Em relatório do Itaú BBA sobre a Rede D’Or (RDOR3), o banco avalia que o aspecto mais crucial do caso de investimento da empresa é o crescimento orgânico. A conclusão da casa é de que as tendências de crescimento da capacidade da empresa não seguem estritamente os guidances, levando a uma avaliação mais conservadora das projeções para as futuras expansões.
A recomendação de market perform (equivalente a neutra) foi mantida, com um preço-alvo revisado para o final de 2024 de R$ 37 para R$ 34 por ação, representando 17,7% de potencial de valorização.
Na avaliação do potencial de investimento da Rede D’Or, o relatório reconhece os avanços que a empresa fez para aprimorar a lucratividade em sua divisão de serviços hospitalares. No entanto, a preocupação principal gira em torno do ambicioso crescimento de capacidade delineado nos guidances da empresa. A Rede D’Or planeja adicionar novos hospitais e expandir a capacidade existente, o que representaria um aumento substancial de 59% na capacidade operacional por meio de projetos programados para conclusão até 2027.
Apesar dos projetos concluídos em 2021 e 2022 (que esperavam adicionar 308 e 405 leitos operacionais em 2022 e 2023, respectivamente), houve uma significativa divergência das projeções devido a fatores externos e internos. A empresa entregou uma expansão orgânica real de 33 e 131 leitos operacionais no período, influenciada pelo fechamento de capacidade devido ao fim da pandemia, a decisão de encerrar a relação com algumas cooperativas médicas em 2023 e a substituição de infraestruturas mais antigas.
Olhando para o futuro, os analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Generali Marquezini e Felipe Amancio mantêm uma postura cautelosa devido aos riscos no crescimento da capacidade operacional a curto e médio prazo: desafios financeiros enfrentados por uma parcela significativa dos clientes da Rede D’Or, a possibilidade de retaliações de pagadores à medida que a empresa entra no setor de planos de saúde, esforços do Bradesco Saúde para ter um controle mais rigoroso sobre as reivindicações hospitalares e uma alta proporção entre a capacidade de leitos privados e a base de beneficiários em algumas regiões.
Embora haja otimismo em relação ao ressurgimento da lucratividade na divisão de seguros da empresa, impulsionado pelo aumento contínuo de preços e sinergias, o BBA indica que uma postura mais positiva com a Rede D’Or dependerá de uma maior clareza sobre o crescimento de capacidade assumido no modelo. “Em 2024, por exemplo, se a companhia entregar mais 500 a 600 leitos operacionais, poderia ser um fator significativo na mudança da nossa postura”, dizem os analistas.