Após um forte crescimento do interesse de brasileiros pela diversificação de suas carteiras com aplicação no exterior, movimento que vem desde meados do ano passado, as estatísticas do setor externo divulgadas na última quinta-feira (25) pelo Banco Central (BC) mostram dados ainda crescentes, mas em menor velocidade, além de uma migração de fundos de investimentos para aplicação na renda fixa.
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No mercado de fundos, junho foi marcado pelo saldo líquido negativo de US$ 1,355 bilhão, ante um resultado positivo de US$ 370 milhões no mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a junho deste ano, o saldo está negativo em US$ 626 milhões.
A abertura dos dados do mês passado mostra que os brasileiros seguem adquirindo fundos no exterior, porém, em um ritmo 47,5% inferior ao mesmo mês de 2023. O volume em aquisições em junho deste ano foi de US$ 1,736 bilhão, ante US$ 3,306 bilhões em junho do ano passado. Já as vendas cresceram 5,3%, totalizando US$ 3,091 bilhões. No acumulado do ano, as aquisições estão quase estáveis de 2023 para 2024, com uma queda de 0,36%, enquanto as vendas subiram 3,12%.
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“Nos últimos 2 meses, os dados sugerem alguma rotação de investimentos com os investidores sacando dinheiros de fundos para aplicar em títulos de renda fixa, o que é bastante natural, uma vez que os ativos internacionais tiveram um desempenho forte no 1º semestre e que as taxas de juros, principalmente nos EUA, atingiram patamares bastante elevados. Esse movimento pode ter sido impactado também pela tributação de IR (imposto de renda) sob os fundos offshore”, explica Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
No mercado de título de dívidas, os brasileiros seguem demonstrando um interesse na renda fixa externa, com um aumento de 3,61% no total movimentado em junho, enquanto no acumulado do ano a evolução chega a 143,29%. As aquisições de títulos de renda fixa seguiram am alta, para US$ 790 milhões em junho (+5,73%), enquanto no ano somou US$ 10,449 bilhões. As vendas cresceram 144,66%, porém em volume mais baixos, passando de US$ 11 milhões em junho do ano passado, para US$ 28 milhões no mesmo mês deste ano. No acumulado do ano, as vendas cresceram 67,16%, a US$ 105 milhões.
“Olhando de uma perspectiva mais longa, para o ano de 2024, os dados continuam sugerindo uma internacionalização dos investimentos dos brasileiros, ainda muito focada em renda fixa. Acredito que as importações de cripto reforçam essa visão, principalmente pelos comentários de Campos Neto (Roberto, presidente do BC) de que grande parte dessas compras é de stablecoins, que no fim do dia, são uma forma de conta corrente em dólar para o investidor nacional”, acrescenta Borsoi.