A conta de luz é uma das principais preocupações nas finanças de algumas famílias. Principalmente com o aumento de profissionais trabalhando em home office e com a diversidade de eletrodomésticos disponíveis no mercado. Segundo Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), “com custos cada vez mais altos, economizar energia se torna essencial não apenas para reduzir despesas, mas também para garantir uma maior margem no orçamento”.
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Thalita Moschini, coordenadora do curso de Engenharia Elétrica da Faculdade Anhanguera, cita ar-condicionado, geladeiras, lâmpadas incandescentes, equipamentos eletrônicos e máquinas de lavar roupas como as vilãs do orçamento: “Um ar-condicionado pode representar até 40% do consumo de energia em uma residência”, diz ela.
Quais as principais dicas para reduzir o consumo de energia elétrica?
Reinaldo afirma que “desconectar aparelhos eletrônicos da tomada quando não estiverem em uso é uma forma eficaz de reduzir o consumo, já que muitos dispositivos continuam consumindo energia mesmo em modo stand-by, representando até 11% da conta”.
Domingos ainda lista situações que, quando ajustadas, aliviam o orçamento: descongelar o refrigerador (quando mal cuidado, pode consumir até 30% a mais de energia); evitar secar roupas atrás da geladeira (pode aumentar o consumo de energia, já que a umidade faz com que o aparelho trabalhe mais para manter a temperatura interna); e aproveitar a luz natural sempre que possível.
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“Ao comprar eletrodomésticos, escolha os com menor consumo de energia. Opte por lâmpadas de Light Emitting Diodes (LED) em vez das incandescentes e, quando possível, invista em imóveis com um melhor aproveitamento da luz natural e instalações de painéis solares”, acrescentou Gustavo Dias, cofundador da Duoo Finanças Pessoais. Desconectar os aparelhos que não estão em uso da tomada, como micro-ondas, carregadores e computadores auxilia na redução da conta de luz: “Reduzir o consumo não só ajuda a aliviar o impacto no bolso, mas também contribui para um uso mais consciente dos recursos naturais”, explicou Thaísa Durso, educadora financeira da Rico.
Thaísa cita outras maneiras que podem aliviar a conta de energia elétrica:
Dica | Descrição |
---|---|
Acompanhamento do consumo mensal | Monitore o consumo para identificar picos e agir rapidamente. É uma forma de detectar quais eletrodomésticos consomem mais energia e ajustar seu uso. |
Eletrodomésticos eficientes | Prefira aparelhos com o selo de Programa Nacional de Conservação da Energia Elétrica (PROCEL) de eficiência energética, que consomem menos energia e geram economia a longo prazo. Verifique a classificação dos eletrodomésticos e, sempre que possível, opte pelos modelos que consomem menos energia. |
Geladeira | Evite abrir a geladeira com frequência e guarde os alimentos de forma adequada para não sobrecarregar o aparelho. Mantenha a borracha de vedação em bom estado e ajuste a temperatura de acordo com as estações do ano. |
Chuveiro elétrico | Tome banhos rápidos, especialmente em dias quentes, utilizando a função “verão”, que consome 30% menos energia. Cada minuto a menos no banho pode representar uma economia significativa no final do mês. |
Ar-condicionado | Use um modelo adequado ao ambiente e mantenha os filtros limpos para otimizar o funcionamento. Feche portas e janelas para manter o ambiente refrigerado por mais tempo, evitando que o ar-condicionado trabalhe além do necessário. |
Máquina de lavar | Utilize a capacidade total da máquina para evitar o uso repetido. Evite usar a máquina em horários de pico de energia e, sempre que possível, utilize a função de economia de água, que também ajuda a poupar energia. |
Ferro de passar | Passe uma quantidade maior de roupas de uma vez, ajustando a temperatura conforme o tipo de tecido. Evite ligar o ferro em horários de pico e, se possível, acumule as roupas para passar de uma só vez. |
Iluminação | Aproveite a luz natural e substitua lâmpadas incandescentes por fluorescentes, que economizam até 80% de energia. Considere instalar sensores de presença em ambientes como corredores e garagens para evitar luzes acesas desnecessariamente. |
Televisão | Desligue quando não estiver assistindo e use o timer para evitar consumo desnecessário. Reduzir o tempo de uso de eletrônicos ajuda a diminuir a conta de luz e pode ser uma oportunidade para atividades em família longe das telas. |
Aparelhos em modo stand-by | Desconecte da tomada equipamentos que não estão em uso, como micro-ondas, carregadores e computadores. O consumo em stand-by pode representar até 12% da conta de energia em uma residência. |
Não se esqueça de monitorar sua conta de energia regularmente. “Registre o consumo mensal e faça comparações para identificar padrões. Instalar um medidor de consumo em aparelhos específicos pode ajudar a entender melhor onde estão os maiores gastos”, afirmou Reinaldo Domingos.
Economia de energia pode ajudar a reforçar sua reserva de emergência
“Ao reduzir o custo com o consumo de energia, esse valor pode ser direcionado para a construção da reserva de emergência, principalmente ao escolher investimentos flexíveis que permitam aplicar valores pequenos”, explicou o engenheiro civil e cofundador da Duoo, Gustavo Dias. “Até existe um ou outro aplicativo para acompanhar o consumo, mas é mais prático visualizar no próprio demonstrativo da companhia de energia (impresso ou online), que mostram o histórico de consumo”, adicionou.
Além de identificar os vilões da conta, a coordenadora Thalita Moschini ressalta a importância de adotar boas práticas. “Educação e conscientização são essenciais. Todos na casa devem estar envolvidos na economia de energia”, afirma. Uma auditoria energética é outra dica valiosa que ajuda a identificar áreas onde é possível economizar.
