As reservas brasileiras de petróleo na região da margem equatorial podem ser maiores que o pré-sal, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), nos bastidores do evento Esfera Brasil neste sábado (8), realizado no Guaruja-SP. A fala aconteceu após questionamentos do E-Investidor sobre o potencial de geração de receita e lucro que a região pode representar para a Petrobras (PETR3; PETR4).
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Em resposta ao questionamento, Silveira comentou que é muito difícil estimar receitas ou lucros para a Petrobras, visto que a potencial exploração de petróleo na margem equatorial, que vai da Foz do Rio Amazonas até o litoral do Rio Grande do Norte, está em fase de estudos. “Ainda sendo difícil estimar lucro e receita, com certeza se for considerar a região da Guiana, (as reservas da margem equatorial) são equivalentes ao pré-sal ou mais que o pré-sal”, comentou Silveira.
No primeiro trimestre de 2024, o pré-sal foi responsável por 67% da produção de petróleo da Petrobras. Segundo o relatório de produção do primeiro trimestre deste ano, a companhia produziu 2.776 milhões de barris de óleo equivalente (Mboed) no período, enquanto o pré-sal foi responsável por 1.857 Mboed nos três primeiros meses.
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No entanto, a exploração da margem equatorial tem sido um grande embate entre a Ministra do Meio Ambiente, Mariana Silva (Rede-SP), e o Ministro de Minas e Energia. Em maio do ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indeferiu o processo de licenciamento ambiental para uma potencial exploração no litoral do Amapá.
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Desde então, Silveira e Silva não chegaram a um acordo sobre a retirada de petróleo na região. Na coletiva, o ministro disse que as negociações devem ser conduzidas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme o integrante da atual gestão federal, Lula tem esse papel conciliador e o ideal é que o brasileiro tenha o direito de conhecer as potencialidades de seu País. Questionado sobre sua fala de que a Guiana está “chupando o petróleo brasileiro de canudinho”, Silveira disse que a expressão foi apenas uma metáfora, visto que a retirada de petróleo no país sul-americano fica na mesma região geológica que o Brasil.
O ministro também reforçou que não teve nenhum desentendimento com Jean Paul Prates, ex-CEO da Petrobras, e que as supostas desavenças entre os dois foram boatos inflados e desencontrados, o que nunca foi uma realidade.
Petrobras desenvolvimentista e a nova diretoria da empresa
Silveira disse que sempre houve uma agenda, na qual a Petrobras é uma empresa de capital misto e tem a União como acionista controlador. O ministro reiterou que, por causa disso, não há intervenção na empresa. Nesse cenário, o integrante da gestão Lula salientou que a empresa também deve servir aos interesses nacionais.
“A companhia deve fazer seus investimentos para se manter robusta. Justamente por isso esses investimentos devem ser rentáveis para os acionistas. Ainda assim, a companhia precisa atender outras necessidades do Brasil, por isso, nós queremos retomar as fábricas de fertilizantes no País. Devemos deixar de dependentes de importação desses produtos, visto que consumimos 9% dos fertilizantes do mundo”, explicou Silveira.
Além de falar sobre uma Petrobras mais desenvolvimentista, Silveira também comentou sobre a questão da aprovação da nova diretoria da empresa. O político disse não saber se Magda Chambriard possui alguma carta-branca para montar sua diretoria. Ele, no entanto, elogiou a executiva e disse esperar uma ótima gestão de Chambriard. “A Chambriard conhece a agenda, ela é uma profissional reconhecida e eu tenho absoluta convicção de que ela vai entregar o que esperamos, pelo fato de ela saber e conhecer as condições técnicas”, argumentou Silveira.