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Nova CEO impõe uma única condição para Petrobras (PETR4) pagar dividendos; veja qual

Magda Chambriard falou pela 1ª vez como presidente da estatal. Na pauta, investimentos, política de preços, meio ambiente e remuneração ao acionista

Nova CEO impõe uma única condição para Petrobras (PETR4) pagar dividendos; veja qual
Magda Chambriard é a presidente da Petrobras (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A nova CEO da  Petrobras (PETR3PETR4), Magda Chambriard, disse em entrevista coletiva na noite desta segunda-feira (27) que a companhia pode pagar dividendos aos seus acionistas desde que a lógica empresarial seja respeitada. Segundo ela, se a empresa der lucro e estiver financeiramente saudável, o pagamento de proventos está garantido.

A executiva se mostrou otimista com futuros lucros da Petrobras. “Assumi sexta-feira (24), ainda vou ter que olhar [dividendos] com mais carinho. Mas se tem uma coisa que tenho certeza é que essa empresa vai dar muito lucro”, disse, durante a entrevista.

Por causa disso, a presidente da estatal explicou que a empresa deve trabalhar para estimular o diálogo entre os acionistas minoritários e o controlador. A medida visa reduzir qualquer tensão, sendo essa a principal característica de sua gestão. “Temos que conversar muito e entender as demandas de cada um. E colocar a Petrobras para atender os interesses dos seus acionistas majoritários e minoritários, dentro da lógica empresarial”, afirmou Chambriard.

Para entregar os dividendos desejados pelo mercado, a presidente da companhia disse que o foco de sua administração será acelerar as atividades de exploração de petróleo para repor as reservas da estatal, estas dependentes do pré-sal, que, segundo a executiva, deve entrar em declínio a partir de 2030. “A sobrevivência da Petrobras tem um grande componente: a produção desses reservatórios com o máximo de aproveitamento. Para nós, é essencial repor reservas e continuar explorando petróleo no litoral brasileiro. A Margem Equatorial está nesse contexto”, pontuou.

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O tema diz respeito ao embate entre os que defendem e os ambientalistas que rechaçam a ideia de tirar petróleo da região da foz do Rio Amazonas até o litoral do Rio Grande do Norte. A executiva, então, foi questionada pela resistência do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em liberar a exploração nessas áreas. De acordo com Chambriard, a pasta de Marina Silva precisa ser esclarecida sobre a necessidade da Petrobras de repor reservas. “O ideal seria o Ministério do Meio Ambiente estar conosco, até para liderar a transição da exploração na região”, explicou a nova presidente.

Questões ambientais estão na pauta da Petrobras

Chambriard afirmou na entrevista que o cuidado da empresa vai muito além do que demanda a lei ambiental, o que ficará claro pela condução da empresa dentro do tema. Ela também detalhou que a Petrobras seguirá investindo na diversidade de fontes de energia capazes de garantir o futuro da companhia.

A executiva refutou a tese de que negócios de energia renováveis são deficitários e acrescentou que está mantido o interesse da estatal em fazer investimentos na área, conforme previsto no Plano Estratégico traçado até o ano de 2028. “A gente tem tradição nesse ramo (energia limpa), nossa matriz é renovável. Refuto que a energia renovável dê prejuízo, o mundo quer isso”, disse.

Segundo Chambriard, a questão do interesse em renováveis vem de uma lógica comercial em um mundo que mira a neutralidade em carbono (net zero). A sinalização, portanto, é de que a nova gestão da Petrobras deve dar continuidade à busca por ativos de geração de energia renovável, como vinha acontecendo sob Jean Paul Prates, o antigo presidente da empresa, que foi demitido no último dia 14 de maio.

Segundo apurou o Broadcast, o diretor Mauricio Tolmasquim deve seguir no cargo de diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, sendo o responsável por esses projetos. Conforme ele vinha dizendo antes da transição, a Petrobras comprará plantas de geração eólica onshore (em terra) e fotovoltaica em atividade e com bom potencial de expansão.

Política de preços da Petrobras

A executiva também comentou que a política de preços da estatal também está mantida. Chambriard relatou que a estatal vai respeitar a realidade das cotações do petróleo no mercado internacional, mas sem trazer volatilidade de preços para os consumidores e sem considerar custos ligados à importação — que não incidem sobre a operação da Petrobras. Ela relembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu “abrasileirar” os preços em campanha eleitoral. “E isso foi feito. É justo eu definir preços considerando custo de frete para um produto que eu não importo? Isso já foi tratado”, disse.

Ainda segundo ela, a mudança na política sob o governo Lula levou a uma redução de quase 25% no preço na gasolina em um ano e cinco meses. De acordo com a CEO, se a empresa aumentar o preço do combustível, ela tende a perder mercado. Por causa disso, na visão de Magda Chambriard, o ideal para a estatal é sempre buscar um preço de equilíbrio, nem tão caro para não perder mercado nem abaixo do preço ideal para a empresa não perder lucratividade. “A Petrobras tem que ser rentável, mas a empresa deve fazer isso buscando equilíbrio”, disse a nova presidente.

Operações fora do Brasil

Além de procurar novas reservas de petróleo na região da floresta amazônica, a presidente da estatal não descartou a internacionalização da exploração de petróleo, mas disse que a prioridade total fica com a geração de riqueza no litoral brasileiro. No ano passado, a Petrobras anunciou a volta das atividades na costa oeste da África, onde adquiriu participação em blocos da Shell em São Tomé e Príncipe e negocia para entrar no litoral da Namíbia, como revelou o Broadcast.

* Com informações do Broadcast