Protagonista da ofensiva sobre o Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o presidente da autarquia, Roberto
Campos Neto, deve explicações ao Congresso Nacional. No Palácio do Planalto, Lula pediu “responsabilidade com o País” a Campos Neto na condução da política monetária e disse esperar que os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), que integram o Conselho Monetário Nacional com Campos Neto, estejam acompanhando as discussões.
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Ligado ao governo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) apresentou um requerimento de convocação de Campos Neto na Câmara para explicar a política monetária, tendência antecipada pela reportagem.
Lula afirmou que “não deveria ser normal” o presidente da República discutir com o chefe do BC. Em seguida, recuou. “Eu não discuto com o presidente do Banco Central. Eu fiz duas críticas à imprensa. Ele deve explicações não a mim. Ele deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou. É verdade que temos duas pessoas no Conselho Monetário Nacional e tem mais gente para a gente indicar no Banco Central. Eu espero que o Haddad esteja vendo, esteja acompanhando e esteja ansioso do que tem de fazer”, declarou o presidente em café da manhã com jornalistas da “mídia independente”.
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Ao longo da conversa, Lula voltou a dizer que o Brasil “não tem inflação de demanda”, o que não justificaria a manutenção da taxa básica de juros em 13,75%. “Eu acho que as pessoas que acreditavam que a independência do Banco Central ia mudar alguma coisa no Brasil, que ia ser melhor, que juros ia ser mais baixo, as pessoas que tomaram essa posição que têm que ficar olhando se valeu a pena ou não”, seguiu o presidente.
Lula, mais uma vez, chamou Campos Neto de “esse cidadão”. “Eu acho que esse cidadão indicado pelo Senado tem a possibilidade de maturar, de pensar, de saber como vai cuidar desse País. Porque ele tem muita responsabilidade. Ele tem mais responsabilidade que o Meirelles tinha no meu tempo. Porque naquele tempo que o Meirelles era do Banco Central, era fácil de jogar a culpa no presidente da República. Agora não. Agora a culpa é do Banco Central”, afirmou o petista. “Porque o presidente não pode trocar o Banco Central. É o Senado que pode mexer ou não”.
Pela lei da autonomia do BC, o presidente da autarquia tem mandato de quatro anos. O Conselho Monetário Nacional (CMN), contudo, pode submeter ao Presidente da República a proposta de exoneração, que teria de ser aprovada por maioria absoluta do Senado.
Lula tem desferido críticas a Campos Neto por discordâncias sobre a política monetária, mas também pelo fato de o presidente do BC ser identificado como um bolsonarista.
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