O que este conteúdo fez por você?
- Recentemente, o governo Lula tem se posicionado contrário à independência do Banco Central e criticado a política de juros da entidade
- A independência do Banco Central garante que o órgão não seja utilizado para fins políticos. Em um cenário de gastos públicos elevados, o BC precisa ter liberdade para aumentar a taxa de juros e conter a inflação
- O governo brasileiro opera em déficit, por isso precisa captar investimentos do mercado financeiro e precisa ofertar taxas de juros atrativas para seus investidores
O clima esquentou entre membros do atual governo e os dirigentes do Banco Central. De falas de políticos que não são economistas, alegando que a taxa de juros está mais alta do que precisava, até acusações de traição por parte do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo os críticos, Campos Neto quer levar o país a uma recessão.
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A discussão começou na semana passada após o Banco Central sinalizar que manteria a taxa de juros em 13,75%, mesmo com a queda recente da inflação. Isso gerou questionamentos por parte do governo em relação à autonomia e independência do Banco Central. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a questionar quais foram os ganhos obtidos por conta da independência do BC.
Para não pular nada e ser claro desde o começo, vamos à definição e importância da autonomia do Banco Central, que começou a ganhar força no governo Temer e foi aprovada no governo Bolsonaro.
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O Banco Central é responsável pela emissão de moedas, fixação da taxa de juros e atuação no câmbio e em modalidades como controle de garantias (depósitos compulsórios e mais). Ou seja, tudo que pode ser ligado à liquidez no mercado quando falamos de dinheiro.
E quando falamos de liquidez, estamos falando também de inflação. Quanto mais dinheiro no mercado, mais liquidez (dinheiro em circulação), logo, desvalorização da moeda.
A independência do BC, discutida por mais de 30 anos, veio para trazer menos interferência politica nas decisões econômicas, além de intercalar os mandatos do presidente da instituição com o do presidente do País. Campos Neto, por exemplo, fica no posto até o fim do ano que vem, no meio do governo Lula.
Menor interferência e mais independência traz maior credibilidade para o Banco Central e para o Brasil, que passaria a controlar a inflação, juros e câmbio sem impacto das decisões políticas de um governo, exatamente como ocorre no Japão e nos Estados Unidos.
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A crítica atual é exatamente por conta disso. O governo que aumentar os gastos e ao mesmo tempo “demanda” uma baixa nos juros para que isso possa impulsionar a economia.
O ponto aqui é que mais gasto gera inflação por si só, o que demandaria maior elevação de juros, não queda.
Ficou claro que o governo não pode decidir a taxa de juros para que não haja um descompasso entre gastos e controle de preços, certo?
Mas será que mesmo o BC independente é quem controla os juros? Vale lembrar que nosso governo atua em déficit, ou seja, gasta mais do que arrecada e por isso é necessário sempre pegar dinheiro emprestado. E quem empresta? Ele, o mercado financeiro.
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São os agentes econômicos que emprestam dinheiro ao governo participando dos leiloes que o governo faz de venda de títulos públicos.
Se o governo estiver gastando mais e por decisão politica há uma baixa de juros, você acha que o mercado vai emprestar dinheiro ganhando menos juros em um cenário econômico pior? É obvio que não.
E o sinal foi dado semana passada, em que em um dos leiloes de título houve menos de 15% de demanda pelo mercado na taxa de juros atual, mostrando que para emprestar precisa ganhar mais.
Ou seja: de nada adiantaria o governo obrigar o BC abaixar os juros, ou a instituição agir sem apoio técnico, pois no fim haverá um grande problema, que será o financiamento desse próprio governo.
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Resumindo, economia é matemática + expectativa + mercado. Não há política nessa fórmula.
Estou acompanhando de perto os leilões de títulos e informações do relatório Focus para colocar no meu instagram @vmiziara, onde podemos debater sobre o assunto.
Um grande abraço.
Aviso: A opinião dos colunistas do E-Investidor não reflete, necessariamente, a do site.
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