O Itaú BBA revelou que vê alguns riscos para a Taesa (TAEE11) caso a companhia entre em novos leilões. Segundo o banco, a participação da companhia para adquirir novas concessões pode pressionar ainda mais ao seu endividamento, medido pela alavancagem, de acordo com relatório divulgado na última terça-feira (20).
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“Também vemos eventuais dificuldades para obtenção de licenças, o que pode atrasar a conclusão dos novos projetos e reforços”, dizem os analistas. A companhia encerrou o segundo trimestre de 2024 com uma alavancagem, medida pela dívida líquida sobre Ebitda, em 4 vezes. O número está 0,3 vez maior que os 3,7 vezes do mesmo período do ano passado.
Embora o endividamento da elétrica seja um fator de preocupação, os analistas comentam que a empresa deve conseguir pagar suas dívidas e melhor a situação tranquilamente. A tese é explicada pelo fato de a Taesa possuir receitas bastante previsíveis, baseadas em disponibilidade (que não dependem da demanda ou preços de energia).
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“Isto, aliado aos contratos de concessão bastante longos, permite que a companhia obtenha financiamentos de longo prazo, que serão pagos com o fluxo de caixa dos novos projetos que entrarão em operação”, aponta a equipe do Itaú BBA.
Como foi o balanço do segundo trimestre da Taesa?
Os analistas lembram que os resultados financeiros da companhia foram em linha com o esperado. A elétrica reportou um lucro líquido regulatório de R$ 294 milhões no segundo trimestre de 2024, alta de 22,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a companhia, o lucro aconteceu devido a uma melhora nos custos operacionais, resultado financeiro, além do imposto de renda e contribuição social.
Os analistas lembram que a companhia reportou um Ebitda regulatório ajustado de R$ 486,6 milhões, uma queda de 5,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o BBA, os números foram impactados pela deflação de 4,5% medida pelo Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M), que é o indicador utilizado pela elétrica para reajustar os seus contratos.
“Estes efeitos foram parcialmente compensados pela entrada em operação da LT de Sant’Anna, pelo reajuste tarifário para o ciclo de 2023 e 2024 das concessões indexadas ao IPCA, que teve alta de 3,9% entre 2022 e 2023. Outro ponto que impulsionou a empresa foi a redução de custos e despesas operacionais, que recuaram 3,7% na comparação entre o segundo trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2023″, dizem os analistas.
Investidor deve comprar ou vender as ações de Taesa?
No relatório do dia 20 de agosto, o Itaú BBA não revela sua recomendação e preço-alvo para as ações da Taesa. No entanto, no relatório divulgado no último dia 13 de agosto de 2024, os especialistas revelam que possuem classificação de market perform para os ativos da companhia, desempenho dentro da média do mercado.
A classificação é equivalente à recomendação neutra. A indicação dos especialistas acontece após a empresa mudar sua política de pagamento de dividendos. Em 2023, a empresa depositou de 83% do lucro líquido da norma padrão internacional (IFRS).
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Em 2024, a companhia mudou sua forma de pagamento de dividendos e agora a empresa vai pagar seus dividendos com base no lucro líquido regulatório e não o lucro líquido da norma padrão internacional, que tende a ser maior que o regulatório. Na medida antiga, o Itaú BBA diz que a empresa pagava cerca de 104% do seu lucro líquido regulatório em 2023.
“Nós estimamos agora um pagamento de 75% do lucro líquido regulatório em dividendos e com isso vemos a empresa pagando cerca de 6,3% do seu valor de mercado em proventos ao longo de 2024”, argumentam Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha, que assinam o relatório do Itaú BBA do dia 12 de agosto.
Com proventos menores e alto endividamento, o Itaú BBA mantém a sua recomendação equivalente à neutra para Taesa (TAEE11) com preço-alvo de R$ 36,70, uma potencial alta de 3,08% na comparação com o fechamento de terça-feira (20), quando a ação encerrou o pregão a R$ 35,60.