A queda do PMI (Índice de Gerentes de Compras) industrial da China para uma mínima recorde de seis meses em agosto, somada aos problemas enfrentados no mercado imobiliário, a queda da demanda por aço e ao rebaixamento do Produto Interno Bruto (PIB) do país levaram os preços do minério de ferro em Dalian (China), considerado um dos contratos mais líquidos da commodity, a caírem nesta quarta-feira (4) ao menor valor desde 31 de outubro de 2022. A cotação também é a mais baixa de 2024.
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O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange, para janeiro de 2025, fechou com queda de 3,09% nesta quarta-feira, a US$ 96,82. A menor cotação até então tinha sido em 31 de outubro de 2022, quando registrou queda de 1,39%, a US$ 93,04 por tonelada.
Analistas ouvidos pelo Broadcast são unânimes em apontar que, além das notícias no radar, a queda de hoje ainda é influenciada por fundamentos fracos do minério de ferro, que seguem pressionando os preços, além de um mercado imobiliário em um momento particularmente desafiador, cenário que pressiona os formuladores de políticas a prosseguirem com os planos de direcionar mais estímulos para as famílias.
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“Os recentes dados do PMI de manufatura da China foram inferiores ao esperado, o que levou a uma queda no mercado de commodities“, dizem analistas da Nanhua Futures, destacando que a oferta de minério de ferro ainda é alta.
A queda do PMI em agosto marca o sexto mês consecutivo de declínio e o quarto mês seguido em que o índice ficou abaixo de 50. Um PMI abaixo de 50 indica contração na atividade industrial, cenário preocupante considerando que a China é uma das maiores economias do mundo e um importante motor de crescimento global.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o minério já está com uma perspectiva negativa há semanas, apesar da recuperação vista no final de agosto, que ocorreu na contramão das notícias e do fundamento. “Nos últimos dias teve uma enxurrada de notícias de que o setor imobiliário está fraco, que a siderurgia está com margens comprimidas e que o setor terá limitações de expansão pelo governo chinês”, lembra.
Gilberto Cardoso, CEO da Tarraco Commodities, acrescenta que, mesmo com os estímulos que o governo chinês tem dado, os traders mostraram pouco interesse em vender, enquanto as siderúrgicas optaram por compras pequenas e frequentes, limitando assim as transações no mercado. Pesa ainda, segundo Cardoso, o fato de que várias casas de investimento estão rebaixando a projeção para o PIB chinês deste ano e reduzindo as expectativas que antes eram positivas.
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Ele ressalta, contudo, que, com mais altos-fornos sendo retomados e a expectativa de aumento na produção de ferro-gusa na próxima semana, os preços do minério de ferro podem ganhar um suporte e voltarem ao patamar dos US$ 100.
Com colaboração de Luana Reis e com informações da Dow Jones Newswires