O Santander cortou em 5% sua projeção de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da SLC Agrícola (SLCE3) para 2026, passando a estimar R$ 2,360 bilhões no ano, já descontados os pagamentos de arrendamento. O banco atribui o ajuste ao aumento previsto de 9% nos custos agrícolas, pressionados principalmente pelos fertilizantes.
Apesar disso, elevou o preço-alvodas ações da companhia de R$ 21 para R$ 23, com horizonte até o fim de 2026, e manteve recomendação de compra como neutra.
Veja o que diz o relatório
Segundo o relatório, o fluxo de caixa livre para os acionistas deve ser negativo em R$ 1,370 bilhão em 2025 e em R$ 41 milhões em 2026, revertendo o resultado positivo de R$ 701 milhões registrado em 2024. A empresa já contratou 57% dos fertilizantes necessários para a safra 2025/26, mas os preços de nitrogenados, fosfatados e potássio subiram cerca de 10% em dólares desde maio.
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A dívida líquida da companhia deve crescer para R$ 5,331 bilhões em 2025 e R$ 6,060 bilhões em 2026, o equivalente a duas vezes o Ebitda estimado. De acordo com os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata, o forte ciclo de investimentos realizado no primeiro semestre deste ano limita a geração de caixa até o próximo ano.
O relatório também incorpora a valorização de 7% no portfólio de terras da empresa, divulgada neste mês. Segundo os cálculos do Santander, a SLC negocia com desconto de 32% sobre o valor estimado das terras, de R$ 9,1 bilhões, acima do “desconto justo” de 23%. O valor de mercado atual é de R$ 7,9 bilhões.
Projeções de receita e lucro para 2025
Para 2025, o banco projeta receita líquida de R$ 7,676 bilhões, alta de 11% sobre o ano anterior. O Ebitda ajustado deve somar R$ 2,741 bilhões, avanço de 34,6%, e o lucro líquido estimado é de R$ 884 milhões, com crescimento de 73,6%. Em 2026, a receita prevista é de R$ 8,698 bilhões, com Ebitda ajustado de R$ 3,076 bilhões antes do leasing e de R$ 2,360 bilhões após arrendamentos, e lucro líquido de R$ 911 milhões.
O banco também destaca como positivo o ritmo mais lento de comercialização antecipada da soja para a safra 2025/26. O volume já travado está sete pontos porcentuais abaixo do observado no mesmo período do ano passado, o que indica expectativa da empresa por preços mais altos. No caso do algodão, os contratos futuros já cobrem 25% da produção estimada, alinhados à média histórica para esta época do ano.
O novo preço-alvo das ações é resultado da média entre o valor justo das terras e o fluxo de caixa descontado, com premissas de custo de capital de 18,2% ao ano e taxa de crescimento de longo prazo de 5%. Os papéis da SLC Agrícola encerraram esta terça (28) cotados a R$ 18,14, com alta de 1,51%.