Fachada de uma unidade do banco Itaú; lucro dos grandes bancos brasileiros recua no 1º semestre de 2025 (Foto: Adobe Stock)
No primeiro semestre de 2025, os grandes bancos brasileiros apresentaram resultados que expõem um setor em transição: depois de um 2024 marcado por recordes históricos, o movimento de freada se consolidou no 2º trimestre. Segundo o consultor de dados financeiros do mercado Einar Rivero, o lucro consolidado dos 5 maiores bancos listados na B3 (ItaúUnibanco, Bradesco, BTG Pactual, Santander e Banco do Brasil) somou R$ 27,98 bilhões, uma queda de 5,6% em relação ao mesmo período do ano passado e de 8,1% frente ao trimestre anterior.
O desempenho marca uma inflexão relevante: desde o pico de R$ 31,1 bilhões no 4º trimestre de 2024, o setor acumula duas quedas consecutivas, movimento que já havia ocorrido em ciclos anteriores, mas que agora chama atenção por partir de um patamar recorde e pela intensidade da retração do Banco do Brasil.
Campeão: que banco lucrou mais?
Riveiro analisou os resultados dos balanços do quinteto e concluiu que:
Itaú Unibanco (ITUB4) consolidou sua posição como líder absoluto do sistema financeiro. O banco registrou R$ 11,28 bilhões de lucro no 2T25, o maior já alcançado por uma instituição financeira listada na B3.
Com isso, responde sozinho por mais de 40% do lucro consolidado do setor no trimestre, reforçando a distância em relação aos concorrentes.
Em segundo lugar, o consultor explicou que o Bradesco (BBDC4), após anos de resultados pressionados, mostrou uma recuperação mais robusta. Lucrou R$ 6,07 bilhões, alta de 28,6% em relação ao mesmo período de 2024. Foi seu melhor desempenho em segundos trimestres desde 2021, sinalizando retomada de competitividade.
Depois, o BTG Pactual (BPAC11) foi o destaque em termos de crescimento percentual. O banco de investimentos disparou 42%, alcançando R$ 4,01 bilhões no trimestre e consolidando-se como o terceiro maior lucro individual do setor, ultrapassando o Banco do Brasil.
Os dois lados da moeda: enquanto uns lucram, outros caem 60%
O levantamento da Elos Ayta mostra que o retrato do semestre é um mosaico de contrastes. De um lado, os bancos privados (Itaú, Bradesco, BTG e Santander) seguem entregando crescimento consistente, com lucros robustos e até recordes históricos.
De outro, o Banco do Brasil (BBAS3) vive uma reversão brusca, que não apenas o tirou do pódio, como também puxou para baixo o resultado consolidado do setor.
O lucro líquido ajustado da instituição despencou para R$ 3,8 bilhões, uma queda de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior – veja o balanço completo aqui.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu para 8,4%, o menor desde 2000. Segundo analistas, o principal fator de pressão foi o aumento expressivo das provisões para devedores duvidosos (PDD), que cresceram cerca de 80% na comparação anual, em grande parte devido à deterioração da carteira de crédito do agronegócio.
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Atrasos superiores a 90 dias chegaram a 3,5% no 2T25, segundo dados do Banco Central (BC), enquanto os atrasos entre 15 e 90 dias ficaram em 2,9%. Além disso, a Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que antecipou perdas futuras, também pressionou os números.
Para completar, as despesas administrativas aumentaram, sendo 70% relacionadas a gastos com pessoal.