A Spectra Investments lançou seu primeiro fundo evergreen, modelo de private equity sem prazo de duração, com R$ 1 bilhão em capital inicial. Estrutura visa eficiência fiscal e retorno consistente aos investidores. (Imagem: Adobe Stock)
A Spectra Investments estreou no modelo evergreen para fundos de private equity – algo pouco difundido no Brasil, embora venha ganhando espaço globalmente em estratégias de private equity, crédito e infraestrutura. O evergreen tem as características de um fundo de private equity, mas não tem um prazo para aportes ou uma data de término definida.
A estreia, anunciada hoje (24), começa com cerca de R$ 1 bilhão em capital de cotistas já investidos em diversos fundos da gestora, que migrarão gradualmente para a nova estrutura à medida que forem feitas as distribuições dos fundos existentes, segundo a Spectra.
“Só faria sentido propor o evergreen – como desenvolvido – aos cotistas quando atingíssemos maturidade suficiente de tal forma que as distribuições anuais fossem iguais ou maiores que os novos investimentos. Chegamos lá”, afirma Renato Abissamra, sócio da Spectra.
Segundo Abissamra, a novidade da Spectra vem em um momento no qual os fundos da gestora estão em um ciclo de distribuições mais consistente, com retorno de R$ 500 milhões aos cotistas dos fundos I a VI em 2025 e com a expectativa de que este seja seu maior volume anual de distribuições.
O fundo evergreen adota um formato de capital permanente já utilizado em mercados internacionais, sendo um veículo sem prazo de duração definido e com reinvestimento automático do capital proveniente de desinvestimentos – o que permite capturar o efeito de juros compostos no longo prazo. A estrutura elimina a necessidade de chamadas e devoluções frequentes de capital, reduzindo a complexidade operacional e, no caso de investidores pessoas físicas, oferecendo maior eficiência fiscal, segundo a Spectra.
A gestora também explica que a diferença no modelo prevê que a taxa de gestão incida apenas sobre o capital efetivamente investido, e não sobre o capital comprometido – como ocorre nos fundos tradicionais –, o que tende a reduzir o custo total para o investidor. “O grande desafio foi estruturar um modelo isento de conflitos, operacionalmente viável e alinhado com a realidade do mercado”, disse Rafael Bassani, sócio da Spectra, em nota.
Bassani conta que, em parte dos fundos evergreen internacionais, a liquidez prometida aos investidores é limitada, pois depende de reservas de caixa que podem afetar os retornos. “Optamos por um modelo em que a saída ocorre conforme os ativos são desinvestidos, sem expectativas irreais de liquidez”, afirma.