

O petróleo continua em queda no mercado internacional, puxado pelo temor de uma recessão causada pelo “tarifaço” do presidente norte-americano, Donald Trump, e consequentes retaliações, assim como pelas perspectivas do aumento de produção da commodity pelos países membros da Opep+ em maio. O Goldman Sachs elevou a chance de recessão nos Estados Unidos para 45%, aumentando ainda mais a volatilidade do preço da commodity.
No Brasil, a cada dia o valor dos combustíveis nas refinarias brasileiras fica mais caro em relação ao preço internacional, o que pode levar a Petrobras (PETR4) a reajustar principalmente o preço da gasolina, que está há 272 dias sem alteração. Uma eventual queda, porém, esbarra na alta do dólar, que se aproxima novamente dos R$ 6, refletindo a aversão ao risco por temor à recessão mundial.
Em julho do ano passado, a gasolina teve aumento de R$ 0,20 por litro nas refinarias da estatal. Na sexta-feira (4), o preço no Brasil estava em média 5% acima do Golfo do México, de acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
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No dia 1º de abril, a Petrobras reduziu o diesel em R$ 0,17 o litro, mas não mexeu na gasolina. Apesar dessa redução, o preço do diesel continua 5% mais caro no mercado internacional do que no Brasil. A queda de preços está arrastando para baixo também as ações da estatal, que já acumulam recuo de 9,85% no mês, no caso das ações preferenciais, e de 11,6% nas ordinárias. Com isso, o valor de mercado da estatal cai, na segunda-feira (7), para R$ 450 bilhões, até aqui, o menor market cap desde dezembro de 2023.
Nos polos de importação de Itacoatiara, no Amazonas, e Aratu, na Bahia, a gasolina estava com o preço 7% acima dos preços externos no fechamento de sexta-feira, 4. Na média, o preço da gasolina está 5% mais caro do que no Golfo do México, usado como parâmetro para importação, o que poderia puxar uma redução de R$ 0,13 por litro no combustível.
Cbie
Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), os contratos futuros do petróleo e seus derivados registraram uma segunda sessão consecutiva de perdas substanciais na última sexta-feira (4), levando os preços internos para uma diferença também de 5% em relação ao mercado internacional, no cálculo da consultoria. Na segunda-feira (7), a depressão continuou, com a commodity do tipo Brent registrando queda de 1,71%, por volta das 15h, cotada a US$ 64,28 o barril.
“Em um novo capítulo do que vem se configurando como uma guerra comercial global, a China anunciou tarifas de 34% sobre quaisquer importações norte-americanas no país, alimentando a incerteza sobre o crescimento da atividade econômica no curto prazo”, avaliou o Cbie em relatório nesta segunda-feira, ressaltando que o preço do barril foi ainda pressionado por um desempenho robusto do dólar e pela perspectiva de retorno da oferta da Opep+.
A consultoria também destacou o impacto negativo da deterioração do S&P 500, que atingiu o patamar mais baixo dos últimos 11 meses e contribuiu para redução do apetite de investidores para ativos de maior risco. Nesta segunda-feira, porém, o índice avançava 1,7%, após a Europa sinalizar a abertura de negociações com os EUA sobre tarifas recíprocas, antes de aplicar retaliações, o mesmo caminho tomado pelo Brasil.
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Em entrevista ao Broadcast em meados de março, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que poderia baixar os preços caso os combustíveis no Brasil fiquem muito mais caros do que os patamares praticados no mercado internacional. “Se o preço (no Brasil) ficar muito acima do mercado (externo) e enxergarmos que a tendência é essa, vamos mexer certamente. Da mesma forma, se ficar abaixo vamos mexer também”, disse Magda.