Bank of America prevê uma onda de distribuições extraordinárias após a nova tributação sobre dividendos. (Imagem: Adobe Stock)
A reforma do Imposto de Renda aprovada no Congresso na semana passada deve levar a uma onda de distribuição de dividendos extraordinários pelas empresas de capital aberto, na avaliação de estrategistas do Bank of America (BofA). Nos cálculos do banco, os proventos adicionais podem somar R$ 142 bilhões até o fim do ano, uma elevação de 33% em relação aos R$ 107 bilhões anunciados pelo mesmo grupo de empresas em 2024.
A reforma do IR introduz uma alíquota de 10% sobre dividendos pagos a pessoas físicas (acima de R$ 50 mil/mês) e estrangeiros (tanto pessoas físicas quanto jurídicas). A isenção permanece para fundos soberanos, órgãos públicos e pessoas jurídicas. Dividendos anunciados até 31 de dezembro deste ano, mesmo que pagos entre 2026 e 2028, podem se beneficiar de isenção. O Senado discute prorrogar o prazo para anúncios desses proventos para 30 de abril de 2026.
Na avaliação do BofA, companhias com grandes reservas de lucros e alavancagem controlada têm maior probabilidade de anunciar dividendos maiores ou extraordinários, principalmente quando alinhados com suas estratégias e histórico de pagamentos.
“Empresas com alta participação estrangeira ou acionistas controladores (especialmente estrangeiros ou pessoas físicas do Brasil) têm um incentivo extra para agir rapidamente”, escreveram os analistas.
Em volume, a empresa que tem mais margem financeira para distribuir dividendos é a Ambev (ABEV3), com R$ 32,1 bilhões. Quando se usa a métrica de dividend yield (dividindo os valores pagos por ação pela cotação do papel), os maiores retornos potenciais são Even (EVEN3) (67%), Eztec (EZTC3) (46%), Cyrela (CYRE3) (33%) e Intelbras (INTB3) (24%).
A análise do BofA compara ainda o caso brasileiro com o do México, que alterou a tributação de dividendos em 2014, também com alíquota de 10%. As empresas do país foram obrigadas a separar os lucros retidos em duas categorias: os lucros anteriores a 2014 permaneceram isentos, enquanto as distribuições de lucros posteriores a 2014 passaram a ser tributados.
Assim, segundo o banco americano, as empresas aceleraram os pagamentos no fim de 2013 para evitar o novo imposto, inclusive usando dívida de curto prazo para financiar a distribuição de dividendos, o que pressionou temporariamente a liquidez e a alavancagem.
“O padrão foi claro: uma onda inicial de aprovações, seguida por uma queda temporária na distribuição de dividendos e, eventualmente, normalização após a assimilação do novo regime”, disse o BofA.
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