A Petrobras (PETR3; PETR4) fechou o segundo trimestre do ano com produção média de 2,69 milhões de barris diários (boed) de óleo equivalente (petróleo e gás natural), alta de 2,4% na comparação com o mesmo período de 2023. As informações constam no relatório de produção da companhia, divulgado na segunda-feira (29).
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Em relação ao primeiro trimestre de 2024, período de janeiro a março, houve queda de 2,8% no segundo trimestre. Este é o primeiro resultado operacional da nova gestão da estatal, de Magda Chambriard, que assumiu a posição em 24 de maio. Veja os detalhes nesta matéria.
Análises do relatório da Petrobras
Citi
O Citi avalia que apesar de Petrobras ter apresentado uma menor produção trimestral de petróleo e gás no segundo trimestre, os números reportados permaneceram sólidos.
Em relatório, os analistas Gabriel Barra e Andrés Cardona destacam que a área de exploração foi afetada por paradas de manutenção nas unidades pós/pré-sal e declínio natural dos campos maduros, parcialmente compensado pelo processo de (aceleração ou alavancagem) dos navios-plataforma (FPSOs) Sepetiba e novos poços nas Bacias de Campos e Santos.
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Apesar dos preços do petróleo mais altos durante o segundo trimestre do ano, o banco avalia que a companhia deve registrar um Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) ajustado trimestralmente menor no segundo trimestre devido à menor produção de petróleo e provavelmente custos de elevação mais altos, devido a mais paradas de manutenção e menor diluição dos custos fixos, enquanto o preço do combustível na refinaria permaneceu estável trimestralmente.
O Citi avalia que combinando com o acordo fiscal aprovado em junho de 24, a empresa deve anunciar dividendos trimestrais menores, apoiando uma recomendação neutra para os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas), com preço-alvo de US$ 15, o que representa um potencial de valorização de 15% sobre o fechamento de segunda-feira (29).
Safra
A produção total da petroleira no segundo trimestre superou as estimativas do Safra em 2,2%, embora tenha sido 2,8% inferior ao primeiro trimestre do ano.
Em relatório, os analistas Conrado Vegner e Vinícius Andrade explicam que a queda na produção ocorreu devido à menor produção no pré-sal (-2,3% ante o primeiro trimestre), refletindo paradas e manutenções programadas e não planejadas, que foram parcialmente compensadas pelo ramp-up do FPSO Sepetiba.
Da mesma forma, a produção do pós-sal caiu 10,8% na comparação com o trimestre imediatamente anterior para 306 mil boed, também devido a paralisações e intervenções não planejadas, bem como ao declínio natural da produção.
“Esses fatores foram parcialmente compensados pela entrada em operação de dois novos poços localizados na Bacia de Campos”, observam. Os profissionais, no entanto, esperam que os resultados financeiros do trimestre sejam bons.
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O banco projeta um Ebitda de R$ 67,7 bilhões para a estatal no segundo trimestre (+10% ante os primeiros três meses do ano) e um lucro líquido ajustado de R$ 18,4 bilhões, sem contabilizar o impacto negativo da transação de liquidação fiscal de R$ 11,9 bilhões e as provisões referentes ao plano de saúde dos colaboradores.
“Estimamos que a Petrobras poderia pagar até R$ 13,2 bilhões em dividendos, equivalente a um rendimento potencial de 2,6% no trimestre”, calculam.
O Safra tem recomendação neutra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 34,00 tanto para as ações preferenciais quanto para as ordinárias. O preço representa um potencial de queda de 7,8% para a PN e de 14,6% para a ON.
XP
Para a XP Investimentos, a produção menor da Petrobras no trimestre irá fazer com que os resultados financeiros do trimestre venham mais baixos, mas o retorno aos acionistas segue sendo positivo.
A XP diz em relatório que a queda na produção da Petrobras era esperada, com base nos dados preliminares do setor da ANP. Com base na maior produção, a casa estima um Ebitda entre US$ 10,7 bilhões e 12,7 bilhões, com um desvio padrão de 4,5% para mais ou para menos, e um resultado líquido de US$ 146 milhões.
Os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm veem um segundo trimestre sequencialmente mais fraco para a Petrobras, por conta de uma menor produção, impactada por paragens para manutenção e preços de derivados marginalmente mais baixos em dólar, pela depreciação do real. Esses efeitos compensaram o aumento marginal do petróleo Brent, eles destacam.
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A casa também estima um fluxo de caixa aos acionistas de US$ 3,7 bilhões, correspondendo a 4% de rendimento trimestral, prejudicado pelas saídas de caixa decorrentes do acordo fiscal, e dividendos de US$ 2,7 bilhões, o equivalente a 3,2% de rendimento trimestral.
Ativa
O relatório de produção da Petrobras no segundo trimestre veio em linha com o esperado, com os segmentos de Exploração e Produção, Gás e Energia mais fracos, e um refino mais forte, informa o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman. Segundo ele, no próximo dia 8, quando será divulgado o relatório financeiro da companhia, as atenções estarão novamente voltadas para os dividendos da estatal.
“Na divulgação dos resultados no próximo dia 8/8, os investidores devem ainda ficar atentos aos anúncios de proventos. Esperamos R$ 1,05/ação em dividendos regulares (2,8% de yield, isto é, rendimento). Apesar da expectativa pela manutenção de um dividendo forte, reforçamos nossa preferência atual por players de óleo e gás que disponham de menor risco político, valuation (valor do ativo) menos esticado e assim, melhor relação risco x retorno”, avaliou Arbetman.
De acordo com o analista, apesar de uma já esperada redução na produção da companhia – na comparação com o trimestre imediatamente anterior -, no refino as vendas aumentaram por maior demanda por diesel e gasolina. Já no segmento Gás e Energia, o desempenho no segundo trimestre foi de queda de vendas, o que deve acarretar também menores resultados financeiros em relação ao primeiro trimestre do ano, observou Arbetman.
“Mais fracos no trimestre contra trimestre anterior, em Exploração e Produção (E&P) e em Gás e Energia (G&E), e mais fortes em Refino Transporte e Comercialização (RTC). Acreditamos que os dados de vendas e produção, em síntese, vieram em linha com o esperado. Esperamos uma reação neutra do mercado ao relatório de hoje”, previu o analista.
De acordo com Arbetman, no segmento Exploração e Produção, os números foram impactados pelo maior número de paradas para manutenção, pelo declínio natural de campos mais maduros e compensados parcialmente pelo ramp-up (crescimento gradual da produção) do FPSO Sepetiba e pela entrada de novos poços nas bacias de Campos e Santos. A produção no pré-sal segue proporcionalmente alta, destacou.
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“Para os resultados (financeiros), em E&P, a menor produção deve ser compensada parcialmente pelo aumento do preço do Brent na comparação trimestral. No refino, o aumento das vendas e a queda das importações devem ajudar, mas os menores preços de derivados no País manterão as margens próximas às do primeiro trimestre deste ano. Já em G&E, observamos resultados mais fracos na comparação trimestral, em função de menor demanda energética e vendas de gás”, concluiu Arbetman sobre a Petrobras (PETR3; PETR4).
*Com informações do Broadcast