O real abrandou sua superdesvalorização, está próximo do patamar justo sugerido por elementos macro e deve superar pares regionais no curto prazo, mas ainda pode sofrer efeitos negativos de um aumento de prêmio de risco idiossincrático decorrente da combinação entre as eleições de outubro e o fim do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central, segundo relatório do Bank of America divulgado nesta quarta-feira.
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De acordo com Claudio Irigoyen e Christian Gonzalez Rojas, que assinam o documento, o forte rali do real no início de ano foi impulsionado pelo choque positivo nos termos de troca e pelo fluxo às ações brasileiras no contexto da guerra na Ucrânia. A recuperação ajudou a moeda brasileira a apagar quase toda a desvalorização ante os fundamentos, que chegou a 33% de janeiro a março de 2021.
Segundo dados da Refinitiv, entre o começo de janeiro e o início de abril a taxa de câmbio apreciou em termos nominais 24% ante o dólar. Entre 4 de abril e a mínima recente de 9 de maio (5,1554 por dólar), no entanto, o real perdeu 10,6%. Mais recentemente, voltou a recuperar terreno, reduzindo a desvalorização desde o pico do ano para 4,1%. Em 2022, o real salta 16%, melhor desempenho global.
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“É verdade que o real sofreu uma forte correção ditada por um ambiente de pouca demanda por risco nas últimas semanas, mas a tendência positiva da divisa foi retomada. A economia brasileira enfrenta uma perspectiva marginalmente melhor, uma vez que dados positivos de atividade vêm gerando expectativas um pouco melhores de crescimento”, afirmaram Irigoyen e Rojas no relatório.
O banco norte-americano apontou que, nesse ambiente, o real deve superar os pesos colombiano e chileno e o sol peruano no curto prazo.
Contudo, a instituição financeira destacou que a eleição e o término do ciclo de restrição monetária pelo Bacen “podem contribuir para adicionar algum prêmio de risco idiossincrático extra à moeda”.