugerindo que a situação da conta corrente do país pode não ser tão favorável como se pensa.