Thalita recomenda o uso da tecnologia Inverter. “Essa é uma grande aliada na redução da conta de luz, proporcionando até 80% mais eficiência energética. Isso ocorre porque seu funcionamento contínuo evita oscilações que geram picos de energia. Além da eficiência, essa tecnologia pode oferecer uma economia de até 40% em comparação com aparelhos convencionais novos. Em relação a equipamentos antigos, a economia pode variar entre 60% e 70%. Embora o custo inicial seja mais alto, o retorno do investimento é rápido devido à eficiência energética oferecida”, elucida.
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“Reduzir a conta de luz não apenas alivia o orçamento familiar imediato, mas também permite que as economias sejam redirecionadas para outros investimentos, como educação ou lazer. Em tempos de alta inflação, cada centavo economizado pode ser essencial para garantir o equilíbrio financeiro da família”, pontua Reinaldo. “O impacto financeiro pode ser significativo. Muitas famílias enfrentam contas de luz que representam cerca de 10% do rendimento líquido mensal. A conscientização sobre o impacto real da conta de luz pode motivar mudanças de hábitos e uma gestão mais eficaz das finanças”, disse o PhD em educação financeira.
Como a família pode se envolver na economia de energia?
A economia de energia deve ser um esforço coletivo. “Considerando que a maioria das famílias têm os gastos com valores muito próximo dos ganhos, qualquer gasto ‘descontrolado’ pode significar ficar ou não no vermelho no final do mês. E o gasto com o consumo de energia é algo diretamente ligado aos hábitos da família que podem estar errando sem perceber”, esclareceu Gustavo da Duoo.
Isso significa que não basta apenas um familiar, de cinco, por exemplo, buscar reduzir o consumo de eletricidade. A ação precisa vir da educação financeira de todos os membros da família. Dias ainda afirma que o aumento das tarifas afeta diretamente o orçamento doméstico: “É muito comum ver famílias com as contas no limite. O aumento vai exigir delas um planejamento mais rigoroso, ou seja, vão precisar avaliar não só a conta de luz, mas outros gastos para reduzir e manter as contas equilibradas”.
Segundo Reinaldo, é importante conversar com todos os parentes sobre “a importância de economizar e estabelecer metas”. Ele ainda diz que seria interessante que a família “defina dias da semana em que todos se comprometam a desligar aparelhos essenciais ou a reduzir o uso do ar-condicionado. Envolver as crianças nesse processo pode ensinar hábitos de consumo responsável desde cedo”.
Gustavo Dias ainda acrescenta que “o consumo consciente aliado às boas práticas podem trazer uma economia no mês a mês, e esse saldo cada vez mais positivo significa guardar para a reserva de emergência, passar por imprevistos com menos aperto e, principalmente, poder guardar para os objetivos da família”. Pessoas bons hábitos de consumo de energia tendem a aplicá-los em todas as áreas de consumo, “essa mentalidade é essencial para as famílias terem uma boa relação com o dinheiro”, encerrou.
O que é a tarifa de energia elétrica e como ela é cobrada?
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a tarifa de energia elétrica é a composição de valores calculados que representam cada parcela dos investimentos e operações técnicas realizadas pelos agentes de cadeia de produção e da estrutura necessária para que a energia possa ser utilizada pelo consumidor.
Assim, a tarifa representa a soma de todos os componentes do processo industrial de geração, transporte (transmissão e distribuição), a comercialização de energia elétrica e os encargos direcionados ao custeio da aplicação de políticas públicas.
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A tabela abaixo responde as principais dúvidas dos consumidores:
Questão | Resposta |
---|---|
Tarifa significa o mesmo que preço da energia? | Não. A conta de luz inclui a tarifa definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mais impostos como o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). |
Qual é o valor adequado para a tarifa de energia? | Deve garantir o fornecimento de energia, cobrir custos operacionais, remunerar investimentos e assegurar boa qualidade de atendimento. |
Quem é responsável pelos cálculos das tarifas? | A responsabilidade é da Aneel, conforme a Lei nº 9.427/1996. Informações atualizadas estão no site da Aneel |
O que é a Tarifa Social de Energia Elétrica – TSEE? | É um desconto na tarifa para consumidores residenciais, regulamentado pela Lei nº 12.212/2010 e Decreto nº 7.583/2011 |
Quem são os beneficiários da TSEE? | 1. Famílias com renda per capita ≤ ½ salário mínimo; 2. Beneficiários do BPC; 3. Famílias com renda de até 3 salários mínimos que tenham pessoas com doenças que exigem consumo elevado de energia; 4. Famílias indígenas e quilombolas com consumo até 50 kWh/mês, com desconto de 100%. |
Quem pode usufruir da Tarifa Social de Energia Elétrica?
Segundo o MME, a Tarifa Social de Energia Elétrica é uma iniciativa que permite aos consumidores de baixa renda paguem menos pela eletricidade fornecida pelas distribuidoras. Os benefícios podem chegar a 100% de desconto.
As famílias enquadradas na subclasse baixa renda com consumo de até 30 kWh mês pagam 65% a menos na conta de luz. A segunda faixa de desconto é de 40% e aplica-se a quem consome de 31 kWh até 100 kWh mês. A terceira e última faixa de desconto é de 101 kWh até 220 kWh mensais, com abatimento de 10% na conta.
Como receber?
Para ter acesso à Tarifa, as famílias precisam estar inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e ter renda familiar mensal de até meio salário mínimo por pessoa.
O desconto da conta de luz também se aplica a casas com renda mensal de até três salários mínimos que tenham uma pessoa com deficiência, cujo tratamento exija aparelhos que consumam energia elétrica. Idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiências que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) também têm direito.