A Licks Contadores Associados apresentou, na noite desta sexta-feira (30), o relatório inicial da recuperação judicial da Light (LIGT3), em recuperação judicial. O documento aponta os créditos arrolados no total de R$ 7,506 bilhões e US$ 648,317 milhões, indicando que as áreas de severa restrição operacional (comunidades e áreas de risco) são responsáveis por perdas de 3.759 GWh, ou 41,3% do total.
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Segundo o relatório, os custos incorridos pela Light SESA, a distribuidora do grupo, foram maiores que os projetados pela Aneel por conta das perdas de energia e provisões para devedores duvidosos, entre outros. A perda de energia somou 9.101 GWh em 2022.
“Conforme dados fornecidos pela Aneel, a Light SESA foi a concessionária que mais perdeu mercado de baixa tensão no Brasil. A companhia atribui a redução ao contexto macroeconômico, em especial, a partir de 2014, quando passaram a ser registradas reduções de ano a ano.”
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“O fluxo de caixa na Light SESA é negativo desde 2019. Nos anos de 2021 e 2022, os números ficaram mais acentuados”, informa o documento. “Ao final de 2021, apurou-se um resultado negativo do caixa de R$ 701 milhões e, ao final de 2022, negativo em R$ 2,695 bilhões”, conta o relatório.
A devolução de PIS/COFINS agravou o resultado em R$ 1,081 bilhão. Projeta-se que ao final do exercício de 2023, a companhia Light SESA devolverá cerca de R$ 885 milhões de PIS/Cofins. As despesas financeiras, ao final do exercício de 2023, devem somar R$ 812 milhões.
O relatório destacou que o Grupo Light melhorou seus índices de eficiência ao longo dos últimos cinco anos, mas as perdas sofridas na prestação de serviços contribuíram para a crise vivida pela elétrica.
Conforme o texto, a perda total de energia somou 9.101 GWh em 2022, entre perdas técnicas e perdas não técnicas. A perda técnica representa 25,7% da total. A parcela embute a perda na transmissão (400 GWh) e a perda na distribuição (1.939 GWh).
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As perdas não técnicas (que incluem os chamados “gatos”) representam 74,3% do total, ou 6.762 GWh. Elas ocorrem nas áreas de tratamento convencional e nas áreas de severa restrição operacional, que são as comunidades e áreas de risco. As áreas de tratamento convencional contabilizam 3.003 GWh (44,41%) de perdas não técnicas. Já as áreas de severa restrição operacional representam a perda de 3.759 GWh (55,59%), diz o documento, datado de 29 de junho, com 64 páginas e que foi arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta sexta, 30.
A recuperação judicial, pedida no dia 12 e deferida no dia 15 de maio, levantou polêmica ao trazer uma arquitetura capaz de estender a proteção contra os credores à Light Serviços de Eletricidade (SESA) e à Light Energia, distribuidora e geradora que são subsidiárias da Light S.A.